Publicado 19/11/2020 21:44 | Editado 20/11/2020 09:29
A palavra de ordem
do recente levante antirracista nos Estados Unidos, de onde se espalhou pelo
mundo – Vidas Negras Importam (em inglês, Black Lives
Matter) tem reforçado – ao ser olhada a partir da experiência brasileira –
seu alcance universal. Vidas Negras Importam é algo que
precisa ser dito à polícia e aos racistas brasileiros que, quase diariamente,
repetem, na prática, o contrário – que, para eles, “vidas negras não importam”.
É a conclusão que se impõe ao analisar os dados da edição 2020 do “Atlas da
Violência” , elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea,
onde se vê que, entre 2008 e 2018, houve 628.595 homicídios no Brasil – e a
imensa maioria (mais de 70%) foi de negros, assassinados muitas vezes pela
polícia. Aqueles dados mostram que o risco de um negro, ou uma negra, terem
morte violenta, é incivilizadamente alto – para um negro, é 74%; para uma
negra, é 64,4% maiores do que para um branco ou uma branca. O Atlas registra
que, em 2018, houve uma queda de 12,9% no número de homicídios entre as pessoas
não negras, e, ao contrário, um aumento de 11,5% no número de assassínios de
pessoas negras.
Vidas Negras
Importam é algo a ser vociferado aos Poderes da República no sentido que cumpram a
Constituição e, efetivamente, adotem políticas que promovam a igualdade racial
e combatam o racismo. Exigência que se tornou ainda mais necessária diante de
um governo de extrema-direita, antipovo e racista. Esta reflexão, reiterada, se
impõe neste 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra, quando se
celebra a memória de Zumbi dos Palmares, o grande herói da luta contra a
escravidão, que foi morto em combate pela liberdade no dia 20 de novembro de
1695.
Guardadas as
proporções, a luta é a mesma – pela liberdade, contra o racismo e pela defesa
da vida. A luta pelo reconhecimento e respeito à radical igualdade entre todos
os seres humanos – homens e mulheres, brancos e negros, hétero ou homoafetivos.
Independentemente da cor de sua pele, formato de seu corpo, orientação sexual, origem
nacional – seja qual for a diferença acidental que haja entre os seres humanos,
todos são fundamentalmente iguais, com o mesmo direito à vida decente e
respeitada, igual direito à felicidade, todos semelhantes na múltipla
diversidade da espécie humana, que é uma só e nos abarca a todos.
Este 20 de novembro
ocorre poucos dias depois de uma eleição importante não só pelo revés que
representou aos racistas e à direita mais selvagem e intolerante. Importante
também porque consagrou – lembra Haroldo
Lima em artigo publicado neste portal – os avanços conseguidos
pelos brasileiros no período democrático que antecedeu à ilegalidade do golpe
de estado de 2016, atraso confirmado pela eleição do direitista – e racista –
Jair Bolsonaro.
A eleição deste
domingo (15), diz o TSE, teve, pela primeira vez na história brasileira, a
maioria de 49,9% de candidatos negros, e 47,8% brancos. Entre os mais de 4 mil
prefeitos eleitos no primeiro turno, cerca de 1.700 (32% do total) são negros.
É um recorde, que reafirma o esforço pela igualdade feito nos governos Lula e
Dilma – esforço que, apesar de todas as tentativas contrárias da direita,
permanece e se mantém.
Há o que comemorar
neste 20 de novembro: a luta antirracista, que se fortalece no mundo e no
Brasil, a importância da defesa da vida e da igualdade racial, a luta contra a
violência que sacrifica principalmente vidas negras. As vidas de todos importam
– somos todos iguais, não importa se a cor da pele é clara ou escura. E, para
alcançar essa igualdade de forma efetiva, é preciso prestar atenção – e
respeitá-lo – o direito dos negros à igualdade, pela qual lutou e morreu Zumbi
dos Palmares há 325 anos. Fonte: Portal Vermelho
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