Vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras
(Aepet), Fernando Siqueira, desmonta os principais argumentos utilizados contra
a petroleira brasileira; ele lembra que a Petrobras teve lucro bruto de R$ 98,5
bilhões e um lucro líquido de R$ 14 bilhões em 2015; atualmente, a empresa tem
reservas, já descobertas, de cerca de 50 bilhões de barris; a US$ 50 por barril
são US$ 2,5 trilhões; "Os países desenvolvidos têm uma brutal insegurança
energética devido à alta dependência do petróleo e por não possuírem reservas.
Querem as nossas, pagando barato", afirma; leia entrevista de Fernando
Siqueira ao site Porto Gente
28 DE OUTUBRO DE 2016 ÀS 14:59 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM
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Por Solange Santana, do Porto Gente - A defesa da Petrobras
e de seu corpo técnico são os principais objetivos da Associação de Engenheiros
da Petrobras (AEPET) e nesta entrevista o vice-presidente da instituição,
engenheiro Fernando Siqueira, fala das ótimas perspectivas da empresa e
questiona os que querem esvaziá-la. Também explica, didaticamente, a quem
interessa tirar a Petrobras do pré-sal. Uma entrevista para ler, guardar e
multiplicar.
Também nesta entrevista Siqueira comenta o panorama da
indústria petrolífera no mundo e afirma que Brasil, Venezuela, Irã e os Brics
(bloco econômico que reúne Brasil, Rússica, Índica, China e África do Sul) são
hoje alvos da mesma geopolítica dos países desenvolvidos que não possuem
reservas de combustível fóssil.
(Portogente) A Petrobras está quebrada? A situação da
empresa é tão caótica em relação às grandes petrolíferas estrangeiras?
(Fernando Siqueira) -- A Petrobras não está quebrada. Ela
teve, em 2015, um lucro bruto de R$ 98,5 bilhões e um lucro líquido de R$ 14
bilhões. Mas por exigência da auditora americana PWC (raposa no galinheiro),
ela desvalorizou seus ativos em R$ 49 bilhões, gerando um falso rombo de R$ 35
bilhões. As justificativas dessa baixa contábil são as perdas com a queda do
preço do petróleo, mas a Exxon/Mobil, por exemplo, não fez nada disso. A Shell
tem uma dívida igual à da Petrobrás, mas tem reservas cinco vezes menores. A
Petrobrás já descobriu 50 bilhões de barris nos campos de Tupi, Iara, Búzios,
Carcará e outros. A Shell tem reservas de cerca de 10 bilhões de barri, apenas.
A Petrobrás está melhor do que todas as empresas do cartel. Tem mais reservas e
melhor tecnologia do que elas.
(Portogente) Quais as perspectivas do Brasil na produção de
petróleo?
-- São as melhores. O instituto de Geologia da Uerj prevê
que a reserva do pré-sal pode se situar entre 178 e 280 bilhões de barris
(segunda ou terceira do mundo). A Petrobras já descobriu cerca de 50 bilhões de
barris dessas reservas; produz cerca de 1,5 milhão de barris equivalentes por dia
(óleo + gás) no pré-sal. Em 2015, ela ganhou, pela terceira vez - fato inédito
entre as petroleiras mundiais - o prêmio máximo da indústria do petróleo pelo
seu domínio da tecnologia em águas ultra profundas, aplicada no pré-sal; o
custo total de produção no pré-sal, incluindo impostos royalties, amortizações
e outros, caiu de US$ 40 por barril, em 2013, para US$ 20 em maio de 2016. No
mesmo período, o custo de extração (considerando a infraestrutura toda montada
e abstraindo dos custos externos), caiu para US$ 7,50 por barril. Ambos os
custos continuam caindo em face do conhecimento técnico da Petrobras e da
produtividade do pré-sal.
(Portogente) Há semelhanças entre o Brasil e a Venezuela na
geopolítica mundial do petróleo?
-- Podemos dizer que há muitas. A Venezuela tem a maior
reserva do planeta e fica fora da zona conflituosa do Oriente Médio; o Brasil
tem a segunda ou terceira reserva do mundo e fica também na América Latina. Os
países desenvolvidos têm uma brutal insegurança energética devido à alta
dependência do petróleo e por não possuírem reservas. Querem as nossas, pagando
barato.
Na década de 1990, os EUA, junto com a Arábia Saudita,
derrubaram o preço do petróleo para US$ 13 dólares e desmontaram a União
Soviética, cuja renda tem 50% de sua origem no petróleo e estava dominando a
Europa, dependente do seu petróleo e gás. Agora estão repetindo essa
estratégia, pois os BRICS, que têm na Rússia o principal suporte tecnológico,
são uma ameaça à hegemonia americana: criaram um banco de desenvolvimento com
um fundo de US$ 100 bilhões e pretendem criar uma moeda alternativa ao dólar.
Mortal para os EUA. Sadham foi assassinado por isto. A Arábia Saudita, aliada
aos EUA, não reduziu sua produção conforme solicitado pelos parceiros da OPEP.
Em vez disso, aumentou-a em 1 milhão de barris por dia e fez
com que o petróleo caísse de US$ 115 para US$ 45 por barril. Com isto, Rússia,
Venezuela e Irã se enfraqueceram economicamente. Além disto, o pré-sal deixou
de ser o grande trunfo que o Brasil tem para deixar de ser o eterno país do
futuro, segundo uma campanha insidiosa da mídia, que faz o jogo do mercado e
engana os brasileiros. E minou economia da Petrobras que está sendo
desmantelada pelo senhor Pedro Parente através da venda de ativos estratégicos.
Intensa campanha foi deflagrada para mudar o marco
regulatório que resgatava o interesse do País em detrimento da lei de concessão
que dá todo o petróleo para quem produz, gerando "o pior contrato de
concessão do planeta". Aproveitaram as denúncias da lava-jato e passaram a
defender a privatização "para eliminar a corrupção do petrolão. Irônico,
porque as empresas capazes de produzir o pré-sal são as empresas do cartel
internacional, que são as mais corruptas e mais corruptoras do mundo: derrubam,
matam ou prendem lideranças que nacionalizaram petróleo: Mohamed Mossadeg, no
Irã, Enrico Mattei, na Itália; e Jaime Roldós (Equador), são exemplos antigos.
Sadham Hussein e Muamar Kadafi são exemplos recentes dessa ação predatória.
Conforme mostrou o Widileaks, eles atuam dentro do Congresso.
Portanto, Brasil, Venezuela, Irã, Rússia (e os BRICS) são
alvo da mesma estratégia geopolítica dos países hegemônicos petróleo-
dependentes. Derrubaram Dilma Rousseff não pelos seus grandes erros, mas pelos
seus acertos em defesa do Brasil. Estão sabotando o Maduro o tempo todo.
(Portogente) A Petrobrás não tem condições técnicas e
econômicas de explorar o pré-sal?
-- Falácia gigantesca. A Petrobras tem mais condição do que
qualquer outra empresa do setor para produzir o pré-sal, tecnologicamente
falando. Economicamente também a empresa tem condições excepcionais, pois tem
reservas, já descobertas, de cerca de 50 bilhões de barris. A US$ 50 por barril
são US$ 2,5 trilhões. O custo total de produção, como já dito, é de US$ 20 por
barril. Por outro lado, a dívida líquida da empresa é da ordem de US$ 90
bilhões, irrisória diante do grande patrimônio da Companhia. Vale lembrar que a
Shell perfurou o campo de Libra até 3990m e o devolveu à ANP como subcomercial.
A Petrobras perfurou Libra e achou o maior campo do mundo. Se não fosse a
Petrobras, Libra e o pré-sal não teriam sido descobertos.
(Portogente) Por que o governo Temer e seus aliados no
Congresso defendem a entrega das nossas reservas na camada pré-sal?
-- O golpe dado no País, reconhecido até pelo Papa
Francisco, foi para colocar no Governo os vendilhões da Pátria. A maioria deles
envolvidos e citados na Lava-jato. O programa do PMDB "A Ponte para o
futuro(...dos EUA)" prevê isto. O Serra, segundo o Wikileaks, prometeu à
Chevron que, se eleito presidente, derrubaria a Lei de Partilha. Eleito senador
fez o projeto PLS 131, ou 4567 na Câmara, que tira a Petrobras do Pré-sal;
Temer colocou na Petrobras o Pedro Parente, que no período 1999 a 2003, como
presidente do Conselho de Administração da Petrobras, participou de um trabalho
de desmonte da Companhia para desnacionalizar, chegando a mudar o nome para
Petrobrax. Agora está retomando esse projeto, vendendo os ativos mais
estratégicos para consumar o trabalho. Vendeu a malha de gasodutos do Sudeste
(60% do transporte de gás do país), um monopólio natural, para grupo
estrangeiro, Brokfield, formado por fundos especuladores (abutres?)
internacionais. A Petrobras será refém deles.
(Portogente) A quem interessa que seja sancionado o Projeto
de Lei 4567/16, de autoria do então senador José Serra (PSDB), que desobriga a
Petrobras de ser a operadora na exploração do pré-sal, no regime de partilha?
-- Como mencionado acima, aos países hegemônicos que
precisam de petróleo, mormente os EUA, que tem uma reserva de 40 bilhões de
barris, incluindo o Shale gás, e consomem cerca de 10 bilhões por ano. E as
suas empresas (Anglo-americanas) que formam o cartel internacional do petróleo.
Elas já dominaram 90% das reservas mundiais e, hoje, dominam menos de 5%.
Precisam de reservas para sobreviver. Desobrigada, a Petrobras nem participará
dos leilões, pois o Sr. Parente vendeu um dos melhores campos do pré-sal, o
Carcará, já descoberto, com três poços perfurados e comprovado, o que a
Petrobras irá fazer nos novos leilões? Nada. O pré-sal, portanto, irá ficar
livre para as empresas internacionais mais corruptas do planeta. Elas terão
imensos lucros com o pré-sal. Todos os países que entregaram o seu petróleo
para elas estão na miséria – Ângola, Gabão, Nigéria e outros.
(Portogente) O que o senhor acha de uma Petrobras 100%
estatal?
-- Acho que não é bom. Apenas o Governo deve deter a maioria
das ações com direito a voto. A Noruega, que era o segundo país mais pobre da
Europa, descobriu o petróleo no Mar do Norte, criou a Statoil, que tem ações no
mercado, mas o governo tem maioria, ela trabalhou bem e a Noruega passou a ser
o país mais desenvolvido do mundo, o melhor IDH dos últimos cinco anos. Ser
100% estatal gera muita interferência (espúria) dos políticos e do governo.
Nossos governantes estão longe de ter credibilidade para isto. Aliás, estive
estudando a forma de governo do Brasil. E concluí: não é democracia, pois
vivemos as ditaduras da mídia, dos políticos corruptos e da morosidade do
Judiciário. Pesquisando no Wikipedia acabei achando o verdadeiro regime
político: Plutocleptocracia: Governo de corruptos sustentado pelos ricos do
"Mercado". Segundo o americano John Perkins, (ver no Youtube) o
mercado é a corporatocracia americana, ou seja, o complexo
financeiro/petroleiro/armamentista/CIA. Eles, coordenados pelo CFR - Conselho
de Relações Internacionais, estabelecem a (Des)ordem mundial. A favor deles,
claro. Por isto é preciso criar a "Jet Wash" – lava-jato internacional
para inibir as compras de líderes nacionais.
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