Auto: Carlos Eduardo
Ninguém tem mais rejeição do que Lula da Silva. Ninguém tem
mais eleitores cativos do que Lula da Silva. Com o impeachment de Dilma
Rousseff cada dia menos iminente, o foco da disputa política volta a ser 2018.
Por Carlos Eduardo, editor assistente do Cafezinho
Em uma pesquisa inédita do Ibope, sobre a disputa
presidencial de 2018, a rejeição ao ex-presidente Lula aumentou de 33% para
55%. Este é o percentual de eleitores 'que não votariam nele de jeito nenhum'.
Conhecendo a mídia que temos, posso afirmar com absoluta
certeza de que irão superestimar os números, com manchetes negativas sobre o
ex-presidente Lula. Mesmo sabendo que uma pesquisa deste gênero, com três anos
de antecedência ao pleito, não significa nada.
No entanto, a mesma pesquisa mostra que a descrença do
cidadão na política não se restringe apenas à figura do ex-presidente Lula.
Todos os possíveis candidatos à presidência em 2018, sem exceção, também viram
seus índices de rejeição subirem para níveis alarmantes: Aécio Neves foi de 42%
para 47%; Marina Silva de 31% para 50%; José Serra de 47% para 54%; enquanto
Geraldo Alckmin e Ciro Gomes compartilham 52% de rejeição, cada.
Conclui-se, portanto, que o ex-presidente pode até perder a
eleição em 2018 - isso se for de fato candidato - mas seus adversários diretos
também não ganham.
Abaixo segue a coluna de José Roberto de Toledo, no Estadão,
com mais detalhes sobre a pesquisa.
***
Lula perde, ninguém ganha
Por José Roberto de Toledo, no Estadão
Ninguém tem mais rejeição do que Lula da Silva. Ninguém tem
mais eleitores cativos do que Lula da Silva. Com o impeachment de Dilma
Rousseff cada dia menos iminente, o foco da disputa política volta a ser 2018.
Pesquisa inédita do Ibope mostra por que o fantasma de um terceiro mandato do
ex-presidente continua assombrando a oposição. As crises política e econômica
estão enfraquecendo o petista, mas ninguém está faturando com isso.
Entre 17 e 21 de outubro, o Ibope pesquisou o potencial de
voto de alguns dos principais personagens políticos que podem vir a disputar a
sucessão de Dilma daqui a três anos. Quando falta tanto tempo assim para a
eleição, esse tipo de sondagem é mais significativo do que medir a simples
intenção de voto - porque mostra não apenas a presença de cada nome na memória
do eleitor, mas também sua força e limites, além do seu desconhecimento.
Pergunta-se, sobre cada um dos potenciais candidatos, qual
frase mais bem descreve o que o eleitor pensa a respeito daquele nome: se
votaria nele com certeza para a Presidência da República, se poderia votar, se
não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para opinar. Há
quem não responda.
Além de Lula, foram testados os nomes de Aécio Neves,
Geraldo Alckmin e José Serra (todos do PSDB), de Marina Silva (Rede) e de Ciro
Gomes (PDT). Um mesmo eleitor pode dizer que votaria com certeza em mais de um
candidato ou que não votaria em nenhum deles. Por isso, as taxas não somam
100%. As questões entraram na pesquisa mensal do Ibope e foram bancadas pelo
instituto.
Eis as principais conclusões:
1) Os que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula
pularam de 33% em maio de 2014 para 55% agora. É a maior rejeição entre todos
os nomes testados. Se a eleição fosse hoje, tornaria muito difícil a vitória do
petista num segundo turno. Porém, isso depende não apenas de como a política e
a Lava Jato vão evoluir até 2018, como contra quem se daria essa eventual
disputa. A decisão de voto no segundo turno é sempre por comparação.
2) Cresceu menos, mas também cresceu a taxa dos que não
votariam de jeito nenhum em Aécio (de 42% para 47% em um ano), em Marina (de
31% para surpreendentes 50% em um ano), e em Serra (de 47% para 54% em dois
anos). Não há comparativo, mas a rejeição a Alckmin e a Ciro é igualmente alta:
52% para ambos.
3) O crescimento generalizado da rejeição mostra que o
desgaste de Lula, embora maior do que o dos demais, não está sendo capitalizado
por ninguém. Ao contrário, uma fatia crescente do eleitorado demonstra desprezo
por todos os políticos, inclusive por aqueles que, como Marina, pretendem
simbolizar renovação. Isso aumenta a incerteza e abre espaço para surpresas em
2018.
4) Apesar de decadente, a taxa de eleitores que dizem que
votariam com certeza em Lula ainda é maior do que a de todos os seus rivais:
23% (era 33% em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio com 15%, seguido
de perto por Marina, com 11%. Serra tem 8%, Alckmin tem 7% e Ciro, 4%. A
despeito do desgaste, o petista ainda tem o maior poder de mobilização entre
todas as lideranças avaliadas. Seria insuficiente para elegê-lo, mas é o
bastante para influir no resultado de qualquer eleição.
5) Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%) empatam
tecnicamente em potencial de voto - a soma de eleitores que votariam neles com
certeza ou poderiam votar. O trio se destaca por seus nomes estarem mais
frescos na memória do eleitor: Aécio e Marina participaram da eleição
presidencial de 2014, e Lula foi presidente duas vezes. Serra e Alckmin têm
potencial equivalente: 32% e 30%, respectivamente. Ciro tem 20%.
6) Ciro é o mais desconhecido, por 24% dos eleitores.
Alckmin também tem taxa alta de desconhecimento: 19%. Aécio (9%), Marina (10%)
e Serra (11%) se equivalem. Só 2% não conhecem Lula.
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