Para quem considerou improdutivos os 100 primeiros dias do
segundo mandato, dois problemas gigantescos já estão encaminhados e devem ser
superados; um deles é a crise da Petrobras, que deve publicar seu balanço ainda
em abril; o segundo, não menos importante, é a relação com a base aliada, que
pode ser pacificada com as novas atribuições do vice Michel Temer; a terceira
questão, ainda pendente, é a retomada das obras e das concessões de
infraestrutura, o que só virá depois que as construtoras investigadas na Lava
Jato fecharem seus acordos de leniência com a União; com isso, o país poderá
voltar à uma normalidade que já vem sendo pressentida pelo mercado financeiro, onde os investidores já estão 'comprando Brasil' novamente
11 de Abril de 2015 às 06:30
247 - No dia de ontem, a presidente Dilma Rousseff
completou, no Panamá, onde se realiza a Cúpula das Américas, os primeiros 100
dias do seu segundo mandato. Sem trégua e sem direito a "lua de mel",
ela foi massacrada em editoriais da imprensa familiar e também em textos
distribuídos pelo oposição, como no artigo "100 noites de governo
Dilma", produzido pelo Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB.
Os primeiros 100 dias, no entanto, produziram resultados
importantes em, pelo menos, duas áreas que pareciam comprometidas. A mais
importante delas, a Petrobras.
Desde a chegada de Aldemir Bendine à presidência, a estatal
saiu das cordas e avançou na preparação do seu balanço, que será publicado
dentro das próximas semanas. Com isso, dissipou-se o risco de que a empresa
tivesse antecipado o vencimento de suas dívidas. Resultado: em duas semanas, as
ações da empresa já subiram mais de 40% e a tendência é que continuem escalando
a ladeira.
Na área política, a rebelião dos caciques Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL) foi contida pela escolha do
vice-presidente Michel Temer para coordenar a Articulação Política. Resultado:
duas CPIs que estavam prontas para ser instaladas, a dos fundos de pensão e a
do BNDES, caíram depois que várias assinaturas foram retiradas.
Não é pouca coisa para um governo que, no início do segundo
mandato, era apontado como uma administração com prazo de validade. Os acertos
na Petrobras e no campo político tornam remotíssimas as possibilidades de
golpe, renúncia ou impeachment. Ou seja: tudo indica que o País deverá, aos
poucos, retomar uma normalidade, que já vem sendo pressentida pelo mercado
financeiro – ontem, pela primeira vez no ano, o Ibovespa superou 54 mil pontos
e analistas já apostam na marca dos 60 mil.
Ainda falta, no entanto, desarmar a terceira bomba colocada
no colo da presidente Dilma, que é a paralisia das obras de infraestrutura, em
decorrência da Lava Jato. Para isso, o caminho natural será acelerar os acordos
de leniência entre construtoras investigadas e a União, para que as
empreiteiras voltem a ter acesso a mecanismos de crédito.
Não por acaso, impedir os acordos de leniência é, hoje, um
dos principais objetivos da oposição. "Eles não têm segurança
jurídica", disse o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que, embora do PMDB,
é mais alinhado ao grupo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A paralisia do País
e das obras de infraestrutura atende à lógica do 'quanto pior, melhor', traçada
pelo ex-governador paulista Alberto Goldman, que apontou a derrocada econômica
como uma das precondições de um eventual impeachment.
Dilma, no entanto, já desarmou as bombas da Petrobras e do
PMDB e, ao que tudo indica, será capaz de desarmar a terceira.
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