Em 15 de agosto, o repórter Leonel Rocha postou no site da
revista Época uma notinha apimentada intitulada: “PSDB quer ajudar Heloísa
Helena em Alagoas”. Ele antecipava que “o tucano Teotônio Vilela Filho
[governador do Estado que não concorre a reeleição] articula com aliados do
PMDB e PSB o não lançamento de concorrentes ao Senado. O objetivo é fortalecer
a candidatura da ex-senadora Heloísa Helena, pelo PSOL, na disputa com o
ex-presidente e atual senador Fernando Collor. ‘Estamos em trabalho de parto para
esta articulação’ disse Teotônio”. O que parecia ser uma intriga midiática,
porém, não era. Tanto que o PSTU anunciou neste sábado (30) o abandono da
campanha de Heloísa Helena.
O PSTU acusa a ex-senadora – que foi eleita pelo PT, deixou
o partido, ajudou a fundar o PSOL, disputou a presidência da República pela
legenda em 2006 e que já está de malas prontas para a Rede de Marina Silva – de
promover uma “aliança branca” com o PSDB e os usineiros de Alagoas. Até fotos
de Heloísa Helena abraçada ao tucano Júlio Cezar, candidato ao governo
estadual, já estariam circulando nas redes sociais. Diante destes fatos, o PSTU
decidiu enviar uma carta à direção da Frente de Esquerda de Alagoas. O tom da
mensagem é duro:
“Heloísa Helena está rompendo com a Frente de Esquerda e com
tudo que serviu de base para sua construção. Abraça os setores reacionários do
estado em nome do projeto particular, abandonando um projeto coletivo
extremamente importante para Alagoas. Abre mão da independência política tão
cara à Frente. Heloísa rompe até mesmo com definições estabelecidas dentro de
seu próprio partido. Quem será seu candidato a governador? Júlio César (PSDB)
ou Mário Agra (PSOL)? Em quem votará para presidente? Em Luciana Genro (PSOL)
ou em Marina Silva (PSB)?”.
Ao final da carta, o PSTU explicita sua posição: “Declaramos
que nos retiramos da campanha de Heloísa Helena para o Senado até que ela
reveja estas posições e desfaça estes acordos com o PSDB. De outra forma, não
faremos mais campanha para sua candidatura ao Senado, porque estas alianças
rompem o acordo que fizemos na Frente de Esquerda. O PSTU seguirá construindo a
candidatura de Mário Agra neste momento. Seguiremos na Frente de Esquerda e
respeitando suas definições: Heloísa Helena e o PSOL farão o mesmo?”, indaga o
documento.
De fato, o PSOL está diante de uma enrascada. Tomará alguma
medida disciplinar contra a candidata “rebelde”? Ela será expulsa ou advertida
publicamente? Ou prevalecerá a visão pragmática, tão comum em períodos
eleitorais? Para complicar ainda mais o cenário, nesta semana a mesma revista
Época publicou uma longa entrevista com a ex-senadora. Ela não esconde o seu
desejo: “O que mais quero é estar com Marina”. A reportagem lembra que “quando
vai a Alagoas, Marina Silva (PSB) costuma hospedar-se na casa da vereadora
Heloísa Helena (PSOL). Dorme no quarto do filho de Heloísa, que é sua amiga...
Heloísa afirma que pode pedir votos para a amiga Marina, apesar de o PSOL ter
uma candidata à Presidência, Luciana Genro".
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