E quer Ley de Medios !
Na última sexta-feira (17), a Executiva Nacional do PT
divulgou resolução que aponta uma “escalada das forças conservadoras” no
Brasil. O documento cita o uso de
manipulação de investigações policiais com o apoio de importantes empresas de
comunicação “que ocupam a linha de frente” com o objetivo de “destruir o
Partido dos Trabalhadores”, diz a nota.
Ainda ontem, o partido anunciou não pretende mais receber
doações de empresas para custear campanhas eleitorais.
As propostas devem ser analisadas no 5º Congresso da
legenda, que acontecerá em junho, em Salvador.
No documento, o partido reforçou a posição contrária a PL
4330, que regulamenta a Terceirização,
contra a PEC 171, que determina a redução da maioridade penal, e a PEC 215, que
altera a forma de demarcação das terras indígenas.
Leia na íntegra:
RESOLUÇÃO POLÍTICA
O País assiste há semanas uma escalada das forças
conservadoras. Esse movimento, de profundo caráter reacionário, se estende das
instituições à disputa das ruas, da batalha de ideias e informações à
manipulação de investigações policiais, da agenda econômica aos direitos civis.
Seu propósito é indisfarçavel: derrotar a administração da presidenta Dilma
Rousseff, revogar conquistas históricas do povo brasileiro e destruir o Partido
dos Trabalhadores.
Esta ofensiva engloba os interesses políticos e de classe
dos setores que perderam o comando do Estado em sucessivas batalhas eleitorais
desde 2002, mas agora rearticulados para interromper o processo de mudanças
iniciado pelo ex presidente Lula. Para tanto, tentam impor seu programa ao
governo e ao país, banir a esquerda como alternativa de poder e criminalizar os
movimentos sociais.
A oposição de direita, liderada pelo PSDB, busca fundir sua
tática à ação dos grupos reacionários de caráter extraparlamentar, responsáveis
pela convocação das camadas mais abonadas à mobilização contra o mandato
constitucional da presidenta Dilma Rousseff. Cada dia fica mais clara a
intenção golpista dessa política, encarnada por politicos aventureiros e bacharéis
de plantão, que ensaiam processo de impeachment sem qualquer base jurídica ou
legal.
A maioria conservadora no parlamento empenha-se na aprovação
de contra-reformas que retiram direitos dos trabalhadores, preservam mazelas do
atual sistema político e impõem retrocesso a avanços com relação a direitos
civis, políticos e sociais. Além do caráter regressivo dessas medidas,
revela-se a intenção de emparedar o governo e deixá-lo de mãos atadas em
momento de gravidade da situação nacional.
Importantes empresas de comunicação, que efetivamente
exercem o monopólio da produção e veiculação de informações, ocupam a linha de
frente da empreitada restauradora. Abertamente, comandam a onda reacionária,
estimulam o terrorismo econômico, convocam a ocupação das ruas contra o governo
e procuram criar clima de condenação moral contra o PT a partir de notícias
distorcidas sobre investigações de corrupção na Petrobrás. Corrupção nunca
dantes combatida como nos governos do PT, que deve ser enfrentada implacavelmente
nos marcos do Estado de Direito, mas não de forma seletiva, facciosa e
espetaculosa. Por isso é que também exigimos a mais ampla e transparente
investigação dos episódios envolvendo o HSBC e a chamada Operação Zelotes, de
combate à corrupção e à sonegação fiscal.
Não faz parte da nossa história, da nossa tradição
democrática, de nossa ética pública e de nossa prática na democracia brasileira
a convivência e a conivência com a corrupção. Se algum dirigente ou filiado
praticou corrupção não foi em nome dos petistas. E, se comprovadamente algum
filiado incorreu em corrupção será expulso.
O PT liderou entre 2003 e 2014 as maiores e mais importantes
iniciativas no combate à corrupção na história brasileira mais recentemente a
Presidenta Dilma sintetizou e propôs ao parlamento cinco novas propostas que
buscam cercar a impunidade dos corruptos no Brasil. Daí porque o PT luta pelo
fim do financiamento empresarial das eleições, que renova na base os circuitos
da corrupção no Brasil.
Ao mesmo tempo que lutamos pelo fim do financiamento
empresarial decidimos que os Diretórios Nacional, estaduais e municipais não
mais receberão doações de empresas privadas, devendo essa decisão ser
detalhada, regulamentada e referendada pelos delegados(as) ao 5º. Congresso Nacional
do PT.
O Partido revitalizará a contribuição voluntária, individual
dos filiados, filiadas, simpatizantes e amigos. Tais definições são coerentes
com nosso Estatuto, segundo o qual “arrecadação básica e permanente do Partido
é oriunda de seus próprios filiados”. Ao mesmo tempo, condizem também
coerentemente com a nossa defesa de uma reforma política democrática que ponha
fim à interferência do poder econômico nas decisões políticas.
A prisão do companheiro João Vaccari, nas condições em que
ocorreu, demonstra que o clima de ódio e revanche envolve também fatias da
Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. Vamos assistindo, aos
poucos, a transformação de indispensável processo de apuração e punição,
relativo a desvios na principal estatal brasileira, em espetáculo de atropelos
legais, politicamente manipulado a serviço das forças antipetistas. Mais que
tudo, conforma-se um embrião de estado de exceção, violador dos mais
elementares direitos fundamentais, cuja existência indigna, enoja e ofende a
consciência democrática do País. E, por isso mesmo, antes que prospere, exige
resposta corajosa da nossa militância.
O Partido dos Trabalhadores, diante deste cenário,
concentrará o melhor de suas energias para construir, ao lado de outras correntes
progressistas, junto com movimentos do campo e da cidade, uma frente
político-social para a defesa da democracia, das pautas dos trabalhadores e das
reformas estruturais.
Um novo pacto do campo democrático-popular é indispensável
para disputar as ruas e as instituições contra o bloco conservador.
O Partido dos Trabalhadores reafirma que o programa para a
unidade popular deve ter como eixos básicos a reforma política, com proibição
do financiamento empresarial de campanhas; com a firme defesa dos direitos
humanos com a criminalização da homofobia e a rejeição da PEC 215, que versa
sobre a transferência da FUNAI para o Legislativo da responsabilidade pela
demarcação das terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação; bem
como da PEC 371, que pretende reduzir a maioridade penal; a defesa da Petrobrás
e do regime de partilha e de conteúdo nacional; a reforma tributária de caráter
progressivo, com adoção de impostos crescentes sobre renda, patrimônio e
ganhos financeiros; a democratização dos meios de
comunicação, com o restrição dos monopólios de mídia; a expansão da reforma
agrária; uma reforma urbana, com investimentos em mobilidade, moradia e
saneamento; a adoção de um amplo programa de ampliação e melhoria dos serviços
públicos.
Diante da tramitação da contra-reforma política (PEC 352), o
PT reafirma sua posição congressual – em defesa de uma Assembléia Constituinte
Exclusiva e Soberana, do financiamento público exclusivo, do voto em lista com
paridade de gênero e da participação popular – e de sua objeção à
constitucionalização do financiamento empresarial.
O Partido dos Trabalhadores apoia o empenho da presidenta
Dilma Rousseff para enfrentar os problemas fiscais do Estado brasileiro, mas
considera vital que a política econômica esteja voltada para impedir que os
efeitos desse ajuste recaiam sobre as costas dos trabalhadores e tenham caráter
recessivo. O Diretório Nacional, nesse sentido, considera fundamental o mais
amplo diálogo do governo com a sociedade (sobretudo com os movimentos sociais e
centrais sindicais).
O DN também orienta nossas bancadas no Congresso Nacional,
que já vêm trabalhando nessa direção, a ajudar no aprimoramento das medidas
propostas pelo Ministério da Fazenda, a partir do princípio de que o custo de
retificação das contas públicas deve ser assumido pelos mais ricos. A este
respeito orientamos todas nossas bancadas nos estados e municípios a serem
porta-vozes desta política.
O Partido dos Trabalhadores considera que a principal
batalha da conjuntura é a que está sendo travada contra o Projeto de Lei nº
4330, que expande a terceirização do trabalho para todas atividades econômicas,
e se constituiu em um dos principais núcleos da política neoliberal. Sua
aprovação definitiva representaria o mais rude golpe contra a classe
trabalhadora desde a consolidação dos direitos trabalhistas em 1943. O
Diretório Nacional recomenda, assim, que os parlamentares petistas continuem
seu trabalho de resistência contra essa medida, buscando unidade com
representantes de outros partidos, para impedir a aprovação deste projeto de
lei.
O Diretório Nacional também considera fundamental a
ampliação da mobilização sindical e popular contra a terceirização, nas ruas e
nas redes, até que a pressão seja suficiente para estabelecer nova relação de
forças nas duas casas legislativas.
A militância petista, em suas entidades ou através dos
diretórios partidários, nos locais de estudo e trabalho, deve participar
ativamente da organização e realização de todas as jornadas de luta convocadas
pela CUT e demais organizações sindicais. Sobretudo, o engajamento e
participação no 1o. de Maio unificado em todo o País, em defesa dos direitos da
classe trabalhadora e da democracia. É um momento de cada diretório e núcleo do
PT se organizarem para realizar discussões sobre a conjuntura e preparar cada
militante para o debate e ação política.
É também o momento da militância participar das conferencias
nacionais convocadas pelo nosso governo.
O Diretório Nacional conclama a presidenta Dilma Rousseff a
assumir o papel de liderança na campanha contra a terceirização, como já tem
agido na disputa contra a redução da maioridade penal, ao mesmo tempo que
recomenda o veto presidencial caso o projeto de lei 4330 venha a ser acolhido
pelo parlamento.
O Partido dos Trabalhadores reafirma apoio firme e decidido
ao governo da companheira Dilma Rousseff, ressaltando que continuará, dentro do
gabinete de coalizão, a representar os interesses das camadas populares e suas
aspirações por mudanças. O Diretório Nacional convoca todos os companheiros à
enérgica mobilização contra os agrupamentos empenhados em virar a mesa do jogo
democrático e regredir ao modelo neoliberal.
O Diretório Nacional, ciente da necessidade de uma profunda
avaliação sobre a orientação política praticada desde o governo Lula e da
urgência de uma ampla reflexão sobre os desafios para a continuidade das
reformas, conclama todos os militantes e amigos do PT ao máximo empenho nos
debates do 5º Congresso Nacional e a transformá-lo em um grande momento de
reafirmação da identidade e do vigor do principal partido da esquerda
brasileira.
São Paulo, 17 de abril de 2015
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores”
Alisson Matos, editor do Conversa Afiada
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