O governo brasileiro e a Petrobras, comandada por Aldemir
Bendine, viram uma importante página nesta quarta-feira, com a publicação do
balanço auditado da Petrobras; isso significa que a empresa resistiu ao mais
duro ataque já empreendido contra uma empresa, que envolveu a Operação Lava
Jato, interesses internacionais conectados a forças políticas locais e CPIs no
Congresso; com o novo balanço, qualquer que seja o prejuízo apontado com a
corrupção, a empresa poderá retomar condições de financiamento e investimentos
no Brasil; projetos dos senadores José Serra (PSDB-SP) e Aloysio Nunes
(PSDB-SP), que preveem venda de ativos e retomada do modelo de concessões,
devem ter vida curta no Congresso; Exxon e Chevron perderam
21 de Abril de 2015 às 19:13
247 - Chegou ao fim, de forma melancólica, o ataque
especulativo contra a Petrobras, que se desenrola há, pelo menos, seis meses. O
último suspiro foi o artigo "Em defesa da Petrobras", publicado pelo
senador Aloysio Nunes, nesta terça-feira, em que, na prática, ele defende as
empresas americanas Exxon e Chevron.
"A escolha pelo regime de partilha, estabelecido no
governo Lula, trouxe problemas desde o início. No leilão do pré-sal em 2013,
apenas 11 empresas se inscreveram. O número ficou abaixo das 40 esperadas pela
Agência Nacional de Petróleo. Vale lembrar que duas gigantes do setor, Exxon e
Chevron, desistiram de participar da disputa", escreveu o parlamentar
tucano (leia mais aqui), no texto em que defendeu a volta do regime de
concessões.
Desde que a Operação Lava Jato ganhou intensidade, com a
prisão de alguns dos maiores fornecedores da Petrobras, a estatal foi vítima de
um bombardeio diário. Foram dezenas de acusações na imprensa, documentos
sigilosos vazados, duas CPIs no Congresso e a ações movidas no exterior, com
apoio de parte da imprensa brasileira. Pairava, ainda, a ameaça de que a
empresa não tivesse suas contas auditadas pela PriceWaterhouseCoopers, o que
provocaria o vencimento antecipado das dívidas da companhia, cujos títulos
passariam a ser classificados como papéis podres.
Esse jogo pesado mobilizou grandes investidores do Brasil e
de fora, além de megaespeculadores, como o húngaro George Soros. Aparentemente,
havia o interesse de depreciar ao máximo as ações da Petrobras, atribuir a
perda do chamado "grau de investimento" à administração estatal,
combinada com o regime de partilha, e forçar a mudança para o modelo de
concessões, que foi defendido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) na campanha
presidencial e é também uma bandeira de José Serra (PSDB-SP). Este último
chegou até a apresentar um projeto de lei, prevendo a privatização parcial da
companhia.
A virada com o balanço
Esse ataque especulativo, no entanto, chega ao fim nesta
quarta-feira, quando a Petrobras divulga para o Brasil e para o mercado
internacional seu balanço auditado. Não se sabe, ao certo, qual será o valor
atribuído às perdas com a corrupção, mas estima-se um valor próximo a R$ 6
bilhões.
Qualquer que seja o resultado, a empresa poderá retomar sua
normalidade, voltando a acessar o mercado de crédito. Um mercado, diga-se de
passagem, que não se fechou completamente à empresa. Recentemente, o Banco de
Desenvolvimento da China aprovou um empréstimo de US$ 3,5 bilhões à companhia.
Na semana passada, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também
se comprometeram em financiar a companhia.
Ontem, em Nova York, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
previu a volta da normalidade. Disse que a publicação do balanço será
"mais um passo" na reconstrução da empresa. "Há expectativa de
que, em alguns dias, eles [Petrobras] irão superar a questão do balanço
auditado. A expectativa é de que eles conseguirão publicar o balanço auditado e
que será muito bom", afirmou.
Quem percebeu, desde o início da gestão de Aldemir Bendine,
que os sinais emitidos pela Petrobras eram corretos não tem do que se queixar.
Em abril, as ações da empresa já se valorizaram mais de 40%.
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