O escritor Ariano Suassuna morreu na tarde desta
quarta-feira (23). Ele passou mal em casa, na noite de segunda-feira (21), e
foi levado ao hospital Real Hospital Português, em Recife (PE), após ter
sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Infelizmente, assim
como João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, Suassuna foi mais um, dos principais
escritores brasileiros que faleceu neste julho de 2014.
Morre o escritor Ariano Suassuna Morre o escritor Ariano
Suassuna
Suassuna, que tinha 87 anos, morreu às 17h15, de parada
cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana.
Nascido em João Pessoa, quando a capital paraibana ainda se
chamava Nossa Senhora das Neves, em 1927, ainda adolescente, Ariano Vilar
Suassuna foi morar no Recife, onde terminou os estudos secundários e deixou seu
nome marcado na cultura literatura brasileira, especialmente no teatro e na
literatura.
Em 1946, na capital pernambucana, fundou o Teatro do
Estudante de Pernambuco, junto com o amigo Hermilo Borba Filho. No ano
seguinte, escreveu sua primeira peça teatral, Uma Mulher Vestida de Sol,
seguida de Cantam as Harpas de Sião e Os Homens de Barro. Em 1955, escreveu sua
obra mais popular, Auto da Compadecida, que conta as aventuras de dois amigos,
Chicó e João Grilo, no Nordeste brasileiro. A peça foi adaptada duas vezes para
o cinema, em 1969 e 2000.
Suassuna continuou criando, escrevendo peças de teatro,
romances e poesias. O Santo e a Porca, Farsa da Boa Preguiça e Romance d’A
Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta são algumas das dezenas de
obras dele. A maioria delas foi traduzida para outros idiomas, como francês,
alemão, espanhol, inglês e holandês. Em 1989, passou a ocupar a Cadeira nº 32
da Academia Brasileira de Letras.
Carismático, Suassuna esbanjou simpatia por onde passou.
Mais recentemente, apresentou sua “aula-espetáculo” por todo o Brasil, onde
ensinou formas de arte para o público e mostrou a riqueza da cultura do país,
contando histórias, “causos” e piadas. Suassuna mostrou ao povo brasileiro como
ele é inventivo, engraçado, esperto e interessante e provou que não existe nada
do lado de lá das fronteiras que possamos invejar.
Em uma de suas últimas passagens por Brasília, Suassuna
encerrou a aula-espetáculo valorizando, não sua obra, mas a de outro brasileiro.
O escritor citou o filósofo Matias Aires como exemplo da qualidade nacional,
mas também como um resumo da sua própria trajetória, "e da de todos
nós", neste mundo.
“Quem são os homens mais do que a aparência de teatro? A
vaidade e a fortuna governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel,
cada um recebe o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto, nem cortejo, e que
logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que
representa o papel de homem. A morte, que está de sentinela, em uma das mãos
segura o relógio do tempo. Na outra, a foice fatal. E, com esta, em um só
golpe, certeiro e inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece”,
disse, então, Ariano Suassuna.
Com informações da Agência Brasil
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