Por Altamiro Borges
O ex-presidente FHC, que deixou o Palácio do Planalto com os
piores índices de popularidade da história do país, está numa baita
encruzilhada. Como fundador, mentor e chefão do PSDB, ele não tem como
abandonar o cambaleante Aécio Neves. Mas ele sabe que as chances do seu pupilo
são remotas e que o PSDB caminha para ficar de fora do segundo turno das
eleições – fato inédito nos seis últimos pleitos presidenciais no país. Um
verdadeiro vexame! Daí sua crise existencial. Em texto publicado no domingo (7)
em vários jornais, intitulado “A encruzilhada da mudança”, FHC até tenta
disfarçar sua angustia, mas não consegue. A única coisa que ainda o motiva é a
obsessão por derrotar o chamado "lulopetismo".
Para o rejeitado príncipe da Sorbonne, a presidenta Dilma
“embarcou num desvio que está custando caro a ela e ao país”. O motivo deste
desastre teria sido a rejeição às teses neoliberais aplicadas em sua gestão –
“consideradas fórmulas velhas, ‘ortodoxas’, monetaristas, submissas ao FMI,
propensas a fazer o ajuste fiscal à custa do povo. Os resultados estão à vista,
e em mau momento: o das eleições”. Ele cita a redução do PIB e a “inflação que
roça o teto da meta”. FHC, que já pediu para esquecerem o que escreveu, parece
que também esqueceu o desastre do seu reinado – com um PIB medíocre e a
crescente inflação, para não falar da explosão do desemprego e da miséria no
país.
Diante deste cenário sombrio, segundo a ótica do vaidoso
sociólogo, qual seria a alternativa? Para o grão-tucano, “Dilma é o mesmo, com
mais propaganda... Lula parece arrependido de ter indicado candidatos-postes
cujas luzes não acendem”. Nada se salva no atual governo. Já Marina Silva é
apresentada com mais complacência e simpatia. “As intenções da candidata
oposicionista são boas”. O problema, teoriza o seguidor de Weber, é que ela não
teria base de sustentação política e esbarraria em dificuldades para “somar os
‘bons’ e alinhá-los contra os ‘maus’... A candidata Marina Silva, se vencer a
eleição, será capaz de tal proeza? Tomara, mas ainda é uma incógnita”.
Tentando ainda manter de pé o cambaleante Aécio Neves, o
ex-presidente FHC cai no ridículo. Ele garante que o tucano “representa a
oposição que vem junta há muitos anos”. De qual oposição unida ele está
falando: a de José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, que vivem se bicando
de forma sangrenta? Ou da oposição que ainda tenta evitar expor na tevê o
próprio FHC? Haja cinismo! Como conclusão, FHC decreta:
“Escolheremos o caminho mais seguro ou, no embalo da velha
tradição personalista, embarcaremos na direção de mares nunca dantes navegados?
Embora a opção em causa seja diferente de outras que nos levaram a impasses e
desastres no passado, prefiro manter-me firme ao lado de quem já passou por
provas que o capacitam a governar com grandeza e competência, e a obter os
apoios necessários para tirar o País do labirinto lulopetista”. Bonito, mas nem
ele acredita! Haja crise existencial!
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