Por Bepe Damasco, em seu blog:
Há um fenômeno embutido nas pesquisas que a mídia faz
questão de não destacar. Com todo maciço apoio que recebe do monopólio
midiático, a oposição patina, não avança e até, como na última pesquisa
Datafolha, cai nas intenções de voto.
O conteúdo de um discurso do velho Brizola, numa Cinelândia
lotada, nas eleições de 1990, postado dia desses pelo Rodrigo Vianna, no blog
Escrevinhador, ajuda a decifrar o enigma : "Os meios de comunicação
defendem uma causa tão infeliz, tão desgraçada contra o povo brasileiro que,
mesmo com o gigantesco aparato que têm, conseguem pressionar pouca gente."
O caso de Aécio merece atenção especial para, quem sabe,
virar objeto de estudo no futuro. Apoiado pela avassaladora maioria dos donos
do dinheiro e dos grupos de mídia, o máximo que conseguiu até agora foi seduzir
o antipetismo mais visceral, o que, convenhamos, não requer grande esforço
retórico e político. Basta apontar o PT, dia e noite, como a encarnação de
Lúcifer na Terra. E isso o cambaleante candidato tucano vem fazendo com
competência.
Já Eduardo Campos parece caminhar em marcha batida para sair
desta eleição menor do que entrou. Pudera. Oportunismo político barato costuma
apresentar conta salgada. A cara de pau de se apresentar como "novidade na
política" é de doer. A bem da verdade a única novidade de sua candidatura
é a formação de uma chapa enviesada, na qual a candidata a vice tem mais votos
do que o postulante a presidente da República.
Mas a propalada queda da presidenta Dilma no Datafolha deve
ser analisada com mais profundidade. Primeiro porque chega a ser uma façanha
digna de nota que ela se mantenha disparada em primeiro lugar, com 34%, 35% vá
lá, diante de um massacre midiático que só tem paralelo na crise que levou
Vargas ao suicídio ou às vésperas do golpe de 1964. Depois, cabe lembrar que a
Copa do Mundo acaba no dia 13 de julho. O grande mote, o pretexto de ouro,
"a bala de prata" contra o governo se esgota em trinta e poucos dias.
E quando o Mundial terminar a campanha já estará nas ruas.
Mesmo a contragosto, a mídia corporativa será forçada a abrir mais espaço às
falas da presidenta e aos seus eventos de campanha. Sem falar que Lula já
estará em campo, colocando todo o seu prestígio e popularidade a serviço da
reeleição de Dilma. Não demora muito e chega agosto. Vem a propaganda eleitoral
gratuita de rádio e TV, único período em que o monopólio dos barões da mídia é
quebrado.
Dilma disporá do dobro do tempo da oposição no rádio e na
televisão para defender as realizações do seu governo e furar o cerco da
mentira e do pessimismo feito sob medida para tentar derrotá-la. Além do
programa eleitoral propriamente dito que vai ao ar duas vezes por dia - por
volta das 13h e à noite, às 20h30 -, a presidenta contará com um grande número
de inserções de 30 segundos ao longo da programação, inclusive no horário
nobre, nos intervalos do futebol e das novelas. Não é preciso nem dizer que Lula
será o astro da companhia.
Ou seja, muita água ainda vai rolar por baixo da ponte nessa
campanha. E a imprensa sabe disso. Por isso, aposta todas suas fichas golpistas
para derrubar Dilma agora. Contudo, quem viver verá a quarta derrota
consecutiva dos que não se conformam em ver pobre frequentando aeroporto e
universidade.
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