quinta-feira, 11 de junho de 2015

Câmara derruba voto facultativo, única bandeira da mídia que tucanos não defendiam

Autor: Fernando Brito

Caiu, e caiu feio, por 331 a 134 votos, a proposta de tornar facultativo o voto no Brasil.

Não houve esta imensa maioria contrária, claro, movida pelas razões que abaixo defenderei, mas por pragmatismo eleitoral: como disse antes, este Congresso não mudará nada – o próprio financiamento privado já é o que se pratica, hoje –  porque não há autonomia na decisão de quem se beneficiou dos critérios em vigor.

É por isso que, para haver reforma profunda, só mesmo com uma Constituinte exclusiva, sem deputados e com integrantes inelegíveis como deputados, a seguir.


Voto facultativo é dar mais poder a quem tem dinheiro para arregimentar e mobilizar eleitores, desde os que o recebem das corporações até aos “pequenos poderosos” da política do interior que teriam , além disso, maneira de controlar o eleitor pelo comparecimento daqueles que “não deveriam ir votar”, pois não são os seus arrebanhados.

Sem falar dos neocoronéis da religião – e ressalvo que que não estou falando da fé, mas dos que a vendem como política eleitoral.

E para os velhos coronéis da mídia, que acreditam que seu imenso poder de mobilização e até de comoção na sociedade lhes permitiria, com o fim do voto obrigatório, mandar (mais) em seus resultados.

Mesmo tirando estes “fenômenos” da política brasileira e sem apelar para a questão da educação cívica (na qual eu acredito ao ponto de ter cedido meu primeiro ato de  votar para presidente, em  1989, para minha filha de nove anos), é uma tolice falar que voto facultativo é liberdade, a não ser que seja para o dinheiro imperar (mais) nos processos eleitorais.

Quem duvidar, leia o que andou dizendo, faz pouco tempo, o presidente norte-americano, Barack Obama:

“Seria transformador se todo mundo votasse”. “Isso iria contrariar  dinheiro (nas campanhas) mais do que qualquer coisa. Se todo mundo votasse, isso iria mudar completamente o mapa político neste país.”

Espero que baste para mostrar que o voto obrigatório está longe de ser algo “bolivariano”, até porque na Venezuela o voto é facultativo, embora participação do eleitor, lá, aumentou desde o voto obrigatório, dada a mobilização e a polarização permanentes da política no país.

Mas qual foi este milagre capaz de unir os votos do PSDB aos votos do PT e separou o tucanato parlamentar de sua amada mídia?


Uma lei que os impedia de fazer diferente:  a lei da sobrevivência.

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