Por Paulo Pimenta, no site Vermelho:
Nesta quarta-feira (12) fez exatamente um mês que a Câmara
dos Deputados cassou o mandato de Eduardo Cunha (PMDB), o herói dos “coxinhas”
e auxiliar direto de Michel Temer. Acusado de possuir milhões em contas na
Suíça, ter recebido propina da construção de navios-sonda na Petrobras,
propinas nas obras do Porto Maravilha (RJ), ter chantageado o Grupo Schahin e
ter recebido R$45 milhões para alterar uma Medida Provisória, Cunha deflagrou o
processo de impeachment contra Dilma Rousseff como última tentativa de tentar
se salvar.
Em um dos casos, a Procuradoria-Geral da República chegou a
pedir de Cunha a devolução de R$300 milhões aos cofres públicos como
ressarcimento pelos esquemas de corrupção.
Mesmo diante de tantas acusações, escândalos e utilização do
cargo de Presidente da Câmara para fins pessoais, o Supremo Tribunal Federal
(STF) lavou as mãos e só decidiu pelo seu afastamento no dia 5 de maio, depois
da fatídica sessão do dia 17 de abril, a sessão do golpe.
Por outro lado, mesmo em meio a tantas manobras e recursos
para evitar sua cassação, a Câmara dos Deputados no dia 12 de setembro cassou o
mandato de Cunha.
Sem foro privilegiado, a expectativa era de que Cunha não
escaparia das mãos da Justiça, que se autoproclama a salvadora da pátria nestes
tempos estranhos em que vivemos. Mas não foi o que aconteceu! Cunha vai bem,
obrigado. Chega a ser até curioso, em vez de tormento, a cassação do seu
mandato, somada ao “não vem ao caso da Justiça”, tem lhe rendido tranquilidade.
Os milhões continuam na Suíça, e, como se fosse um célebre escritor, está
confinado preparando seu best-seller. E as panelas em silêncio diante de tantas
provas, mas vibrando a qualquer factoide midiático ou “convicção” contra o
Partido dos Trabalhadores, contra Lula, etc.
Chegamos a acreditar que algo aconteceria com Eduardo Cunha.
Talvez, por algum lapso, é possível que tenhamos nos esquecido de quanto o
Sistema de Justiça no Brasil é seletivo, assim como a mídia.
O combate à corrupção no país é recortado por um traço
ideológico. Que digam Aécios, Serras, Cunhas e Jucás¸ esse último o pai do
“acordão nacional” para tirar a Dilma, botar o Michel Temer e “estancar a
sangria”. Quem não lembra?
O tempo mostra que Romero Jucá sabia muito bem o que dizia.
De fato, o governo Temer conseguiu “estancar a sangria” e proteger os
corruptos. Esse foi o acordo: o golpe em troca da impunidade de Cunha e de
muitos do PMDB e do PSDB.
* Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal pelo PT do
Rio Grande do Sul.
Postado por Altamiro Borges às 13:32
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