Autor: Fernando Brito
No Jornal Nacional de ontem, duas “delações”.
Na primeira, Paulo Roberto Costa diz que as doações legais
de empreiteiras às campanhas eleitorais eram “balela” apenas encobriam o
pagamento de propina.
Na segunda, um ex-executivo da Engevix diz que deu, na forma
de doações legais, propinas ao PT.
Muito bem, acreditemos que os dois falam a verdade, nada
mais que a verdade.
Perguntinha básica que se impõe a investigadores corretos,
sejam policiais, promotores ou jornalistas: se as doações legais eram propinas
– palavras de Paulo Roberto Costa – , as
doações para outros partidos eram o que?
Amor?
Os milhões da OAS, da
Odebrecht, da Serveng-Civilsan e da Queiroz Galvão doados ao PSDB, foram doados
por espírito cívico?
Fui buscar apenas um exemplo nas eleições de 2010, que está
acessível a todos: as doações da empreiteira Camargo Correia: Estão lá Aécio
Neves, Antonio Anastasia, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB,
Luiz Paulo Vellozo Lucas, Demóstenes Torres, Paulo Skaf, o governador do Paraná
Beto Richa, também tucano e Eduardo Cunha, tanto quanto deram a candidatos
petistas.
Fora os milhões que deram ao PSDB (Comitê Presidencial e
Direção Nacional) e que foram repassados à campanha de José Serra e ou outros
milhões que deram à de Geraldo Alckmin para o Governo do Estado. Até o PV,
então Partido de Marina Silva, ganhou seu “milhãozinho”.
Todos receberam doações das mesmas empreiteiras, todas de
valor significativo.
Mas umas foram propina, as outras “participação legítima da
empresa no processo eleitoral”, o que é a situação hipócrita que se sustenta
com o engavetamento promovido pelo Ministro Gilmar Mendes da decisão do TSE que
proíbe dinheiro de empresas nas campanhas.
A delação premiada do Dr. Sérgio Moro produz uma
meia-verdade obtida a partir ao encarceramento de empresários por meses.
Que aceitam dizer que deram a um como propina e silenciam –
aliás, nem são perguntados – se aos outros que deram foi por amor.
Qualquer investigador perguntaria porque deram a outros partidos
Aqui, não.
Aqui a moralidade da mídia, bem como a apuração de seus
jornalistas, é seletiva.
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