Um relatório da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta quinta-feira (21) aponta que
a desigualdade social diminuiu na maioria dos países da América Latina, em
especial no Brasil. Segundo o estudo, a desigualdade de renda atingiu níveis
recordes na maioria dos países da OCDE.
Programas sociais reduzem a fome na AL e Caribe Programas
sociais reduzem a fome na AL e Caribe
As pessoas que fazem parte do grupo dos 10% mais ricos agora
ganham 9,6 vezes a mais na comparação com os 10% mais pobres. Na década de 80
essa relação era de 7 vezes.
"Chegamos a um ponto de inflexão. A desigualdade nos
países da OCDE está em seu nível mais alto desde que os registros começaram
", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, no lançamento do
relatório em Paris. "A evidência mostra que a alta desigualdade é ruim
para o crescimento. O caso para a ação política é tanto econômico como social.
Por não abordar a desigualdade, os governos estão cortando o tecido social dos seus
países e prejudicando o seu crescimento econômico a longo prazo."
O relatório destaca a necessidade de abordar as condições de
trabalho. A crescente proporção de pessoas que trabalham com contratos
temporários ou trabalhadores por conta própria é um importante fator de
desigualdade. Entre 1995 e 2013, mais de 50% de todos os empregos criados nos
países da OCDE caiu nessas categorias. Trabalhadores temporários pouco
qualificados, em particular, têm rendimentos muito baixos e mais instáveis do
que os trabalhadores permanentes.
Os jovens são ainda mais afetados: 40% estão em trabalho
não-padrão e cerca de metade de todos os trabalhadores temporários possuem
menos do que 30 anos. Eles também são menos propensos a conseguir trocar um
emprego temporário por um permanente e estável.
Outro ponto discutido pelo relatório é que as mulheres ainda
ganham cerca de 15% menos que os homens.
Os países que mais registraram desigualdade entre os membros
da OCDE foram Turquia, Estados Unidos, Israel, Dinamarca, Eslovênia e Noruega.
A desigualdade é ainda maior em grandes economias emergentes, embora tenha
caído em muitos destes países, incluindo o Brasil.
À BBC Brasil, Horácio Levy, analista de políticas sociais da
organização informaou que "a trajetória da América Latina contrasta com a
dos países da OCDE, onde a desigualdade de renda tem aumentado desde o início
dos anos 80".
Gini
De acordo com a BBC, levando em conta o coeficiente Gini
(indicador que mede a desigualdade de renda e que vai de 0 a 1, sendo que
quanto mais alto, maior é a desigualdade), a média dos países da OCDE é de
0,32, nos anos 80 era de 0,29, ou seja, houve um aumento de 11% na
desigualdade. No Brasil, o coeficiente Gini passou de 0,6 nos anos 90 para
0,55, uma queda de cerca de 8%.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com um IDH de 0,744,
o Brasil melhorou uma posição em relação a 2012 no ranking de países,
aparecendo agora em 79º entre os 187 países e territórios reconhecidos pela
ONU.
Este IDH é superior ao IDH médio da América Latina e do
Caribe (0,740) e ao IDH calculado para os países de Alto Desenvolvimento Humano
(0,735), grupo do qual o Brasil faz parte. Os valores e rankings do IDH são
calculados utilizando dados internacionalmente comparáveis para saúde, educação
e renda.
Queda da desigualdade na América Latina
Ainda segundo o analista da organização, "houve, a
partir do início dos anos 2000, uma queda generalizada da desigualdade na
América Latina. Essa redução não ocorreu de forma tão acentuada em outras
regiões", e completa: "Dessa vez o bolo cresceu, com o crescimento
econômico, e foi melhor dividido. É um fato novo na realidade
latino-americana".
"Os gastos na área de saúde e educação também
aumentaram, o que teve impacto importante na redução das desigualdades" na
América Latina, diz o analista da organização.
Para reduzir a desigualdade e aumentar o crescimento
inclusivo, a OCDE diz que os governos devem: promover a igualdade de gênero no
emprego; ampliar o acesso a melhores empregos; e incentivar um maior
investimento na educação.
Redistribuição de renda via impostos e transferências também
é uma forma eficaz de reduzir a desigualdade. Para resolver isso, as políticas
públicas têm de assegurar que os indivíduos mais ricos e as empresas
multinacionais paguem uma parte maior da carga tributária.
Do Portal Vermelho, com agência e Portal da O
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