Autor: Miguel do Rosário
Boulos, liderança do Movimento dos Sem-Teto, em São Paulo,
assina um artigo que sintetiza a hipocrisia gritante dos coxinhas.
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Trechos de artigo de Guilherme Boulos, publicado hoje na
Folha.
“O orgulho coxinha entrou na moda. Muitos andam por aí, nas
ruas e nas redes, autoproclamando-se “coxinhas” sem nenhum pudor. Virou
identidade positiva. O coxinha se considera trabalhador, estudioso, um cidadão
de bem que cumpre seus deveres. É contra a corrupção e privilégios que firam a
meritocracia.”
Mas, já nos ensinou Freud, sempre é bom desconfiar do juízo
que as pessoas fazem sobre si próprias. Os coxinhas que têm infestado o debate
político atual não são exatamente modelos de retidão e coerência.
São adeptos do “dois pesos, duas medidas”. Sua visão tacanha
do mundo, que dificilmente resiste à crítica, com frequência descamba para o
ódio e a intolerância. Substituem os argumentos por xingamentos.
O coxinha se indigna com os R$ 25 bilhões que o Estado paga
anualmente ao Bolsa Família, mas acha normal os R$ 978 bilhões pagos por este
mesmo Estado ao bolsa banqueiro.
Ele sai às ruas de branco pedindo redução da maioridade
penal quando um cidadão de classe média é assassinado, mas mantém seu silêncio
sorridente ao saber que, a cada dia, dois jovens pobres são mortos pela polícia
de São Paulo.
Acha que a corrupção no Brasil começou com o PT e faz vistas
grossas ao trensalão, ao escândalo do HSBC ou ao aeroporto do titio [PS
Cafezinho: E à sonegação da Globo e à operação Zelotes]. (…)
Alguns dizem que a onda coxinha revela o nascimento de uma
nova direita no Brasil. Direita sim, nova nem tanto. São apenas os velhos
ranços, preconceitos e indignações seletivas da porção mais conservadora da
classe média que encontraram ocasião para sair de algum canto do armário.”
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