Com o sucesso do pré-sal, que acaba de ultrapassar a marca
de 500 mil barris produzidos diariamente, o Brasil será auto-suficiente em
petróleo a partir do ano que vem e a Petrobras iniciará um período virtuoso
marcado pelo aumento de sua produção, redução de seu endividamento, fluxo de
caixa positivo e valorização no mercado de ações. Essa projeção foi feita pela
presidente da Petrobras, Graça Foster, durante conversa com jornalistas e
blogueiros realizada terça-feira (1) na sede da empresa no Rio de Janeiro.
Acompanhada pelo diretor de Exploração e Produção da
Petrobras, José Formigli, e visivelmente decidida a rechaçar aquilo que
qualificou como “ambiente de pessimismo” em relação à empresa alimentado por
políticos e veículos de mídia que fazem oposição ao governo federal, Graça
falou também sobre a necessidade de reajuste dos preços dos combustíveis e, em
um recado direto aos pessimistas, garantiu que “a Petrobras vai muito bem”.
Segundo a executiva, o atual quadro de endividamento da
Petrobras, tão criticado pela oposição, é passageiro e está sob o controle da
direção da empresa: “A Petrobras teve um grande endividamento nos últimos anos,
mas é um endividamento para o crescimento da companhia, não é para pagar conta.
Muitas dívidas da Petrobras vencem em 2017 e 2018, anos em que a nossa
produção, que já cresceu, ficará maior ainda. Nós teremos fluxo de caixa
positivo a partir do ano que vem. Vamos gerar mais caixa e investir menos, ou
melhor, vamos continuar investindo, mas a nossa geração de receitas será muito
maior”, disse Graça Foster.
A presidente da Petrobras enumerou as três “premissas” que,
segundo ela, possibilitarão a concretização desse cenário otimista: “Uma
política de reajuste de combustíveis, um plano de desinvestimentos e um plano
de reestruturação financeira. Estamos trabalhando para modificar o modelo
financeiro da Petrobras de tal forma que a gente tenha mais produção de
petróleo, mais refinados, uma geração de caixa mais alta e um investimento no
mesmo patamar que tivemos no ano passado, que foi US$ 45 bilhões”.
Ações
Graça disse também não ter nenhuma dúvida de que as ações da
Petrobras estão atualmente cotadas abaixo de que poderiam, mas não quis fazer
um prognóstico de quanto seria uma eventual valorização ou de quando ela
ocorrerá: “A Petrobras tem que fazer sua parte, que é entregar essa produção,
entregar esse refino e fazer o atendimento aos indicadores financeiros
estabelecidos pelo Conselho de Administração, que são a diminuição do
endividamento líquido, a produção maior, o refino maior e reajustamento de
preços”, disse.
A valorização das ações, disse Graça, acontecerá
naturalmente: “Tendo a produção e o refino aqui mesmo no Brasil, tendo
produtividade e redução de custos e trabalhando a eficiência de nossas unidades
e processos, teremos uma receita maior, com um investimento em torno de US$ 40
bilhões anuais por alguns anos. Teremos receita, receita, receita. Essa é a
diferença. Quando se entrega a produção, se entrega o refino e o investimento é
igual ou menor, você tem uma receita muito maior e um resultado melhor, com
mais dividendos para entregar aos acionistas. Uma vez que a gente harmonize
isso, eu tenho certeza que as ações da Petrobras serão adequadamente
valorizadas. Acontecerá uma valorização natural das ações”.
Reajuste
Graça Foster rebateu também as acusações de que a Petrobras
estaria evitando reajustar o preço dos combustíveis com o intuito de não
prejudicar o governo em ano eleitoral. Ela disse que os reajustes fazem parte
da política estabelecida pela empresa e têm acontecido regularmente: “Há que se
ter esse ajustamento de preços, e ele tem acontecido. Entre 2011 e 2013,
tivemos dez reajustes de preço. O diesel cresceu 34,3% e a gasolina cresceu
38,6%”, disse. A executiva, no entanto, admitiu que alguns ajustes ainda
poderão ser feitos: “Existe defasagem de preço, mas trabalhamos para buscar
essa convergência. O preço do combustível do Brasil não está parado”.
Posto isso, disse Graça, a postura da Petrobras em relação
ao preço dos combustíveis permanecerá sempre cautelosa: “Temos a obrigação de
ficar atentos, de não passar ao mercado interno essas volatilidades – variação
do câmbio, guerras, etc – porque temos cuidado e zelo com esse mercado. Todo
esse trabalho é muito bem concatenado, esse mercado é precioso para nós. Eu
tenho que cuidar desse mercado e continuar a atender os interesses dos
acionistas minoritários para que eles continuem a acreditar na Petrobras como
sempre acreditaram”.
Boa saúde
Em relação à saúde financeira da Petrobras, Graça Foster
disse que ela “está muito bem” e deu “duas grandes razões” para isso: “Estamos
bem pelo volume de petróleo que temos nas nossas reservas – esse excedente da
cessão onerosa faz a diferença pra nós – e por esse mercado fabuloso que nós
temos. Nós temos praticamente 100% do mercado de combustíveis no Brasil, em uma
economia onde o consumo cresce. Estamos produzindo no Brasil, muito próximo
desse mercado consumidor. Então, existe uma série de vantagens que são
extremamente positivas para a Petrobras”.
Graça lembrou que, apesar de parte do noticiário sobre a
empresa martelar a questão da queda de produtividade, a Petrobras vem sendo
citada recentemente de forma positiva em diversos relatórios internacionais
sobre o setor de óleo e gás. É o caso do estudo elaborado pela prestigiada
empresa inglesa de consultoria Evaluate Energy, que aponta a Petrobras como a
única empresa de petróleo de grande porte que nos últimos seis anos registrou
crescimento em sua produção: “Tivemos queda de 20 mil barris de um ano para o
outro. Isso dá mais ou menos 3%. Uma das majors, que produz quatro milhões de
barris, perdeu 400 mil. Isso sim é uma perda relevante”, disse Graça.
A presidente da Petrobras negou que o desempenho da empresa
tenha ficado estagnado durante o atual governo: “Não se pode atribuir a perda
de produção a um governo especificamente. Alguns megaprojetos levam até dez
anos para entrar em operação. Existem descobertas e planejamentos, e isso leva
tempo. Não daria tempo para que - no governo de a, de b ou de c - você tenha um
prejuízo, tenha uma perda de produção, porque esses ciclos são de seis, oito
anos”.
Entre as cinco
Graça revelou que o Planejamento Estratégico para 2030 da
Petrobras tem como meta colocar a estatal brasileira entre as cinco maiores
produtoras de petróleo do mundo: “A maior produtora hoje, a ExxonMobil, produz
4,2 milhões de barris por dia, tem o dobro da nossa capacidade. Nós temos 16
bilhões de barris de óleo equivalente em reservas provadas, outros onze bilhões
de barris em volumes potencialmente recuperáveis e mais alguma coisa em torno
de doze bilhões de barris em poços diversos. São números muito relevantes. Em
2020, projetamos produzir 4,2 milhões de barris de petróleo por dia”, disse.
Após a comemoração pelos 500 mil barris de petróleo diários
no pré-sal, que teve a presença da presidenta Dilma Rousseff, a próxima festa
na sede da Petrobras poderá ser feita após a conquista da auto-suficiência: “Se
tudo correr bem, o Brasil vai estar auto-suficiente volumetricamente no ano que
vem. Em 2015, o Brasil volta a produzir e refinar tudo aquilo que consome
volumetricamente. Em relação à produção do pré-sal, a Petrobras festejou não
por aquilo que ainda vai fazer, mas pelo o que já está fazendo. A festa veio do
trabalho, mas a gente ainda tem um desafio enorme”, disse Graça Foster.
Além da Carta Maior, participaram da conversa com a
presidente da Petrobras os jornalistas e/ou blogueiros Luís Nassif (Luís Nassif
On-Line), Altamiro Borges (Blog do Miro), Alisson Matos (Conversa Afiada),
Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Marco Midani (Brasil247), Fernando Brito
(Tijolaço) e Miguel do Rosário (O Cafezinho).
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