domingo, 29 de abril de 2018

OS DESAFIOS PARA INCLUIR TODOS NA ESCOLA E NA SOCIEDADE BRASILEIRA



Por Dedé Rodrigues


Por Dedé Rodrigues

A tarefa das escolas brasileiras  de incluir pessoas com deficiências  tem tido avanços importantes nos últimas anos, mas se depara ainda com grandes desafios  que precisam ser enfrentados e superados para incluir os ditos "normais" também. Há uma enorme distância entre o que a legislação diz e o que  na realidade ocorre, pois vivemos  em um país extremamente excludente, com 6 pessoas tendo mais renda do que 100 milhões, com investimentos insuficientes na educação e nas outras áreas sociais. A nossa história retrata a exclusão na escola e na sociedade de pessoas que não conseguem emprego ou mesmo terminar os estudos no ensino fundamental, médio e superior. Nos deparamos com o desafio de incluir todos o que só será possível com a intervenção do Estado e a ampliação da cidadania e da democracia no Brasil.  


Se a legislação determina que inclusão de pessoas com deficiência era para está superada em 2018,  basta a gente ler  o artigo  3º da constituição de 1988 que diz: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, inciso  IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação e confrontar com a  realidade da escola e da sociedade para tirarmos conclusões de que isto não aconteceu da forma como a nossa constituição prever e a nossa sociedade requer.

Artigo  206, inciso I da Constituição Federal,  diz que todo estudante deve ter “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Quando  fizemos uma rápida investigação na Escola Arnaldo Alves Cavalcanti de Tabira - PE, dos 1281 alunos matriculados em 2017, juntando a matrícula inicial com a suplementar, a escola terminou o ano com 839 aprovados,  conforme dados do próprio sistema. As outras escolas do município têm uma realidade muito diferente dessa em termos de porcentagens? Como se percebe, mesmo tirando os transferidos, ainda temos um número significativo de reprovados e evadidos, apesar das melhoras nos últimos anos, quando  comparados a anos anteriores. 

Hoje à escola tem 24 alunos com deficiências constatadas, tais como: deficiência intelectual; baixa visão; deficiência física (mobilidade reduzida); surdo mudo e esquizofrenia. Para enfrentar essa realidade específica a escola conta com 01 (uma) sala de recurso multifuncional, com uma profissional que faz atendimento e só com 01 (uma) pedagoga especializada em Psicopedagogia, mas fazendo um esforço sobre humano, pois não tem formação para atender tantas necessidades juntas. O número de alunos com deficiências e a quantidade de profissionais que necessita, como psicólogos, psiquiatras, entre outros, é ainda muito grande. Mesmo constatando avanços na inclusão de pessoas com necessidades diversas, comparado o trabalho da escola hoje com o passado, há ainda  necessidade de abertura de concurso público pelo governo do Estado de Pernambuco para diversas especialidades que ainda não têm.  

O  depoimento coletado com a Educadora de Apoio, Claudia Miron, quando questionada,  no dia 11 de abril de 2018, se a escola era inclusiva me chamou atenção.  Segundo ela:
 “A escola ainda não considera-se  em sua totalidade,  inclusiva, é necessário maiores avanços. É certo que ocorrem mudanças significavas neste espaço, porém esse é um trabalho que necessita engajamento, disponibilidade e entrega para quebrar esteriótipos e preconceitos, buscando-se amparo legal no atendimento a pessoa com deficiência de forma humanizada”. Existem 45 professores formados em várias áreas do conhecimento, em breve a escola terá o maior número de mestres em educação em uma escola  no município, o que é muito importante, mas não temos profissionais suficientes para essas necessidades especiais que se apresentam. 

Estendendo essa pesquisa a situação do Brasil os números das matrícolas nos últimos anos confirmam diversos  avanços que se materializam na inclusão do Ensino Fundamental ao Médio, tendo como reforço importante a legislação que disciplina a questão. O próprio  ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 55 diz: “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Esse dispositivo,  serviu para ampliar a presença das crianças e dos adolescentes nas escolas, além de programas sociais como o bolsa familia, mas conforme o Site Politize, Publicado em 09 de novembro de 2017. Última atualização em 21 de dezembro de 2017.

“O Brasil ainda sofre de uma tragédia silenciosa: dos 10,3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que deveriam estar na escola, 2,8 milhões saem todos os anos”. Ou seja,  matriculamos os alunos, mas as escolas no Brasil não estão preparadas para mantê-los.
Em suma, os governos da esfera federal a esfera local no Brasil,  precisam, de acordo com cada particularidade, abrir novos concursos para contratar profissionais especializados para atender os alunos com deficiências ou necessidades especiais.; construir acessibilidade nas escolas que faltam; melhorar a formação continuada dos professores; melhorar ou ou estimular a criação os Planos de Cargos e Carreira dos professores;  aumentar as verbas em 10% do PIB (Produto Interno Bruto para educação) e, muito mais. Em suma as escolas no Brasil precisam,   não só incluir os alunos com deficiências constatadas, mas todo mundo que tem necessidades,  os  outros alunos que ainda são excluídos da educação por vários motivos e, um deles,  é a situação econômica, que normalmente precisa  trabalhar para sobreviver e por isso abandona a escola.

Além disso é necessário contrapor o projeto ultraliberal do governo atual que impôs uma agenda de reformas que reduz os investimentos sociais para pagar juros da dívida pública, o que impede o  aumento dos investimentos no desenvolvimento do país e em todas as áreas sociais, como na educação, por exemplo, com a entrega dos recursos do pré-sal para petroleiras estrangeiras e muitos mais.  Essas reformas vão impactar negativamente na educação, nas condições de trabalho, na formação permanente, na inclusão de pessoas com deficiências, nos salários dos professores etc. Nesse sentido torna-se urgente reverter as reformas de cunho  neoliberal para incluir todos na escola,  o que só será possível com um novo governo que tenha um projeto de desenvolvimento para o país que coloque o Estado como indutor do desenvolvimento, com a ampliação e a radicalização da  democracia na busca da cidadania plena. Esse governo deve ter a educação pública de qualidade social como uma das suas grandes metas.  


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