Por Altamiro Borges
Os entreguistas de plantão e a mídia privatista não estão
muito preocupados com as denúncias de corrupção na Petrobras. Na esteira de
mais este escândalo, que envolve ex-diretores da estatal e poderosas
empreiteiras, ambos visam outros objetivos. Um é mais imediato: a sangria do
governo Dilma, apesar do seu esforço para apurar todas as irregularidades.
Outro é mais estratégico: a entrega das riquezas do petróleo às multinacionais
do setor. Este segundo intento ficou ainda mais explícito neste fim semana. Em
editorial neste domingo (19), o jornal O Globo defendeu abertamente a abertura
do pré-sal para as empresas estrangeiras. Já o tucano Aloysio Nunes Ferreira, o
aloprado vice do cambaleante Aécio Neves, pregou o fim do modelo de partilha do
petróleo.
Para o jornalão da famiglia Marinho, “o atual modelo para a
exploração das novas áreas na camada do pré-sal restringe fortemente a
possibilidade de atrair investidores e gerar mais receitas para o país. A
situação financeira da Petrobras é um dos maiores obstáculos, porque o modelo
exige que a estatal seja operadora única dos futuros blocos a serem explorados
e ainda com a obrigação de participar em pelo menos 30% do consórcio vencedor,
qualquer que seja... São regras que não combinam com a necessidade de a
Petrobras escolher sócios e projetos de acordo com seus interesses”.
Diante deste cenário, O Globo explicita sua proposta
entreguista: “Essas regras poderão ser modificadas por iniciativa do Poder
Executivo ou do Congresso. O ideal é que as questões técnicas prevaleçam sobre
as ideológicas para que vários objetivos simultâneos possam ser atingidos:
autonomia operacional da Petrobras, diversificação de investimentos (com
consequente transferência de tecnologia), aumento de produção e arrecadação de
royalties, ampliação da cadeia produtiva do setor, etc.”. Chevron, Exxon e outras
multinacionais do setor devem ter aplaudido o editorial do velho entreguista O
Globo.
Entreguista e bajulador de FHC
Elas também devem ter adorado o artigo do senador Aloysio
Nunes Ferreira, publicado na Folha desta terça-feira (21). Ele é autor do projeto
de lei 417/14, que propõe a extinção do regime de partilha para os contratos de
exploração do pré-sal. Sem papa na língua, o ex-motorista do guerrilheiro
Carlos Marighela que se converteu num expoente da direita nativa afirma que “a
escolha do regime de partilha, estabelecido no governo Lula, trouxe problemas
desde o início. No leilão do pré-sal em 2013, apenas 11 empresas se
inscreveram. O número ficou abaixo das 40 esperadas pela Agência Nacional de
Petróleo. Vale lembrar que as duas gigantes do setor, Exxon e Chevron,
desistiram de participar da disputa”.
Além de defender as multinacionais, em detrimento dos
interesses nacionais, o tucano também aproveita para bajular o modelo de
concessões de FHC. “O modelo – instituído no governo Fernando Henrique Cardoso
–, aliado à abertura do capital da empresa, foi o que nos aproximou da
autossuficiência... Foi o modelo de concessão que contribuiu para gerar lucro
de R$ 62 bilhões na Petrobras durante o governo FHC e que abriu caminho para
uma ascensão da empresa nos anos seguintes... A concessão traz mais competição
entre as empresas e torna a Petrobras mais eficiente. Além disso, a população
não fica refém das vontades de grupos de burocratas. E já está claro: aparelhar
uma estatal de acordo com o interesse de certos partidos políticos só gera
prejuízos”.
Os inimigos da Petrobras
Os argumentos exibidos pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP)
e pelo jornal O Globo servem apenas para reforçar a investida especulativa das
multinacionais contra o petróleo brasileiro. Nos últimos meses, esta ofensiva
tornou-se brutal. No final de fevereiro, os abutres da Agência Moody’s
rebaixaram a nota da estatal com o nítido objetivo de acelerar a votação do
projeto que extingue o regime de partilha. A urubóloga Miriam Leitão e outros
“calunistas” deram o maior destaque a desacreditada e corrupta agência
estadunidense. Pouco depois, a revista britânica “The Economist”, a bíblia dos
neoliberais, publicou um texto apocalíptico, intitulado “O atoleiro do Brasil”,
afirmando que os investidores abandonariam a Petrobras em decorrência das
denúncias de corrupção.
Na ocasião, o Jornal do Brasil questionou, em editorial, a
violenta pressão externa. “Assim como a agência americana Moody's, que rebaixou
a nota da Petrobras, a revista The Economist também concedeu a si mesma o papel
de juíza do Brasil.. Não é a primeira vez que a Economist dá seus palpites. A
mesma publicação havia recomendado em seu editorial de 18 de outubro de 2014 o
voto em Aécio Neves (PSDB) quando faltavam menos de dez dias para as eleições
presidenciais. Nessa edição, a capa trazia a ilustração de uma mulher
estilizada como Carmen Miranda, mas com ar de tédio e com frutas apodrecidas
sobre a cabeça. Com o título ‘Por que o Brasil precisa de mudança’, o texto
fazia um balanço pessimista dos quatro anos de governo da presidente Dilma
Rousseff (PT)”.
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