Em um contexto de instabilidade política e econômica no Brasil, os movimentos se encontram numa posição de unificação semelhante aos tempos em que FHC presidia o país. Na manhã desta segunda-feira (22), diversas entidades sindicais, sociais e estudantis, além de lideranças políticas, se reuniram na capital paulista para o encontro da Frente Brasil Popular, criada em setembro de 2015, e que tem como princípio o enfrentamento ao conservadorismo e à política econômica vigente.
Por Laís Gouveia
Roberto Parizotti
Durante a manhã, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), foram convidados a explanarem sobre a conjuntura atual que o país enfrenta. Na parte da tarde ocorreu o encaminhamento do calendário de lutas e a proposta de programa de emergência para saída da crise.
Em sua fala, Jandira afirmou que se agrava a agenda política no Brasil e que se preocupa com o posicionamento do governo, consequência da busca pela governabilidade política. “Em nome da estabilidade política, o preço não pode ser o recuo do projeto que defendemos. O cenário no Senado é grave, pelas pautas de conteúdo neoliberal, como exemplo, a questão da Petrobras, o projeto de regulação das estatais, abrindo um pretexto claro para a privatização dessas empresas, o limite do endividamento do Estado, que engessa qualquer política pública, seja no nível federal nos estados ou municípios, e a autonomia do Banco Central, que congela a política monetária.”
Jandira considera que o momento agora requer a disputa de narrativa. “Não basta detonar o adversário, é importante sim desmoralizá-lo, mas o fundamental é fazer a defesa do nosso projeto de país, o que as lideranças políticas desse campo representam, para não cairmos no erro da opinião pública considerar que todo político é igual, devemos politizar a disputa.”
Corrupção é parte do sistema capitalista
Em sua fala, Tarso Genro rebateu a concepção de que os desvios de dinheiro tiveram início no governo Lula. “Nós sabemos que a corrupção não é de agora, ela está na centralidade do desenvolvimento de acumulação da sociedade capitalista. É fato que o projeto neoliberal não pode ser implementado sem corrupção, pois ela é a dissolução do Estado público.”
Ele denuncia a articulação que está sendo operada entre o Poder Judiciário com a grande mídia para desconstuir o governo. “Isso só pode ser feito através da exceção. Ocupando esses espaços que o Ministério Público e o Poder Judiciário vêm ocupando, tornando um governo legítimo em um governo de exceção, destruindo os pilares da Constituição de 1988, essa é real questão política de fundo.”
Também membro da Frente Brasil Popular, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral considera que o ano de 2016 traz consigo o agravamento da crise. “A direita, desde a campanha presidencial, vem promovendo um verdadeiro ataque ao campo progressista e que agora tem como principal foco destruir a figura política do ex-presidente Lula, o único líder popular-democrático à altura na disputa em 2018 e, dessa forma, devastar uma sociedade plural, em nome de um profundo retrocesso”, conclui.
“Plano Emergencial para Enfrentar a Crise”
Analisando os aspectos econômicos para enfrentar a crise, a Frente elaborou um documento, buscando a saída da recessão em que o país se encontra, sem sangrar a classe trabalhadora.
“A Frente Brasil Popular defende uma política econômica que assegure o desenvolvimento sustentável com distribuição de renda, geração de empregos e inclusão social. Portanto, um programa emergencial para enfrentar a crise deve se voltar para a retomada do crescimento econômico, a defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e o enfrentamento das desigualdades de renda e riqueza no país”, diz um trecho do documento.
Além de lideranças políticas como o deputado federal Lindberg Farias (PT) e o vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, registraram presença na reunião variadas entidades do movimento social, entre elas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), União da Juventude Socialista (UJS), Levante Popular da Juventude, Unegro, União Brasileira de Mulheres (UBM) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos.
100 mil em Brasília
Um ato unificado entre as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que pretende mobilizar 100 mil pessoas, está marcado para o próximo 31 de março. Os movimentos sociais são contrários à Reforma da Previdência, ao Ajuste Fiscal e fazem a defesa do Emprego e dos Direitos dos Trabalhadores, além da conservação do mandato da presidenta democraticamente eleita, Dilma Rousseff.
Do Portal Vermelho
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