Por Altamiro Borges
A mesma mídia que ofusca os escândalos tucanos – o
“trensalão” paulista, o “aecioporto” mineiro e o helicóptero do pó, para não
falar dos mais antigos, como o da “privataria” – agora está animadíssima com as
delações de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Bastou a revista Veja
obrar mais uma de sua capas tenebrosas para o restante da mídia bater bumbo. O
assunto é manchete dos jornalões e destaque nos telejornais. O objetivo é
triplo: reduzir a vantagem de Dilma Rousseff na corrida presidencial, desinflar
a candidatura de Marina Silva, que foi insuflada pela própria imprensa, e – se
possível – dar um novo suspiro para o cambaleante Aécio Neves, que já estava
próximo da morte por overdose.
Não é para menos que o presidenciável do PSDB voltou a posar
de valentão. Nos últimos dias, ele andava meio abatido. Como ironizou Zé Simão,
um dos poucos que ainda se salva da Folha, Aécio Neves estava “com cara de
cãibra”. Atordoado, ele viu suas intenções de votos despencarem nas pesquisas,
sendo engolidas por Marina Silva. Na entrevista do SBT, ele foi tratado como
coadjuvante, como “nanico”. Para piorar, vários dos seus fiéis aliados
começaram a dar sinais de que o abandonariam e o comando de campanha registrou
queda na arrecadação financeira. Houve até boatos de que Aécio Neves desistiria
da candidatura. Diante deste cenário desolador, a capa da Veja dá uma sobrevida
ao senador mineiro.
As bicadas sangrentas do tucano
Neste sábado (6), o tucano afiou seu bico. Confiante nas
denúncias sem provas da Veja de sexta-feira, ele teatralizou: “O Brasil acordou
perplexo com as mais graves denúncias de corrupção da nossa história recente.
Está aí o mensalão 2: é o governo do PT patrocinando o assalto às nossas
empresas públicas para a manutenção do seu projeto de poder... Estamos
disputando contra um grupo que utiliza o dinheiro sujo da corrupção para
manter-se no poder. Chegou a hora de darmos uma basta definitivo”, afirmou em
vídeo postado nas redes sociais. Ele preferiu centrar sua ira contra a
presidenta Dilma, mas já prepara peças também contra Marina Silva.
Segundo matéria da Folha tucana, “a estratégia será centrar
fogo no PT, reacendendo a polarização. No segundo plano, apresentar-se como o
único que sempre esteve ‘contra tudo isso que está aí’. A jogada mira Marina,
que militou no PT, foi ministra do ex-presidente Lula e herdou a candidatura do
ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto. Segundo o delator
do esquema da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, Campos era
um dos beneficiários dos desvios. Os nomes dos envolvidos foram citados pela
revista ‘Veja’. Aécio, que tinha boa relação com Campos, não vai mirar a
candidata do PSB de pronto, mas pretende situá-la na ‘linha do tempo’ do caso”.
A atitude irresponsável do presidenciável tucano, que se
baseia nas delações de um bandido confesso e desesperado e dá aval ao
denuncismo da asquerosa revista Veja, já gerou protestos. O presidente nacional
do PT, Rui Falcão, acusou o concorrente de “demonstrar descontrole” e de usar a
“agressão rasteira”. Em nota, o petista relembrou o mensalão mineiro e o
trensalão paulista e informou que os advogados da sigla já avaliam as
“providências jurídicas” contra Aécio Neves. Já o PSB decidiu montar uma
força-tarefa para se defender. Para Marina Silva, as acusações contra o
ex-governador de Pernambuco são levianas. “Não queremos ver o Eduardo Campos
morrer duas vezes”, afirmou ao jornal Valor.
Excitação na mídia tucana
Na mídia tucana, a “delação premiada” do ex-diretor da
Petrobras já é vista como a bala de prata que poderá alterar os rumos das
eleições de outubro. Reinaldo Azevedo, o pitbull da Veja que estava meio amuado
e chegou a cogitar a hipótese de “ir criar galinhas”, já está comemorando a
reabilitação de Aécio Neves. Outros “calunistas” também não escondem sua
alegria com o “fato novo”. Eliane Cantanhêde, sempre ela – a da “massa
cheirosa” do PSDB –, até já assimilou o discurso raivoso do seu candidato
preferido. Em artigo na Folha deste domingo (7), ela afirma que a denúncia é “o
novo mensalão” e que tende a abalar as campanhas das duas mulheres que
atropelaram Aécio:
“Se a Petrobras já era um campo minado para a imagem de
gestora de Dilma, as novas histórias que saem da boca de Paulo Roberto explodem
num outro campo muito delicado para os governos do PT: o da ética... O único e
frágil alívio para Lula, Dilma e o PT é que a citação a Eduardo Campos
embaralha as cartas e deixa Marina sem artilharia para atacar, sobretudo depois
da história mal contada do avião da campanha do PSB. É difícil reverter o
quadro crítico para Aécio Neves, mas, no mínimo, o tucano deve estar pensando:
quem ri por último ri melhor”. Haja otimismo militante. O novo factoide da Veja
pode ser, de fato, o último suspiro do cambaleante tucano. A conferir de quem
será a última gargalhada!
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