Por Altamiro Borges
O jornal "Folha de S.Paulo" - o mesmo que ajudou a
criar o clima fascista para o golpe de 1964 e que apoiou os setores mais
truculentos da ditadura militar, com suas torturas e assassinatos - não gostou
das respostas de Dilma Rousseff durante sua visita aos EUA. Perguntada sobre a
midiática Operação Lava-Jato - com suas "delações premiadas" e
premeditadas, seus vazamentos seletivos e suas prisões e métodos ilegais de
obter confissões -, a presidenta foi enfática: "Eu não respeito delator, até
porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar
numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas e garanto a vocês
que resisti bravamente".
Um dia depois, nesta terça-feira (30), durante entrevista
coletiva na Casa Branca e ao lado de Barack Obama, a presidenta voltou a ser
questionada sobre a Operação Lava-Jato e novamente condenou a forma como as
investigações são conduzidas. "Isso é um tanto quanto Idade Média... O
governo brasileiro não tem acesso aos autos. E, estranhamente, há um vazamento
seletivo e alguns têm acesso. Aqueles que são mencionados não têm como se
defender porque não sabem do que são acusados". As respostas desagradaram
a famiglia Frias e seus serviçais. Em editorial nesta quarta-feira, intitulado "Lógica
torturada", a Folha esbraveja:
"Ao dizer que não respeita delator, Dilma demonstra
incoerência, mistura ditadura com democracia e ataca mecanismo processual...
Antipatizar com delatores é uma questão pessoal, mas Dilma Rousseff, na
condição de presidente da República, tem o dever legal de respeitar um
instituto admitido pela legislação brasileira - a norma mais recente sobre o
tema, aliás, foi sancionada pela própria petista em 2013... Embora advogados de
envolvidos na Operação Lava Jato apontem abusos nas prisões, não se tem notícia
de violência física ou supressão do direito de defesa. Não se confundem com
ruptura institucional os eventuais exageros processuais".
Na sua seletividade, a famiglia Frias nem sempre apoia os
'delatores'. O doleiro Alberto Youssef, por exemplo, já dedurou o tucano Aécio
Neves nas suas "delações premiadas" da Lava-Jato, revelando que ele
recebia "mesada" da empresa Furnas. As graves denúncias contra o
cambaleante, porém, não tiveram qualquer destaque nas páginas da Folha. O
próprio Ricardo Pessoa, dono da UCT, que agora é manchete diária na mídia
tucana, também acusou o senador Aloysio Nunes, vice na chapa de Aécio Neves nas
eleições do ano passado. Neste caso, as denúncias do "delator" também
sumiram do jornal.
A Folha somente apoia os "delatores" que servem
aos seus propósitos políticos. Esta seletividade é bem antiga. No período mais
sombrio da ditadura militar, o jornal utilizou depoimentos extraídos na tortura
para atacar os patriotas que lutavam pela volta da democracia no Brasil. A
historiadora Beatriz Kushnir, no imperdível livro "Cães de guarda:
jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988", apresenta vários
documentos que comprovam a postura fascista da famiglia Frias. Ela sempre
seguiu a "lógica dos torturadores" - no passado e no presente.
0 comentários :
Postar um comentário