Em artigo, Leopoldo Vieira revela como a presidente Dilma
Rousseff conseguiu sair do córner, na última semana; com Renato Janine,
reaproximou o governo de intelectuais; com Edinho Silva, incorporou uma visão
política à comunicação; com Michel Temer e Eliseu Padilha no núcleo político,
além de Henrique Alves no Turismo, criou as condições para reconciliar-se com o
PMDB; o encontro com os governadores do Nordeste também indicou a existência de
uma ampla frente em torno do diálogo e da legalidade; por fim, como explicitou
Miguel Rossetto, a reforma política, que prevê o fim do financiamento
empresarial de campanha, segue em pauta, como peça essencial no combate à
corrupção; leia a íntegra
28 de Março de 2015 às 17:57
Por Leopoldo Vieira
O governo vai retomando não só a iniciativa, mas boas
iniciativas:
1) Renato Janine no MEC reaproxima governo de intelectuais
(em tempos de fundamentalismo e obscurantismo, vide o #SomosTodosAVC), e
representa uma visão mais ampla da educação (nenhum passo atrás imposto à nação
ante o "Chega de Paulo Freire);
2) Edinho Silva na SECOM é uma visão política e estratégica
de relações com as mídias (o oligopólio, as regionais, a blogsfera), superando
a noção de "assessoria de encrenca";
3) Michel Temer e Eliseu Padilha no núcleo político,
Henrique Alves no Turismo e Vinícius Lages no Integração Nacional, é a
recomposição com o aliado fundamental PMDB;
4) A negociação com as centrais e governadores do Nordeste
em torno do ajuste fiscal, com as agências de risco sobre a economia
brasileira, e com o Congresso sobre a tabela do Imposto de Renda, retomam o
compromisso do amplo diálogo, presente no Discurso da Vitória, refazendo pactos
e dirimindo conflitos;
5) O ministro da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, em
artigo ao Globo,há dois dias, confirmou que a Reforma Política segue na pauta
e, melhor ainda, é a alternativa de superação para o escândalo fabricado da
Lava-Jato, perfilando coerência, a firmeza programática e LINHA;
6) A presidenta, em cadeia nacional, definiu o conceito do
ajuste: não é fim em si mesmo e serve à uma travessia rápida após a defesa de
empregos e salários feita por meio dos instrumentos estatais. É bom que isso
também entre nos argumentos: não tem estelionato algum;
7) O discurso demissionário de Cid Gomes demarcou um campo
importante: há diálogo e repactuação, mas há também limites. Aliás, o discurso
e os vetos presidenciais à legislação aprovada sobre criação de novos partidos;
8) Rodrigo Janot foi acionado oficialmente para investigar
Aécio, por causa da lista de Furnas. Pode ter sido ruim para a aliança, mas é
fato que Renan Calheiros e Eduardo Cunha estão na lista do PGR sobre a
Lava-Jato. Isso limita o ímpeto da oposição e de eventuais tentativas de
desestabilização, impõe o acordo e inibe a corrupção estrutural;
9) Se a proibição ao financiamento privado sair pelas mãos
do Supremo, a fisiologia e os que verdadeiramente se abastecem do dinheiro
privado (porque empresas doarem ao PT se explica, geramos novas rotas
comerciais, emprego, renda e, logo, consumo, produção e...mercados e lucros,
mas ao PSDB que gerou desemprego e recessão...) estarão "achacados".
E isso está no tenso jogo por de trás das coxias;
10) Se o ajuste funcionar, as marchas serão ainda mais
"majoritariamente compostas por não-eleitores da presidenta" (Miguel
Rossetto), pois as pesquisas mostraram que o povo foi contaminado pelo
pessimismo com o emprego e poder de compra do salário, não pelo "Vá para
Cuba";
11) Por falar em emprego e salário, a presidenta botou a pá
de cal na tentativa de sacrificar o salário mínimo no terrorismo político
inflacionário: reafirmou a Política de Valorização do Salário Mínimo. Sinal
bom, que reforça o que ela já dissera: "não vamos trair os compromissos
com a classe trabalhadora";
12) Já houve determinação para o destravamento do Fies,
Pronatec e a CAIXA vai lançar o Minha Casa, Minha Vida 3. Com Barack Obama, um
conjunto de parcerias comerciais pragmáticas serão estabelecidas. Economia e
inclusão vão girar e inquietudes se acomodarão.
13) Este conjunto de coisas parece dar razão a Jaques
Wagner, ao dizer que ele já viu governos em situação pior se recuperarem. Ele
fala por si, em certos momentos na Bahia, e se elegeu, reelegeu e fez o
sucessor sempre no primeiro turno, desancando o carlismo, que não é qualquer
oligarquia, assim como Brasil não é o Paraguai e a Ucrânia.
É importante juntar essas "bolas" para a oposição
saber que há governo e para a base social, política e eleitoral dele saber que
há narrativa e discurso político a ser apropriado e usado na disputa cotidiana.
E que não é o caso de esperar um milagre, é tomar a iniciativa.
* Leopoldo Vieira é "secretário do Núcleo Petista Celso
Daniel de Administração Pública"
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