Na entrevista coletiva em que apresentou ao mundo as
vísceras da corrupção na Fifa, a secretária de Justiça dos Estados Unidos,
Loreta Lynch, foi didática, até desenhou o caminho da corrupção na entidade;
entre os personagens que pagaram propina para adquirir direitos de transmissão
da Copa do Mundo, Libertadores, Copa América ou Copa do Brasil, estão os grupos
de mídia que transmitem os eventos; segundo Lynch, a corrupção é
"sistêmica, desenfreada" e funciona há pelo menos 24 anos; se a Globo
é dona dos direitos de todos os campeonatos investigados e mantém relações
empresariais com o pivô do escândalo, o brasileiro José Hawilla, dono da maior
afiliada da emissora, a TV TEM, e réu confesso de crimes de extorsão e lavagem
de dinheiro, fica difícil acreditar no editorial da edição de quarta-feira do
"Jornal da Globo" de que "não pesam suspeitas sobre as empresas
de mídia que compraram desses intermediários os direitos de transmissão" (Fonte: Brasil 247)
29 de Maio de 2015 às 17:21
247 – Na entrevista coletiva em que apresentou ao mundo as
vísceras da corrupção na Fifa, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos
mostrou, didaticamente, o que pode ser chamado de fluxograma da propina, que,
se as investigações avançarem no Brasil, pode atingir em cheio as Organizações
Globo, da família Marinho.
O esquema é de fácil compreensão e trata-se basicamente de
uma reação de corrupção em cadeia: os organizadores de um evento de futebol,
seja a própria Fifa, ou as confederações dos continentes, regionais ou até
nacionais, como a CBF, são quem primeiro detêm os direitos de transmissão e
marketing dos eventos. Para comprar esses direitos, empresas de Marketing
Esportivo, como a Traffic Group, do brasileiro José Hawilla, pagavam milhões às
confederações, e outros milhões de dólares em propina para os dirigentes das
entidades.
De acordo com o esquema desenhado pelo governo americano, as
empresas de marketing esportivo, de posse dos direitos de transmissão de
campeonatos importantes, como a Copa do Mundo, Libertadores, Copa América ou
até a Copa do Brasil, revendia-os aos grupos de comunicação e patrocinadores,
que também pagavam propina às empresas para fecharem os contratos.
Não é novidade para os brasileiros que as Organizações Globo
detêm há décadas o monopólio na transmissão de eventos internacionais de
futebol. Só da Copa do Mundo, a parceria com a Fifa vem desde o mundial de
1970. Todos os campeonatos em que foi identificado pelo FBI o pagamento e
recebimento de propina, a emissora da família Marinho é a transmissora oficial
no Brasil (leia aqui reportagem do 247 sobre o assunto).
Segundo a secretária de Justiça dos EUA, Loreta Lynch, a
corrupção em jogos comandados pela Fifa e suas confederações subalternas existe
de forma "sistêmica e desenfreada" há pelo menos 24 anos.
Se a Globo é dona soberana dos direitos de transmissão no
Brasil dos principais eventos mundiais do futebol desde os anos 70, e mantém
relações empresariais com o pivô do escândalo, o brasileiro J. Hawilla, dono da
maior afiliada da emissora, a TV TEM, e réu confesso de crimes de extorsão,
fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, fica difícil acreditar no editorial do
"Jornal da Globo" de quarta-feira 27 de que "não pesam acusações
ou suspeitas sobre as empresas de mídia de todo o mundo que compraram desses
intermediários os direitos de transmissão".
O que você, leitor, acha?
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