sábado, 20 de maio de 2017

REFLEXÃO POLÍTICA DO DIA

Por Altair Freitas

Há anos venho afirmando que o sistema político brasileiro nada mais é do que o exato reflexo do capitalismo brasileiro. Assim como nos dos demais países são dos seus capitalismos. Visto de modo geral, a corrupção que campeia grossa em quase todos os países do mundo é, portanto, o capitalismo aplicado à disputa pelo controle do Estado.
Há anos venho dizendo que no caso da corrupção brasileira, além dela existir desde os tempos da colônia, ganhou escala avassaladora quando o Brasil passou a contar com grandes conglomerados capitalistas - nacionais e estrangeiros - independente de governos e partidos ao longo da história republicana. A corrupção na política é inerente, intrínseca, inseparável do capitalismo porque ele, como sistema, é corrupto na sua essência.

Quer dizer que todos os capitalistas sejam corruptos? De modo algum. Só os que tem grande sucesso! Porque num sistema no qual as empresas disputam à morte mercados consumidores, fontes de matérias-primas, financiamentos privados e estatais, a corrupção é uma das principais armas do capitalismo para acumular riqueza, poder, criar leis, controlar Estados. E quando nada disso funciona adequadamente, usam a guerra, a pilhagem, as ditaduras. Usam a manipulação grosseira das informações e a seletividade nas denúncias para derrubar adversários e promover aliados.
Há anos venho defendendo que o financiamento empresarial para partidos e eleições é um verdadeiro crime contra a democracia, porque a distorce, manipula a vontade popular, desequilibra brutalmente o jogo a favor de determinados partidos e beneficiam enormemente algumas empresas gigantescas. Ainda por cima, esse tipo de financiamento cria nos partidos uma perversa necessidade de se adequarem ao jogo, participar desse tipo de financiamento para não correr o risco do total desaparecimento perante o eleitorado nas épocas eleitorais. Porque eleição virou um grande e milionário negócio. Nos EUA, por exemplo, cada campanha presidencial não sai por menos de UM BILHÃO DE DÓLARES. Aqui, mais modestos, as principais campanhas custam metade dessa fortuna.
As delações da JBS, como quaisquer delações, podem ou não ser totalmente verdadeiras ou parcialmente mentirosas. Sejam lá o que forem, há um dado da realidade fácil de ser vista, obtida e confirmada: ela financiou 28 partidos, 1.29 candidaturas e 16 governadores eleitos. Junte isso com Odebrecht, OAS, Camargo Correia, empresas do ramo de saúde privada, bancos gigantes, etc e temos um panorama amplo de como o capitalismo brasileiro agiu LEGALMENTE, NOS TERMOS DAS LEIS VIGENTES, para manipular o sistema político a seu favor, engolfando partidos de centro, direita e de esquerda.
Na história do capitalismo nacional, todos os grandes períodos de crescimento econômico, expansão de empregos e das forças produtivas (Era Vargas, Anos JK, Milagre Econômico da Ditadura Militar, Era Lula/Dilma) só foram possíveis porque também a propina, o suborno, o superfaturamento, foram instrumentos de impulsionamento dessas expansões. Porque é assim que o capitalismo funciona. Não é uma questão da minha vontade mas de constatação elementar sobre a sua natureza e seus mecanismos de crescimento. Nem vou falar da exploração sobre a força de trabalho, a principal corrupção que o capitalismo comete ao submeter bilhões de pessoas pelo mundo a condições infames de trabalho, longas jornadas e baixos salários. Isso fica para outra ocasião.
Portanto, esperar algum "salvador da pátria", algum "Messias" que nos livre da corrupção, é tão ilusório quanto esperar a vinda do papai-noel no natal. Nós precisamos ter plena consciência de que enquanto existir, o capitalismo corrompe, compra, subverte as coisas e as pessoas em seu benefício. Neste momento, o Brasil precisa de um novo projeto nacional de desenvolvimento capitaneado por forças políticas que tenham a determinação de retomar o rumo do crescimento econômico, INCLUSIVE CONTANDO COM A PRESENÇA DO GRANDE CAPITAL nesse movimento. E, claro, buscar criar novos instrumentos de combate à corrupção e livrar de vez o sistema partidário e eleitoral do nefasto financiamento empresarial. mas sem a ilusão infantil de que ela desaparecerá das nossas vidas por obra da boa vontade de quem quer que seja.

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