Por Altamiro Borges
O sempre antenado Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador,
aproveitou a onda midiática em torno da “delação” de Paulo Roberto Costa para
cavar uma bombástica notícia. Em junho passado, quando foi chamado para depor
na CPI do Senado, o ex-diretor da Petrobras fez uma grave denúncia: “Para
conhecimento de vocês, eu tenho um contrato assinado para vender uma ilha das
Organizações Globo”. A mídia venal, que age como a máfia na proteção dos seus
bandidos, nem sequer mencionou o fato. O “delator” não virou capa da Veja
naquela ocasião. Willian Bonner, Patrícia Poeta, Willian Waack e outros
apresentadores dos telejornais globais também não mencionaram o fato.
Um dos poucos sites que divulgou a denúncia foi o da
liderança do PT na Câmara Federal. Vale conferir a matéria:
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Ex-diretor refuta ilações sobre Petrobras e revela contrato
com Organizações Globo
10 Junho de 2014 – Site da Liderança do PT na Câmara Federal
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da
Costa, refutou, na CPI do Senado que investiga supostas irregularidades na
compra da refinaria de Pasadena, no Texas, ilações que tentam comprometer a
Petrobras. Ele revelou também que sua empresa mantém negócios com as
Organizações Globo. Paulo Roberto lembrou que passou mais de 50 dias preso e
massacrado por setores da mídia, como a Globo, com quem mantém contrato.
A revelação foi um dos pontos marcantes da CPI, nesta
terça-feira (10). Em seu relato, o ex-diretor confirmou que é o dono da empresa
de consultoria Costa Global e que entre os seus contratados estão as
Organizações Globo. “Para conhecimento de vocês, eu tenho um contrato assinado
para vender uma ilha das Organizações Globo”, revelou.
De acordo com o ex-diretor, a ilha situa-se na rodovia
Niterói-Manilha. Ele frisou que o contrato firmado com as organizações da
família Marinho era para que a Costa Global procurasse um leasing imobiliário
para vender a área. Segundo ele, o objetivo do negócio era dar apoio para a
operação offshore que atuaria para empresas que trabalhavam com a Petrobras,
com a Shell, e com outras empresas que têm atividades de produção na Bacia de
Campos. “Até para as Organizações Globo estamos prestando serviço”, reafirmou
Paulo Roberto.
O ex-dirigente disse ainda que constituiu a Costa Global em
2012, após sua saída da estatal. Ele contou que a sua filha, Arianna Azevedo
Costa Bachmann, é sua sócia e que a empresa possui 81 contratos firmados.
No decorrer de sua exposição, Paulo Roberto da Costa
repudiou com veemência as “inveracidades” das acusações do Ministério Público
contra a Petrobras e criticou o foco dado pela imprensa brasileira à questão.
“A Petrobras é uma empresa totalmente séria. Pode-se fazer
auditoria por 50 anos dentro da Petrobras que não vão achar nada ilegal porque
não há nada ilegal na Petrobras. Estão colocando a Petrobras na condição de uma
empresa frágil”, afirmou. Ele observou que os controles dentro da estatal são
enormes.
Abreu e Lima - Ele refutou as denúncias de suposto
superfaturamento nos contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Não é
real. É uma ilação. Portanto, repudio veementemente essa suposição. Não existe
organização criminosa. Não sei por que inventaram essa história. É uma história
fora da realidade”, lamentou.
Operação Lava Jato – Paulo Roberto da Costa foi preso em
março na Operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia Federal. A Operação da
PF investigou esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em seu
depoimento ele foi enfático em afirmar que não existe lavagem de dinheiro da
Petrobras com o doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF.
“Não sei de onde tiraram essa história. A Polícia Federal, o
MP deveriam aprofundar essa análise da Petrobras, que vão chegar à conclusão de
que a Petrobras não é o que estão falando. A Petrobras é uma empresa que
orgulha o povo brasileiro”, afirmou.
Pasadena – Sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, Paulo
Roberto voltou a dizer o que os seus antecessores afirmaram em depoimentos na
CPI. “Naquele momento era um bom negócio. Ninguém coloca petróleo cru na
indústria, no carro ou no avião. Ter refinaria é algo importante e
estratégico”, reafirmou.
Benildes Rodrigues
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É certo que não dá para confiar nas denúncias de Paulo
Roberto Costa – assim como a revista Veja e o restante da mídia não deveriam
apostar todas suas fichas na sua “delação premiada” com nítidos objetivos
eleitorais. Mas no caso das Organizações Globo – agora ela mudou de nome para
Grupo Globo, não se sabe por qual razão –, a sua acusação mereceria ser
apurada. Infelizmente, a maioria dos deputados e senadores tem um misto de sedução
e medo diante da poderosa emissora. Até hoje, nenhuma suspeita sobre a Rede
Globo foi investigada. Já no seu nascedouro, o contrato ilegal com a
estadunidense Time-Life foi arquivado. Mais recentemente, as denúncias sobre
sonegação fiscal também caíram no esquecimento.
Apesar deste triste retrospecto, não custa sugerir ao
suspeitíssimo Ministério Público que investigue o contrato de venda de uma ilha
do Grupo Globo. Segundo relata Fernando Rodrigues na Folha deste domingo (7),
“os próximos passos da Operação Lava Jato devem ser investigar empreiteiras,
diretores dessas empresas e contas no exterior usadas para o pagamento de
propinas a partir de negócios da Petrobras... No depoimento de Paulo Roberto
Costa, há elementos que indicam de maneira detalhada como eram abertas contas
bancárias no exterior. Ele detalhou quais são as empreiteiras, quem eram os
diretores e presidentes dessas empresas, onde são as contas bancárias e quem
eram os beneficiários de desvios”.
Até hoje, nenhum corruptor foi preso no país. Será que o
Grupo Globo, da bilionário famiglia Marinho, será investigado algum dia? A
conferir!
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