Autor: Fernando Brito
Quando a gente erra – e todo mundo erra – deve reconhecer
isso.
E este blog errou quando, outro dia, afirmou que a tendência
da Secretaria de Comunicação da Presidência da República seria a de esvaziar-se
e ficar limitada à administração técnica
de verbas publicitárias do Governo.
A escolha de Edinho Silva, um político habilidoso e da
inteira confiança pessoal de Dilma para o cargo pode marcar uma inflexão
positiva no atual “encolhimento” de Dilma Rousseff em matéria de contato com a
sociedade, porque Silva, pela sua trajetória, sabe que a política é,
essencialmente, essa ligação e que os veículos de comunicação e os jornalistas
somos meios, não fim.
Por não ser jornalista, Silva contará com uma resistência
inicial dos coleguinhas, é quase certo. Natural, e nada, porém, que o trato
pessoal e a conversa não acabem por atenuar, exceto nos casos – infelizmente
não raros – em que o jornalista não quer
ouvir e pensar, mas apenas escrever o que incorporou já como verdade.
Pode ser que Dilma tenha percebido a necessidade de mudar,
ouvir e falar.
Sobretudo, a de assumir algum nível não de confronto, mas de
liberdade em relação às pressões da mídia, o que a escolha de Edinho Silva
induz a pensar.
Se fosse chegar algo do que digo à Presidente, sugeriria que
mude devagar, sem situações que provoquem ruídos, falsas interpretações e
chacoalhões.
Ouvi uma vez, na campanha de 1989, numa reunião de campanha
de Leonel Brizola na casa de Chico Buarque de Holanda, que nos momentos de
dificuldades, gostava de consultar os poetas.
Recorro então ao Paulinho da Viola:
Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim
Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar
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