segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Carta aberta à presidenta Dilma


Por Bepe Damasco, em seu blog:                           

Primeiro quero me solidarizar com o sofrimento vivido por Vossa Excelência, vítima de uma brutal e infame injustiça. Mas saiba que sua dor é compartilhada por milhões de brasileiros e brasileiras que estão nas ruas e nas redes em defesa de seu mandato presidencial legítimo, conquistado com mais de 54 milhões de votos.

A força e a perseverança inquebrantáveis demonstradas pela senhora vêm servindo como fonte de inspiração para o fortalecimento da consciência cívica e democrática da nossa gente. Cada vez mais pessoas, dentro e fora do país, sabem que um fosso gigantesco separa sua honradez e espírito público dos bandidos e canalhas que lhe apunhalaram e roubaram sua cadeira de presidente, ferindo de morte a soberania popular.

Escrevo mesmo sabendo que os afazeres relacionados à preparação de sua defesa dificilmente lhe permitirão e leitura desse texto. No entanto, a contagem regressiva para a carta ao povo brasileiro que a senhora, na legítima condição de presidente do Brasil, pretende divulgar faz com que, respeitosamente, me sentisse motivado a opinar sobre o conteúdo desse documento.

Presidenta, é evidente que seres humanos da sua têmpera e do seu caráter lutam até o fim e não esmorecem jamais. Quem passou pelo suplício da tortura e o padecimento provocado por uma doença grave como o câncer não hesitaria um segundo em se bater contra as forças poderosas e de padrão moral indigente que se levantaram contra seu mandato constitucional e o regime democrático.

Contudo, presidenta, de agora em diante seu compromisso deve ser apenas com o povo brasileiro, além da defesa da democracia como premissa inegociável da convivência em sociedade.

É duro dizer, mas não há como esperar mais nada de um Senado da República, cuja maioria de seus membros está atolado em negociatas, cúmplices que são da pilhagem das riquezas nacionais, principal motivo da trama sórdida que culminou no golpe de estado.

Faço sinceros votos de que o teor de sua carta deixe de lado o republicanismo ingênuo e suicida que se mostrou tão deletério ao seu governo. Vossa Excelência está diante de uma chance histórica de pôr o dedo na ferida, expondo ao Brasil e ao mundo a degradação golpista de nossas instituições.

Essa e as futuras gerações têm o direito de saber, através da denúncia da própria presidenta, que o consórcio do golpe inclui braços do Estado brasileiro, tais como Congresso Nacional, TCU, Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário, incluindo até o Supremo Federal.

Rogo ainda que não deixe de mencionar o papel criminoso do monopólio da mídia na sabotagem ao seu governo e na articulação golpista, bem como na oposição a todas as boas causas do povo brasileiro, desde sempre.

Certo de que a senhora já assegurou lugar de destaque no panteão nacional dos mártires da democracia, me despeço com um afetuoso abraço.

Com respeito e admiração,

Bepe Damasco

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