Autor: Fernando Brito
Do Valor, há três dias, reverberando as expectativas da
urubologia de mercado sobre a Petrobras:
“A Petrobras deve fechar o primeiro trimestre deste ano com
um lucro líquido de R$ 2,72 bilhões, resultado 49,5% menor frente aos três
primeiros meses do ano passado. A previsão toma como base a média das projeções
de cinco bancos de investimento consultados pelo Valor, que indicam, ainda,
para uma redução média de 4,7% no faturamento, para R$ 77,73 bilhões, e um
crescimento de 23% no Ebitda, para R$ 17,64 bilhões, na mesma base de
comparação.”
As previsões eram da Goldman Sachs, do Bradesco, Deutsche
Bank e de outras instituições.
Do Valor, agora há pouco:
“A Petrobras encerrou o primeiro trimestre desse ano com
lucro de R$ 5,33 bilhões, queda de 1% na comparação com o lucro líquido de R$
5,393 bilhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior.”
Uai, não eram 49,5% de queda?
E a relação entre o resultado antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (Ebitda) e dívida, que prenunciavam ia explodir,
baixou de 4,77 vezes para 3,86, mesmo com a forte desvalorização cambial.
Embora o valor nominal tenha crescido (de 282 para 332 bilhões de reais) o
aumento, de 18%, foi inferior à depreciação do real (20,8%) e uma enorme parte
destas dívidas é, como é natural em grandes empresas e especialmente no setor
petroleiro, em dólar.
O fato é que em Nova York, onde não lêem os jornais
brasileiros, no “after-hours” da bolsa local,o ADR (correspondente a ações) da
Petrobras sobe 4.05% no momento em que escrevo, depois de já ter subido 2% no
pregão normal.
Sem contar essa subida noturna, do início do ano para cá, a
Petrobras lidera com folga a valorização entre as petroleiras – claro que em
boa parte por ter sido atirada, artificialmente, lá em baixo. Subiu 38,4%,
contra 12,3% da Shell, enquanto quase todas as outras amargam índices
negativos.
Medida por um ano, mais ou menos o tempo em que a lava-Jato
começou a repercutir fortemente, a perda é de 32%, menos da metade dos 67% que
chegou a cair no pior momento em 12 meses.
Mas nisso entra, com muita força, a desvalorização do
petróleo: no mesmo período, a Shell caiu 20,6%: a Total, 25,2%, a italiana Eni,
27,5%, a Exxon e a Chevron, as que menos perderam, tiveram queda em torno de
15%.
Como escrevi ontem aqui, os ratos e urubus não tiveram força
para, mesmo tendo causado muito estrago, derrotar a Petrobras.
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