Autor: Fernando Brito
Lamento informar ao Ministro Joaquim Levy: os problemas de
nossa economia não estão vindo tanto da falta do “ajuste fiscal” – embora, sim,
seja necessário cortar gastos nos momentos de dificuldade – mas no projeto da
direita brasileira de quebrar a economia nacional como forma de criar, mais
adiante, o clima político para o que deseja desde a noite em que foi proclamado
o resultado das eleições e confirmada a vitória de Dilma Rousseff.
O que está acontecendo aqui é que, de um lado, recrudesceu a
campanha política selvagem para demonstrar que a economia brasileira entrou em
colapso e, de outro, o medo paralisante de nosso Governo de enfrentar esta
ofensiva e estabelecer a controvérsia, a polêmica, ao discurso do “fim do
Brasil”
Economizar R$ 1 bilhão em despesas é dificílimo; já perder
R$ 1 bilhão em receitas é algo que se faz “num cuspe” com a perda de confiança
na economia.
E vamos mal assim?
Um dado apenas mostra que não: as viagens de avião –
especialmente as de férias – cresceram 12,5% nos destinos domésticos no
primeiro mês do ano: 9,7 milhões de passageiros este ano, mais de um milhão a
mais que em 2014. Nas viagens mais caras, as internacionais, mesmo com a alta
do dólar, a demanda medida em passageiros por quilômetro voado cresceu absurdos
32,9% sobre janeiro de 2014.
Mas isso é meia-verdade, porque vamos derrubar ainda mais
(porque já caíram ano passado) os investimentos públicos por conta do caso
Petrobras e das suas “desejadas” extensões para outras áreas daquilo que só
funciona com dinheiro estatal (eletricidade, transportes urbanos, portuários,
ferroviários, rodovias, habitação, etc).
E com eles, toda a cadeia produtiva da construção,
especialmente a pesada, que avançou mais, muito mais, do que o PIB durante a
última década e que representa quase um décimo de toda a produção de riqueza no
Brasil.
Com o ajuste fiscal, em princípio, corta-se aqui e gasta-se
no custo financeiro da dívida pública, ampliado pelas altas exigidas pela taxa
de juros dos títulos.
O Governo brasileiro parece acreditar que a tempestade será
como as chuvas são hoje no Brasil: podem até ser fortes, mas não duram muito
tempo.
Pode ser, porque a economia mundial não recomenda
adivinhações.
Mas a postura passiva, desconhecendo a imensa capacidade de
o Estado brasileiro ditar o ritmo da atividade econômica aqui deixa o país ao
sabor das “ondas” que se constroem na
política e na mídia.
Que amedrontam, retraem, paralisam.
E erodem o poder de um governo eleito de sustentar-se ante o
tsunami midiático-judicial que se desfechou contra ele.
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