Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Errei na avaliação. Imaginava que, diante da subida abrupta
de Marina Silva nas pesquisas, a velha mídia ligada aos tucanos não entraria
numa aventura: tentar desconstruir Marina, para permitir que Aécio recupere o
segundo lugar nas pesquisas.
A mídia entrou pesado, sim. Aécio deu sinais de resistência,
com um bom desempenho no debate da Band. Não jogou a toalha. Blogueiros da
“Veja” atacam Marina. Blogueiros do UOL também. Veja aqui a análise de Josias
de Souza, que afirma: a história do jatinho de Eduardo, pago com dinheiro de
laranjas e fantasmas, pode transformar Marina numa sub-Marina.
Aécio deu a senha. Disse que nada está garantido, nada é
suficientemente sólido antes da segunda semana de setembro. Ele parece ter
razão. O tucano fez ataques leves à candidata durante o debate da Band. Tentou
mostrar que ela não tem nada de “nova política”. Isso faz efeito junto à classe
média. Mas a juventude marineira, aquela que vai com ela porque é “nova” e
“limpa”, essa só vai abandonar a candidata se houver uma onda midiática com
denúncias contra Marina.
Bonner no JN fez parte do serviço. Nas redes sociais, nesta
quinta-feira, avançam as citações negativas a Marina. A dúvida é: o eleitorado
dela é sensível a isso? Ou o cansaço com PT e PSDB é maior do que qualquer
denúncia?
Minha impressão? Marina, pra se consolidar, precisará ceder
ainda mais, precisará sentar e conversar com quem manda nas Comunicações. A
maneira como ela respondeu às indagações (leves, muito mais leves do que as que
foram feitas a Dilma) de Bonner e Patricia no JN mostra que Marina tem
dificuldades para ser aceita como confiável pelas grandes elites. Marina foi
sarcástica, mostrou as garras.
A revista Época, no perfil sobre Marina desta semana, manda
dois recados claros da família Marinho para a candidata: “Marina precisará
domar suas convicções para não se tornar vítima delas” e “Candidatos de verdade
precisam ser agregadores e ter propostas realistas. Marina está preparada para
ser uma candidata de verdade”?
O bombardeio a que Marina será submetida nas próximas duas
semanas tem um duplo objetivo: favorecer Aécio e/ou levar a candidata do PSB
ainda mais para a direita. Se Marina resistir com 25% ou 27% dos votos, ela
será a candidata conservadora: mas aí uma candidata confiável, terá topado o
jogo. Se Marina tropeçar e se enredar no escândalo do avião (e em outros que
virão nos próximos dias), aí a bola pode voltar para Aécio.
A primeira hipótese parece a mais provável. Mas o jogo ainda
está sendo jogado. E a turma de Aécio não desistiu. Longe disso.
O PT torce para que a mídia tucana faça o serviço, tornando
Marina – no mínimo – mais fraca num eventual segundo turno em que ela entraria
hoje como favorita. Mas o jogo é pesado. Está ainda no primeiro tempo.
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