As escolas são pólos privilegiados de difusão da cultura e instrumento imprescindível para se contrapor à “cultura do mercado”
por Alexandre Lucas
Publicado 17/02/2024 08:04 | Editado 17/02/2024 14:12
Foto: Sumaia
Vilela/Agência Brasil
As escolas públicas
podem desempenhar papel estratégico no processo de democratização da
diversidade e pluralidade estética, artística, literária e cultural, a partir
da compreensão de um projeto de nação, que compreenda a acessibilidade cultural
como parte da construção da cidadania e dos direitos humanos.
As escolas são
pólos privilegiados de difusão da cultura e instrumento imprescindível para se
contrapor a “cultura do mercado”. Se no modo de produção capitalista existe a
constituição de uma cultura a serviço da manutenção e concentração do poder
político e da economia nas mãos de poucos, basta perceber, a quem pertence as
indústrias de cultura massa, como é o caso das TVs, Rádios e as plataformas
digitais. Faz-se necessário, criar processos para se contrapor a essa lógica
mercadológica de forma orgânica e em escala. As escolas podem assumir esse
papel, já que faz parte da sua função social, mas não só por isso, mas como
visão de um projeto alinhado aos interesses de emancipação da classe
trabalhadora.
Educação e cultura
compõem a mesma moeda, mas são tratadas de forma distintas, no percurso das
políticas públicas, inclusive esse discurso saparatista de setorialidade é
recorrente e deve ser combatido pelo entendimento de que as políticas públicas
para os dois setores devem compor um política de estado intersetorial e
unificada, reconhecendo as suas dimensões e peculiaridades e colocando a
cultura na centralidade da construção de um projeto de nação comprometido com a
democracia, direitos humanos e o reposicionamento político da classe
trabalhadora.
O país vivencia a
reconstrução de uma política nacional de cultura, tendo como marco referencial
o primeiro Governo Lula ( 2003), tendo sido paralisada no Governo Temer e
Bolsonaro, retomada em 2023. Essa política inclui algumas conquistas e marcos
legais. Podemos destacar o Sistema Nacional de Cultura, como principal marco
legal que vem sendo consolidado e passa por discussões sobre seu financiamento,
que tem incidência política e econômica nos estados e municípios brasileiros.
Outra grande conquista foi Política Nacional do Cultura Viva, sendo referência
para política de cidadania e transversalidade cultural do país. Recentemente,
fruto de uma ampla mobilização de diversos segmentos da cultura, conquistamos a
Lei Aldir Blanc I, Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc, que
representou a descentralização de recursos e aquecimento da economia da cultura
em estados e municípios.
Esses fatores têm
proporcionado em escala nacional ( União estados e municípios), a utilização
dos mecanismos de política de editais para possibilitar a acessibilidade dos
recursos públicos para fomento da cultura. Possivelmente esse seja o elo que
pode possibilitar de forma mais imediata, experiencial e intersetorial a
ligação das políticas de cultura às escolas públicas. Se a contrapartida social
da Política de editais estiver vinculada aos espaços escolares teremos uma nova
reconfiguração da acessibilidade cultural no país. Essa perspectiva não altera
a legislação e nem modifica orçamentos, mas reforça a política de cidadania
cultural e amplia os números de acessibilidade da produção simbólica no país
para além segmentos que tradicionalmente têm acesso a essa produção.
Por lado, é preciso
reforçar a necessidade de reconhecer e estruturar as escolas públicas como
principais equipamentos culturais do povo, As escolas podem ser espaços de
circulação, experimentação e reflexão estética, artística, literária e cultural
e ao mesmo tempo essas questões devem ser atreladas a um projeto pedagógico que
rompa com o conservadorismo, o disciplinamento quase militar a uma visão
contemplativa, mas que se vincule a prática social dos indivíduos, ao estudo
contextualizado e integrado e a formação omnilateral da classe trabalhadora.
As opiniões expostas neste artigo não
refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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