
Um ato político com representantes de forças progressistas lotou o auditório do Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, na noite da última sexta-feira (29) e deu o pontapé à Frente Nacional Popular e Democrática. Destacou-se no evento as defesas das conquistas dos trabalhadores alcançadas nos últimos 12 anos, o respaldo ao governo Dilma Rousseff e um objetivo claro de unir forças democráticas de forma a evitar que o país ceda a forças conservadoras e retroceda em avanços e conquistas.
A proposta da Frente é reunir os que lutam pela segurança institucional e aprofundamento da democracia, pela governança, pela recuperação da economia brasileira, pela defesa da soberania e das riquezas nacionais, pela defesa dos interesses dos trabalhadores e assalariados em geral, e pelo desenvolvimento econômico com emprego e distribuição de renda.
Saudando os presentes, na abertura do evento, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), Roberto Amaral, destacou a importância do encontro, no quadro atual em vive o país.
Também à mesa, o ex-governador do RS, Tarso Genro, destacou que o país vive um desmonte da esfera política, da legitimidade dos partidos e um forte desgaste e dissolução do projeto democrático conquistado na Constituição de 1988. “Isso está claro na parcialidade da mídia e no cada vez mais evidente fascismo incrustado na cabeça de setores que têm patrocinado cenas de violência contra minorias e políticos. Tais cenas não são acidentes, mas compõem o caldo de uma cultura política de uma direita fascista que ascende no país”.
O ex-governador apontou a necessidade de se costurar um programa democrático, progressista e transformador, inspirado nos ideais de justiça, igualdade e liberdade. Segundo ele, “esses valores estão sendo sucateados em todo mundo. O capital financeiro capturou os Estados e baixou a receita para destruir a esfera da política”.

O deputado Glauber Rocha destacou que ainda há resistência na Câmara Federal, que os representantes progressistas no Congresso Nacional têm enfrentado grandes dificuldades, evidenciando a necessidade de uma frente popular. “Eu poderia citar a reversão que está sendo colocada para votação do Estatuto do Desarmamento ou a agenda já pronta para votação da modificação da demarcação das terras indígenas. Poderia falar que há poucas semanas não votamos a flexibilização da tortura por agentes de Estado porque, por poucos votos, conseguimos impedir aquela votação. Semanalmente temos enfrentado uma agenda que é preocupante para todo o Brasil, e precisamos reagir”.
Dando prosseguimento ao ato, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães ressalta a importância da formação da Frente, sobretudo porque “o governo federal encontra-se na defensiva, sendo levado à adoção de políticas que se rendem aos setores adversários; logo, podendo representar um retrocesso em relação aos avanços obtidos nos últimos governos”. Chama particular atenção para que “devamos evitar que se cometa erros na condução da economia nacional e no papel do Brasil na esfera regional e internacional”.
Com ênfase nas lutas recentes do povo brasileiro pela Democracia e na ‘Carta Constituinte de 1988’, Marcelo Lavenére dirige-se aos presentes. Afirma que a “democracia está em risco no Brasil”; que os meios de comunicação se encontram em poucas mãos, expressando os interesses de grupos poderosos que querem um retrocesso; que as conquistas materiais dos amplos segmentos da sociedade estão sob ameaça, e que só poderá existir garantias reais para a população nas condições de “aprofundamento de uma verdadeira democracia popular”.

Diz Amaral que, “não obstante as críticas ao chamado ‘ajuste econômico’, há que apoiar o governo Dilma Rousseff”. Prossegue: “ e, por essa razão, é fundamental que a Frente formule suas críticas apontando qual seria o caminho a seguir, quais seriam suas proposições no campo político-econômico,” afirmando a necessidade de o movimento social formular sua alternativa ao ‘ajuste’. Lembra que cabe identificar o espírito da Frente como o que surgiu, de forma instintiva, espontânea e necessária naqueles poucos dias que antecederam ao segundo turno das eleições presidenciais; que sim formaram uma unidade popular silenciosa, e entre toda a esquerda e mesmo setores liberais; entre os que quiseram (e conseguiram ) evitar uma derrota para a reação, o conservadorismo e a direita, enfim.
O evento contou com a participação de parlamentares, entidades sindicais e associações de classe, intelectuais e acadêmicos, empresários, cientistas, juristas, jornalistas, advogados, estudantes e representantes da sociedade civil organizada.
Do Portal Vermelho, com informações do blog de Roberto Amaral
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