Juntos, a partir de
1º de janeiro de 2021, os partidos de esquerda vão administrar 807 municípios
brasileiros
por André Cintra
Publicado 29/11/2020 23:10 | Editado 29/11/2020 23:52
Manuela e Boulos conquistaram, para a esquerda, resultados muito
superiores aos de 2016
Os partidos do
campo democrático-progressista tiveram votações significativas neste domingo
(29) e ganharam terreno no segundo turno da eleição municipal de 2020. Além de
eleger prefeitos em 12 cidades, a esquerda teve resultados muito superiores aos
de 2016 em centros importantes, com destaque para São Paulo e Porto Alegre
(RS).
Candidata a
vice-presidenta na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, Manuela D’Ávila
(PCdoB) voltou a fazer história neste ano. Manu foi a primeira
comunista a ir ao segundo turno de uma capital no eixo Sul-Sudeste e foi também
o primeiro nome da esquerda no segundo turno de Porto Alegre desde 2008. Com
45,37%dos votos válidos, tornou-se a mulher com melhor desempenho em eleições à
prefeitura porto-alegrense.
Em São Paulo, a
esquerda sofreu um grande revés em 2016, quando Haddad, então prefeito e
candidato à reeleição, teve apenas 16,70% dos votos válidos e perdeu já no
primeiro turno para João Doria (PSDB). Agora, quatro anos depois, Guilherme
Boulos (PSOL) conquistou uma vaga no segundo turno e somou 40,62% dos votos
válidos. Mais de 2,1 milhões de eleitores paulistanos votaram em Boulos neste
domingo.
Na opinião de
Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, este foi “o pleito que
projetou grandes lideranças da esquerda”, independentemente da colocação final.
“Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos saem gigantes dessa disputa”, afirmou
Luciana, no Twitter.
No geral, a
esquerda avançou nas cidades médias e grandes. Em 2016, PT e PSOL, por exemplo,
não elegeram prefeitos nos 95 municípios com mais de 200 mil eleitores –
aqueles que têm dois turnos. Neste domingo, o PSOL conquistou a prefeitura de
Belém, capital do Pará, com a eleição de Edmilson Rodrigues contra o candidato
bolsonarista Delegado Federal Eguchi (Patriota).
O PT segue sem
prefeitos em capitais, mas teve quatro eleitos neste segundo turno. Foram duas
candidaturas bem-sucedidas na região do Grande ABC Paulista (Filippi, em
Diadema, e Marcelo Oliveira, em Mauá). Já em Minas Gerais, duas mulheres
petistas triunfaram (Marília, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de
Fora).
No PDT, a taxa de
vitórias no segundo turno foi de 100%. Seus quatro candidatos que concorreram
neste domingo se sagraram vencedores, incluindo Sergio Vidigal, em Serra (ES),
e Caio Vianna, em Campos dos Goytacazes (RJ). Em Fortaleza (CE), com o apoio
decisivo dos irmão Cid e Ciro Gomes, José Sarto bateu o bolsonarista Capitão
Wagner (Pros). Já em Aracaju (SE), Edvaldo Nogueira, eleito prefeito pelo PCdoB
em 2016, reelegeu-se, desta vez, pelo PDT.
O PSB permanecerá à
frente do Recife (PE), graças à contundente eleição de João Campos, filho do
ex-governador pernambucano Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em 2014. Numa
rara disputa entre as esquerdas – e, mais do que isso, interfamiliar –, João
venceu sua prima Marília Arraes (PT) por 56,27% a 43,73% dos votos válidos.
Outros dois nomes do PSB, João Henrique Caldas, em Maceió (AL), e Rubens
Bomtempo, em Petrópolis (RJ), também venceram em segundo turno.
Juntos, a partir de
1º de janeiro de 2021, os partidos de esquerda vão administrar 807 municípios
brasileiros. Serão 314 prefeituras a cargo do PDT, 253 do PSB, 183 do PT, 46 do
PCdoB, seis da Rede Sustentabilidade e cinco do PSOL. Em número de habitantes,
o PDT vai governar 10.809.958 brasileiros; o PSB, 9.149.488; o PT, 6.045.238; o
PSOL, 1.546.909; o PCdoB, 1.057.269; e a Rede, 101.293.
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