REFLEXÃO DA SEMANA N. 80
Por Dedé Rodrigues
Bom dia meus amigos
e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Primeiro do que tudo fora
Temer! Lendo as notícias dos últimos jornais da mídia patronal, do
Portal Vermelho, do Facebook, enfim das redes sociais, fiquei inspirado para escrever
sobre as semelhanças entre os últimos dois golpes que o Brasil sofreu: o golpe
militar de 1964 e o golpe de “novo tipo” contra o governo Dilma. Apesar das
diferenças, as semelhanças são
profundas: destruir a democracia, concentrar renda e limitar as liberdades
políticas. Mas o atual golpe contra Dilma é uma regressão tão grande na área
social, que nem a ditadura militar foi tão profunda nos cortes nessa área como
está sendo o governo Temer.
Conforme uma pesquisa rápida
no Wikipedia, do ponto de vista das liberdades constitucionais, os Atos
Institucionais do golpe de 1964 dava ao governo militar o poder de alterar a
constituição, cassar leis, suspender direitos políticos, demitir, colocar em
disponibilidade ou aposentar compulsoriamente. Estabeleceu eleição indireta
para presidente da República, dissolveu todos os partidos políticos existentes
desde 1945, aumentou o número de ministros do Supremo Tribunal Federal de 11
para 16. Instituiu os poderes de cassar mandatos, intervir em estados e
municípios e, o mais importante, decretar recesso do Congresso e assumir suas
funções legislativas no ínterim. O AI-5 suspendeu o Habeas Corpus para crimes
políticos. Por consequência, jornais oposicionistas ao regime militar foram
censurados, livros e obras "subversivas" foram retiradas de
circulação e vários artistas e intelectuais tiveram que se exilar no
estrangeiro.
Do ponto de vista dos direitos
sociais o governo militar arrochava os salários e reprimia as greves
com toda força. Foram milhares de pessoas perseguidas, torturadas, expulsas do
país ou mortas por que ousavam defender os seus direitos. A dívida
externa aumentou assustadoramente, o regime destruiu a esperança de muitos
brasileiros estancando as reformas de base do governo João Goulart e a ditadura
em seguida perdeu o controle sobre a inflação que cresceu muito e o
povo ficou mais pobre, em detrimento da concentração de renda e da manutenção
das remersas de lucros para o estrangeiro. Nem com o chamado milagre econômico
os trabalhadores tiveram ganhos, “o bolo crescia, mas não era dividido”. A
ditadura militar, com apoio dos Estados Unidos, era também um governo dos
ricos, para os ricos e pelos ricos.
A diferença daquele golpe para o
atual, é que este é um golpe parlamentar, os militares das forças armadas
não estão nas ruas garantindo a sua implementação, mas os abusos da Polícia
Militar e da Polícia Federal são flagrantes, tem semelhanças: a repressão ao
movimento grevista e estudantil, prisões arbitrárias de pessoas de bem etc.
Para aprofundar o golpe, novamente o Supremo Tribunal Federal apoia o golpe, como fez em
1964, ou se acovarda, como disse Lula,
ao deixar o golpe parlamentar e midiático seguir em frente, ou pior ainda, até agora
aprovou 08 medidas que tiram direito dos trabalhadores, como a última dessa
semana que passou: o trabalhador agora poderá ter seu ponto cortado
imediatamente ao entrar de greve, salvo em alguns casos.
Outras medidas políticas e econômicas
vão aprofundando o retrocesso golpista: a PEC 241 foi aprovada em 2º turno na
câmara dos deputados. Outra medida é que os aposentados agora não poderão ter a sua
desaposentação, ou seja continuar trabalhando e poder pedir uma reajuste para a
sua aposentadoria. Na área educacional as disciplinas humanas poderão se tornar
facultativas no Brasil, com a Reforma do Ensino Médio, com o intuito de matar o
senso crítico do aluno. Os professores e alunos poderão ser amordaçados, com o
projeto Escola Sem Partido. Os partidos políticos pequenos, mesmo que sejam
ideológicos e históricos, poderão ser extintos, com uma reforma política
antidemocrática que imporá uma cláusula de barreira que eles não atingirão. O
STF também aprovou que as pessoas podem ser condenadas já em segunda
instância, num país como o Brasil capitalista, no qual as prisões existem, no
geral para pretos, pobres, petistas e prostitutas, imaginem para quem vai
sobrar essa medida! É por aí que o tempo vai se fechando contra os pobres e
contra a democracia no Brasil. O retrocesso na área social é tão grande que nem
os militares ousaram rasgar a CLT, como farão os projetos do negociado sobre o
legislado, a reforma da previdência, a reforma trabalhista e o projeto da
terceirização geral. Há muitas semelhanças entre os dois golpes. Os estudantes
do Brasil estão dando uma lição de resistência para todo mundo, já
ocuparam mais de 1000 escolas. Nenhum patriota que tenha o mínimo de
consciência crítica pode assistir a destruição do futuro dos seus filhos e
desse país de braços cruzados. Precisamos reagir contra o golpe de todas
as formas possíveis. Que tal votar contra a PEC em uma enquete publicada pelo
Senado Federal?
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