segunda-feira, 13 de abril de 2015

NOTAS VERMELHAS: FIQUE LIGADO!

Dia 12: imagens de um fracasso e a baixaria de Ricardo Noblat

  

“12/4, vai ser maior”, assim era a convocação e mais ainda a esperança dos organizadores da manifestação “espontânea”. Aliás, louve-se a organização e a influência da manifestação espontânea. Além do surgimento espontâneo de dezenas de trios elétricos justamente nos locais das manifestações (só na Avenida Paulista eram 14), espontaneamente a Federação Paulista de Futebol obrigou o Corinthians a transferir seu jogo com a Ponte Preta de domingo para sábado. 


Fez o mesmo em relação ao Palmeiras, que teve que jogar às 11 horas da manhã de domingo. Tudo de forma espontânea. Querem mais gestos espontâneos? O MASP, um dos principais pontos turísticos de São Paulo, fechou no dia 12. No local da feirinha que fica ao lado do museu espontaneamente foram instalados banheiros químicos e uma base de atendimento médico para os participantes da manifestação. Espontaneamente também desde sábado (11) a mídia hegemônica intensificou a convocação em bloco para o ato. O site UOL (Grupo Folha) estampou durante todo o dia que antecedia a passeata a chamada: “Vai a manifestação amanhã? Mande sua foto ou vídeo”. A Rede Globo destinou a íntegra da programação de um dos seus canais a cabo (Globonews) para tentar encher as passeatas Tal como na manifestação do dia 15 de março, o canal ressaltava o tempo inteiro o caráter “pacífico” desta gente limpa e cheirosa que é contra a Dilma. Todas as redes de TVs interromperam a programação normal por diversas vezes para informar e convocar. Mesmo com tantos gestos espontâneos, a manifestação foi bem menor. 

Dia 12: ódio e despolitização

Apenas uma coisa permaneceu igual a passeata do dia 15 de março: as manifestações de ódio e despolitização, que revelam o grande estrago de ter uma mídia monolítica e de baixo nível que, repetindo Joseph Pulitzer, “forma um público tão vil como ela mesma”. Vejam as fotos e vídeos selecionados com a ajuda da redação do Portal Vermelho, especialmente da jornalista Mariana Serafini. Pedidos de intervenção das forças armadas e pela volta da ditadura não faltaram, gerando um momento hilário. 
Um senhor, defensor do regime militar, estava pregando o golpe e um policial o interrompe e ameaça rebocar seu veículo. O defensor da ditadura reclama; “pô, não temos liberdade”. Uma menina denuncia: Dilma quer instalar um “chip do diabo” nas pessoas. O fotógrafo Beto Novaes, trabalhando na cobertura da manifestação, é agredido em Belo Horizonte por ser parecido com o Lula. Uma faixa sugere que Dilma se suicide. Uma manifestante faz um ensaio sensual em prol do “fora PT”. Outra protesta sozinha em Paris. E alguns ficam frustrados por que uma filial em SP do Starbucks Coffe estava fechada “por falta de água”, ironia involuntária proporcionada pela gestão tucana de Alckmin. Ao lado das manifestações exóticas, vemos também surgirem as palavras de ordem que a mídia hegemônica defende. Assim, um manifestante exibe um cartaz dizendo “terceirização sim, PT não”. Outro alega que “sonegação não é corrupção”. Um casal quer que (o ministro do STF) Toffoli (no cartaz o nome do ministro está grafado errado) não participe do julgamento do “petrolão” e que o TSE casse a Dilma. Uma equipe da revista Carta Maior, entrevista pessoas na passeata sobre terceirização. As respostas são reveladoras do “elevado” nível de consciência política dos manifestantes. 

 


Dia 12: O tiro de canhão


Se o pacífico leitor estiver com um revólver calibre 38 nas mãos e acertar um alvo a cerca de, digamos, 50 metros de distância, causando um furo na madeira, pode-se dizer que foi um bom tiro. Mas se o pacífico leitor, ao invés de um revólver calibre 38, estiver pilotando o lendário tanque soviético IS-2, tendo à disposição um canhão D25-T de 122 mm e duas metralhadoras DT e uma DShK, que colocaram para correr as hordas nazistas, e ainda assim conseguir apenas furar o alvo, então sem dúvida pode-se considerar isso um fracasso de grande monta. Muita gente foi às ruas no dia 12, mas com todo o arsenal da mídia monopolista e do consórcio oposicionista, o tiro foi dado, mas o alvo continua de pé. Se não intacto, bem menos atingido do que gostariam. O desespero de Ricardo Noblat
Ricardo Noblat não é conhecido por sua isenção. Um dos mais raivosos colunistas amestrados, destila intransigência contra a esquerda e contra o PT e ficou tristemente famoso por 
defender Jair Bolsonaro, quando este atacou Preta Gil com racismo e homofobia. Noblat parece transtornado com o fracasso da passeata deste domingo. Como alguém que tenta reavivar as chamas de uma fogueira que se apaga e para isso suja as mãos de cinza, Noblat em sua coluna desta segunda-feira (13) parte para a baixaria contra a presidenta Dilma. Diz que Dilma mente. Diz que ela não “ama seus semelhantes, ou que não sabe expressar seu amor por eles” e portanto, “não pode ser amada”. Para justificar esta fantasia, Noblat fala que Dilma agrediu uma criada no Planalto jogando na empregada cabides de roupa. Quando um jornalista chega a este ponto, revela duas coisas: o próprio nível moral e o um desespero comovente. Dilma, apesar de ter sido reeleita com mais de 54 milhões de votos, não “merece ser amada”, segundo o articulista. O Brasil é que não merece um jornalismo tão “cínico, mercenário, demagógico e corrupto” (Pulitzer de novo) como é o praticado pelo jornal O Globo e seus colunistas amestrados. 

O golpe judiciário

Uma das variantes dos intentos golpistas é que o golpe possa ser viabilizado usando como instrumento o judiciário. Aliás, diversas faixas endeusando o juiz Sergio Moro estiveram presentes no dia 12. Como se sabe, tanto o ínclito Sergio Moro quanto o probo Joaquim Barbosa trazem na lapela o título de cidadão do ano de O Globo, honraria que deve ser usada com o mesmo orgulho de quem recebeu uma cruz de ferro do próprio Adolfo Hitler, pois este grupo de comunicação tem as mãos sujas do sangue de democratas mortos e torturados pela ditadura militar. Um colunista amestrado do segundo time do jornal O Globo, Paulo Guedes, em sua coluna desta segunda-feira (13) expressa o desejo universal dos golpistas: “Nossas esperanças estão agora com o Poder Judiciário (...) As atuações de Joaquim Barbosa antes, e Sergio Moro, agora, são claras indicações de que há novas exigências éticas para o exercício da política”. Recordemos que membros do MPF promoveram, na semana passada, uma inusitada entrevista coletiva onde pediram a blindagem da nossa isenta mídia hegemônica. Haja medalha para tanta gente.

Colabore com o Notas Vermelhas: envie sua sugestão de nota ou tema para o email wevergton@vermelho.org.br

0 comentários :

Postar um comentário