Da Rede Brasil Atual:
Para o analista político Paulo Vannuchi, a intransigência do
governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na negociação com os
metroviários, indica interesse político em “melar” a inauguração da Copa do
Mundo. Ele aponta ainda que a truculência policial contra a greve é reflexo da
defesa do eleitorado “órfão da ditadura” que o tucano representa, em
contraponto à postura de diálogo que o governo federal adotou com as demandas
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
“A dúvida que fica é se haveria algum interesse do governo
de São Paulo escondido em melar a festa da Copa para poder emanar o brilho
durante o evento que acaba sendo do governo federal, da presidenta Dilma."
Vannuchi considera que, embora Alckmin não seja diretamente
vinculado a períodos ditatoriais, é uma liderança política que se tornou
herdeira do segmento da sociedade que pede mais repressão, ordem e disciplina e
que, em vésperas de eleições, o tucano não quer correr o risco de perder esse
eleitorado. "O que o governo tucano fez nas negociações com os grevistas?
'Não vamos recuar'. Talvez pensando nesse segmento da população, que é órfão do
período ditatorial, que, na hora da eleição, tende a votar em Geraldo
Alckmin", pontuou, recordando que o tucano não aceitou nem mesmo readmitir
os 42 metroviários demitidos ontem (9), apesar do compromisso da categoria de
voltar ao trabalho.
Segundo o comentarista, o governo federal tem 48 horas para
tentar dialogar e pressionar o governo estadual para negociar com os
metroviários. "O Conlutas não é o poder público. O poder público em São
Paulo é Geraldo Alckmin e está com a palavra para responder se vai seguir o
exemplo democrático de diálogo, acordo e intermediação que o governo federal
acaba de fazer com os sem-teto ou se vai persistir e lembrar, mais uma vez, a
intransigência da ditadura", reflete, lembrando as medidas anunciadas pelo
governo federal para atender às reivindicações do MTST, principalmente no
terreno batizado "Copa do Povo", próximo à Arena Corinthians, o
Itaquerão, na zona leste d capital.
Vannuchi acredita que há duas conduções políticas para lidar
com os movimentos – a do diálogo, ou a policial, "das balas, do processo,
e da demissão". O analista também questiona a estratégia de greve da
CSP-Conlutas, central sindical que representa os metroviários, ligada ao PSTU.
Na opinião dele, a ação tem a intenção política de abalar o evento, levando em
conta que a data-base para reajuste salarial da categoria seria em 1º de maio e
a greve ocorreu perto da abertura da Copa.
“Fazer a greve chegar às vésperas do 12 de junho, da
abertura da Copa do Mundo no Brasil, tem um evidente toque político, em que a
direção dos metroviários entendeu que isso era bom, pois aumentava o poder de
pressão."
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