Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Ontem, a Folha “comemorou” o Dia Mundial da Água com uma
manchete de que o “Racionamento de energia é quase inevitável, afirmam
especialistas”.
O de água, em São Paulo, com os sucessivos temporais, parece
que “já passou”.
Não é assim, nem de um lado, nem de outro.
É verdade que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste
estão mais baixo do que há um ano, nesta mesma data?
Sim, estão. Neste dia 22 de março, em 2014, tinham 35,5% de
sua capacidade. Ontem, este número era de 25,9%, ou 9,6% a menos.
A média de chuvas, entretanto, embora esteja ainda abaixo da
média, apresentou elevação. A energia afluente estava em 63% da média histórica
do mês de março, até aquela data. Esta ano, em 74%, e deve passar de 80%, que é
a previsão do Operador Nacional do Sistema. A acumulação dos 22 primeiros dias
deste mês, + 5,3%, já é a maior desde que começou a fase de poucas chuvas no
Brasil. É possível que chegue ao final do mês com mais de 7%de acréscimo.
A situação é preocupante, mas muito distante da ideia de que
um racionamento deva ser aplicado, porque no, no ano passado, a situação só se
tornou crítica com o atraso do período chuvoso, que tirou, em outubro e
novembro, 9,4% da capacidade dos reservatórios, que deveriam estar enchendo e
não esvaziando.
E como é a situação do Cantareira? Muito melhor do que
antes, mas ainda muito inferior à que registrava na mesma época no ano passado
e em escala mais preocupante do que a dos reservatórios das hidrelétricas.
Os 17,1% registrados hoje referem-se aos 29,2% que foram
acrescentados com as duas cotas do volume morto, que estiveram quase esgotadas
em janeiro.
Há, portanto, um déficit de 12,1% em relação ao “nível
zero”. Nesta data, ano passado, havia 14,6% acima deste nível zero.
Há, portanto, uma perda de 26,7% em relação ao mesmo momento
do ano passado.
É por isso que o racionamento, de fato, continua em São
Paulo, com toda a torcida para que as chuvas, generosas, continuem, porque
ainda faltando uma semana para o final do mês, a chuva na região do Cantareira
já ultrapassou em 7% a média histórica mensal.
Se comparado ao quadro de dois meses atrás, tanto a água
para o abastecimento de São Paulo quanto para a geração de energia estão em
situação melhor.
O que não quer dizer que não estejam muito ruins ainda.
Agora, o distinto amigo me pergunta porque tanto
catastrofismo em matéria de falta de energia elétrica, além do catastrofismo
“normal” em tudo aquilo que pode atingir o Governo Federal?
É que os “consultores” de energia elétrica ganham tanto mais
dinheiro quanto mais cara é a energia.
E a energia é tanto mais cara quanto é sombrio o panorama
que se desenha para ela.
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