Ex-presidente afirma, em sua página no Facebook, que durante
os 12 anos do governo do PT, "a inflação se manteve dentro da meta" e
que isso foi feito com aumento de salário mínimo, crescimento do mercado
interno e taxa de desemprego baixa; ontem, durante congresso com químicos no
litoral paulista, petista alfinetou Fernando Henrique Cardoso: "É muito
fácil controlar a inflação demitindo trabalhadores e arrochando salários";
eleições marcam duelo de corpo a corpo entre ex-presidentes, que fazem de tudo
para preservar seus legados e nunca tiveram tanta importância para os candidatos
de seus partidos
23 de Julho de 2014 às 10:26
247 – A eleição presidencial de outubro já tem uma marca
exclusiva: nunca antes ex-presidentes foram tão influentes nos destinos dos
candidatos de seus partidos. A ponto de, muitas vezes, assumirem o protagonismo
do debate e ocuparem as manchetes no lugar de quem estará diretamente sob o
julgamento das urnas. Em nenhum outro país isso acontece, muito menos na
proporção e com a naturalidade com que ocorre no Brasil.
Na manhã desta quarta-feira 23, antes que o tucano Fernando
Henrique ocupasse a mídia, o petista Lula já apareceu para tomar o espaço com
uma alfinetada ao antecessor tucano. "No Brasil, durante os 12 anos dos
governos Lula e Dilma, a inflação se manteve dentro da meta. Isso foi feito com
aumento real de salário mínimo, crescimento do mercado interno e uma taxa de
desemprego menor que muito países europeus", postou o ex-presidente
petista no Facebook.
A mensagem resgata uma frase de Lula dita ontem, durante
congresso de químicos na Praia Grande, no litoral paulista. "É muito fácil
controlar a inflação demitindo trabalhadores e arrochando salários", disse
o ex-presidente, acrescentando na mensagem na rede social: mas o compromisso
dos governos Lula e Dilma tem sido o de controlar a inflação melhorando a vida
do trabalhador. O link leva para uma publicação do site Muda Mais, que diz:
"Inflação cai, mas nem todo mundo viu assim".
Lula também veio hoje com declarações de que a presidente
Dilma Rousseff irá superar a rejeição e convencer o eleitorado de São Paulo a
dar o voto a ele. A julgar pelo que vem ocorrendo até aqui, ele deverá ser
retrucado pelo rival.
Nas últimas semanas, não passou um dia sequer sem que
Fernando Henrique ou Lula não tivesse procurado criar fatos políticos um atrás
do outro. Chamando o adversário para a briga verbal, o tucano registrou dias
atrás que o petista não sabe reconhecer seus próprios erros, preferindo apenas
atacar quem o critica. Dando de ombros, Lula devolveu que não lê o que Fernando
Henrique. A troca de farpas, sem dúvida, vai continuar cada vez mais certeira
até outubro.
Enquanto Fernando Henrique, na eleição, joga a favor do
resgate de seu estilo de governo, Lula trabalha pela reeleição da presidente
Dilma Rousseff para ele próprio ter um caminho de volta à Presidência da
República mais suavizado, com uma aliada no poder. Pela idade, FHC não pensa em
voltar, mas o antigo núcleo de sua equipe econômica, com Armínio Fraga à
frente, já fala em nome de Aécio e muitos de sus antigos auxiliares em outras
áreas ocupam postos chave na campanha. O tesoureiro, por exemplo, é seu ex-ministro
e amigo pessoal José Gregori.
A influência de Lula sobre Dilma se dá em outro plano. O
ex-presidente tem no jornalista Franklin Martins e no chefe do gabinete
presidencial Gilberto Carvalho homens de sua confiança no centro da campanha de
reeleição. Lula manterá a posição, se Dilma ganhar a eleição, de principal
interlocutor da presidente, saindo como pré-candidato favorito no PT para
concorrer em 2018.
Aos 83 anos, Fernando Henrique não alimenta planos de
voltar. Mas ele também tem muito a ganhar. A vitória de Aécio, que ele próprio
lançou e que não esconde a admiração pelo governo e o estilo pessoal do
ex-presidente, seria um espetacular resgate de sua herança política. Depois de
ter tido sua gestão defenestrada seguida por Lula, primeiro, e por Dilma, sem
seguida, FHC atua fortemente para vencer essa revanche. Ele tem concedido mais
entrevistas e não se furta a orientar os passos do candidato.
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