Auto: Eduardo Guimarães
Aos poucos, vai dando a lógica. A campanha de Dilma Rousseff
à reeleição começa a se impor apesar da mais impressionante campanha de
difamação contra um chefe de Estado que se viu na história recente – nem Lula
enfrentou coisa igual.
Antes de prosseguir rumo ao ponto central do texto, vale
explicar a razão de considerar a campanha contra Dilma como a “mais
impressionante da história recente”.
Para deprimir a até então alta popularidade da presidente,
em 2013 foi levado a cabo um movimento de massas que não encontra paralelo em
todo o pós-redemocratização. E cuja origem até hoje não ficou suficientemente
clara.
A combinação de protestos de rua, efeitos previsíveis da
crise internacional em alguns indicadores da economia, bombardeio midiático e a
morte intempestiva de Eduardo Campos, tudo isso logrou nivelar intenções de
voto da presidente, primeiro, às de Aécio Neves e, depois, às de Marina Silva.
Aécio beneficiou-se no início da campanha eleitoral. Com a
mídia batendo só em Dilma e com os dois principais candidatos da oposição
resguardados, o tucano chegou a empatar com a petista nas projeções de segundo
turno.
O voo desse mesmo tucano, porém, foi de galinha – foi
abatido no ar pelas denúncias de que pagou com dinheiro público construções de
aeroportos para seu uso particular por todo o Estado de Minas Gerais.
No começo de agosto, Aécio já caía nas pesquisas e Campos
não decolava. Dilma começava a se firmar. Mas eis que a tragédia revoluciona o
quadro eleitoral.
O bom e velho costume brasileiro de santificar pessoas que
falecem e uma brilhante encenação de Marina Silva foram matéria-prima para a
mídia construir um dramalhão mexicano, praticamente santificando a substituta
de Campos por uma ou duas semanas.
Contudo, a mídia errou na dose e inflou Marina muito além do
que deveria. Resultado: Aécio virou pó e Dilma e Marina passaram a polarizar
uma eleição que, até então, estava polarizada entre a petista e o tucano.
A mesma mídia tenta consertar o erro e notícias e críticas
contra a Marina começam a ser veiculadas com estardalhaço nos grandes meios.
Por alguns dias, ela apanha quase tanto quanto Dilma.
Claro que havia que noticiar as informações de que o avião
que matou Campos foi fornecido a ele e a Marina por empresas fantasmas ligadas
a bandidos, mas há uma montanha de coisas que há para noticiar contra Aécio e
não foram noticiadas com o devido destaque ou nem foram noticiadas.
Exemplo: Aécio não construiu um só, mas vários aeroportos
com dinheiro público. Todos para seu uso privado. Mas a mídia acabou enterrando
o caso todo. Poderia fazer o mesmo com Marina, mas havia que derrubá-la um
pouco para Aécio não afundar de vez.
Mais uma vez, porém, a mídia errou a mão. Marina bateu no
teto e parou de crescer. A partir das últimas pesquisas oficiais que mostraram
a “parada” dela, os trackings das campanhas passaram a detectar que sua
candidatura começa a murchar.
Informações extraoficiais da campanha petista dão conta de
que Marina começa a cair – já estaria empatada numericamente com Dilma no
segundo turno. E nada de Aécio se recuperar…
No fim da semana passada, a mídia começa a “bombar” o
vazamento da tal “delação premiada”. Em flagrante crime eleitoral – que a
Justiça Eleitoral por certo irá ignorar –, a revista Veja divulga acusações a
um pequeno grupo de políticos pinçado do grande grupo citado pelo ex-diretor da
Petrobrás Paulo Roberto da Costa à Polícia Federal.
Veja escolheu meia dúzia de nomes em meio a dezenas citados
pelo ex-diretor da Petrobrás – inclusive nomes ligados ao PSDB. Se divulgar
seletivamente dados sigilosos de uma investigação da PF com fins claramente
eleitorais não for crime eleitoral, nada mais é.
A mídia, desta vez, atinge Marina e Dilma com intensidade
parecida, porém desigual. Para a desgastar a primeira dá grande destaque ao
fato de que Eduardo Campos foi acusado diretamente pelo ex-diretor da
Petrobrás, mas o bombardeio de saturação, claro, recai sobre Dilma.
As campanhas de Dilma e Marina deixam vazar que não esperam
reação da candidatura Aécio, que já caiu no desencanto popular. Se ficar muito
ousado sobre a Petrobrás e Campos, seus podres e de seu partido começarão a
voltar à tona. Afinal, com o horário eleitoral os candidatos não dependem da
mídia para divulgar informações.
Ao fim, o estoque de munição contra Dilma vai se esgotando.
Terrorismo econômico, denúncias de corrupção, fenômeno Marina, tudo já foi
usado à exaustão. E as manifestações da ultraesquerda murcharam e não devem voltar
a florescer durante a campanha eleitoral.
Por conta desse quadro, pipocam vazamentos de pesquisas
privadas dos partidos que mostram Marina começando a cair, Aécio estagnado e
Dilma se mantendo.
Assim, o mercado financeiro, que saliva diante dos lucros
que lhe seriam gerados pela privatização do pré-sal e a independência do Banco
Central que Marina e Aécio oferecem, vem operando em baixa desde a semana
passada ante a melhora das chances de Dilma.
*
PS: a charge no alto da página não tem muito que ver com o
post, mas como prometi que passaria a divulgar aqui as charges que faço, cumpro
a promessa. Até porque, de alguma maneira ela tem, sim, que ver com o post – a
ocultação de FHC por Aécio tem relação com a pulverização da campanha tucana à
Presidência da República.
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