Por Dedé Rodrigues
A superfície do planeta terra é composta de 70% de água, no
geral salgada, pois 70% dela está nos oceanos, o que torna o acesso dos pobres
a ela cada vez mais difícil. Só 2,5% da água é doce e, só 0,5%, é própria para o consumo humano. O processo de dessalinização, além de ser muito caro, o que requer a intervenção
do Estado, vai ficando cada vez mais difícil o acesso a bem precioso, principalmente porque
os donos do capital financeiro avançam
na privatização da água, alimentados por
essa ideologia neoliberal do mundo globalizado, estimulada pelos países ricos
com intuito de abocanharem os recurso naturais dos países em desenvolvimento ou
países mais pobres.
Os dados que pesquisei no mundo
são preocupantes: 80% dos países tem o abastecimento e o saneamento básico
insuficientes. 70% dos pobres que são afetados por falta d’água são mulheres,
que até nisso levam desvantagem em relação ao homem. 1 bilhão de pessoas não
tem água doce. 3 bilhões não tem
saneamento básico. 946 milhões de pessoas fazem necessidades fisiológicas no
mato. 6 mil crianças morrem por dia no mundo por causa de água contaminada. Segundo
a ONU em 10 anos 2 em cada 3 pessoas serão afetadas pela falta dela. Mesmo existindo
no mundo 1,4 trilhão de metros cúbicos de água, o uso indiscriminado dela, 10%
para o consumo humano; 23% para a indústria e 67% para a agricultura, junto ao
desperdício, preocupa porque só há essa quantidade dela no planeta terra, porisso há quem diga que ela pode ser a principal da 3ª guerra mundial.
No Brasil nós temos o Aquífero
Guarani, a maior reserva de água doce do mundo, com 1,2 milhões de quilômetros quadrados e quarenta e cinco milhões de metros cúbicos de água. O Brasil tem 67% dela, o restante fica com a Argentina, Paraguai e
Uruguai. Mas o pior é que podemos perdê-la para o capital financeiro, haja
vista o governo ultraliberal de Michel Temer
já ter iniciado conversas com grandes empresas, como a Nestlê, e o Senado Federal está fazendo uma consulta
pública para avançar na sua privatização. Precismos defender a água como um bem
público para não ficarmos sem ela ou não ter que pagar caro para obtê-la.
Em Tabira historicamente
sempre tivemos problemas relacionados com a água. No início do povoado tínhamos que cavar cacimbas ou fazer
poços amazonas para nos abastecer. Com o avanço do povoado para vila e depois para
cidade passamos a ser abastecido pelo açude do Estado, localizado próximo ao Bairro
Vitorino Gomes. Mas na frente, nos anos
80, passamos por uma seca de 3 anos, cuja seca colocou em colapso o nosso abastecimento
pelo Açude do Estado e tivemos que ser abastecido pela Barragem de Brotas de
Afogados da Ingazeira. Nessa época, antes da água chegar as nossas torneiras, a
“cacimba de seu João”, localizada no Sítio Mesquita, abasteceu boa parte da
nossa população, inspirando até um verso do nosso Poeta Dedé Monteiro.
Nesse início do século XXI,
com 05 anos consecutivos de secas, 2012 a 2017, entrou em colapso o abastecimento pela Barragem de Brotas, pois a barragem
secou e, só agora em 2018, é que ela deve sangrar, com as chuvas de março
e abril. Nesse período de seca, graças aos governos Lula e Dilma, foram
concluídas para nós as obras da Adutora do Pajeú e da Transposição do Rio São Francisco
que nos abastece. Mesmo assim, o nosso abastecimento acontece em forma de racionamento, de oito em oito
dias, o que nos força por necessidade, economizar por todos os meios possíveis esse
bem tão precioso.
O uso racional da água é uma necessidade e um dever de todo cidadão do Pajeú e do mundo. Para se ter uma
ideia, um estudo de caso feito pelo técnico Marcos Brito em São José do Egito
detectou que 70% da água do subsolo daquele município não existe mais. Essa deve ser a situação dos demais. Com o desmatamento e
as queimadas nessa região outros técnicos afirmam que daqui a 30 anos não teremos
mais agricultura. A falta de conhecimento técnico do nosso camponês, a
irrigação por escoamento e aspersão desperdiçam muita água, ao contrário da
irrigação por gotejamento, já usada por
uma parte deles. O fato é que aqui ou no mundo, cada um deve fazer a sua parte para
usá-la de forma racional e, por fim, a
água não pode ser privatizada, ela deve ser um bem público e o Estado tem o
dever de garantir o acesso dela a todos os seres vivos.
Fonte: Projeto Brasil
das Águas (Portal da Educação)
0 comentários :
Postar um comentário