“Não podemos avançar assim”, alertou o pontífice em evento online
Publicado 22/11/2020 08:57
Do Portal Vermelho
Em mensagem que
marcou o encerramento do evento online “Economia de Francisco” neste sábado
(21), o papa Francisco pediu para a juventude mundial fazer um “pacto” por um
novo modelo econômico. Segundo o pontífice, “não podemos avançar assim”.
“Vocês sabem que
precisamos de uma narrativa econômica diferente. Precisamos agir com
responsabilidade pelo fato de que o sistema mundial atual é insustentável, de
diferentes pontos de vista”, afirmou Francisco aos mais de 2 mil participantes,
de 120 países diferentes.
Os jovens
empresários, empreendedores, economistas e estudantes foram desafiados a criar
um sistema que respeite tanto terra, “tão maltratada e despojada”, quanto “os
mais pobres e os mais excluídos”. Na opinião do papa, “não é um ponto de
chegada, mas o pontapé inicial de um processo que somos chamados a viver como
vocação, como cultura e como pacto”, acrescentou.
Francisco disse que
é a hora de ousar, de sujar as mãos, sem atalhos, para transformar a economia
e, consequentemente, toda a sociedade, com um estímulo de modelo de
desenvolvimento, progresso e sustentabilidade nos quais as pessoas – em
especial os excluídos – “sejam protagonistas”. O evento, iniciado na
quinta-feira (19), estava inicialmente marcado para março, na cidade italiana
de Assis, e foi adiado por causa da pandemia do novo coronavírus.
“Não estamos condenados a modelos econômicos que focam seu interesse imediato no lucro como unidade de medida e na busca de políticas públicas semelhantes que ignorem seus próprios custos humanos, sociais e ambientais”, advertiu. O pontífice desafiou todos os jovens a serem uma presença concreta nas “cidades e universidades, no trabalho e nos sindicatos, nas empresas e nos movimentos, nos cargos públicos e privados, com inteligência, empenho e convicção”.
“A gravidade da
situação atual, que a pandemia de Covid trouxe ainda mais à tona, exige uma
consciência responsável de todos os atores sociais, de todos nós, entre os
quais vocês têm um papel primordial”, acrescentou. O líder religioso ainda
defendeu uma “nova cultura”, que exige “mudanças nos estilos de vida, nos
modelos de produção e consumo, nas estruturas consolidadas de poder que
governam as sociedades hoje”.
“A crise social e
econômica, que muitos sofrem na própria carne e que está a hipotecar o presente
e o futuro, com o abandono e a exclusão de tantas crianças e adolescentes e
famílias inteiras, não nos permite privilegiar interesses setoriais em
detrimento do bem comum”, lembrou. Para Francisco, é necessário dar voz aos
pobres e vulneráveis na criação de outras políticas, para que se tornem
“protagonistas das suas vidas e de todo o contexto social”.
“Com a exclusão, a
própria raiz da pertença à sociedade em que se vive é afetada, pois nela não se
está nas favelas, na periferia”, lamentou. “Não, não somos obrigados a
continuar a admitir e a tolerar silenciosamente em nosso comportamento que uns
se sintam mais humanos do que outros, como se tivessem nascido com maiores
direitos”.
Por fim, Jorge
Bergoglio ressaltou que “a política e a economia não devem se submeter as
regras e ao paradigma da eficiência da tecnocracia”. Falando sobre o futuro, o
papa pediu que a política e a economia estejam “decididamente a serviço da
vida, especialmente da vida humana”, gerando um modelo de solidariedade
internacional, que “reconheça e respeite a interdependência entre as nações”.
O Santo Padre ainda
alertou que, após a crise de saúde provocada pela pandemia de Covid-19, a “a
pior reação seria cair ainda mais no consumismo febril e em novas formas de
autoproteção egoísta”. Francisco advertiu: “Não se esqueçam de que de uma crise
nunca se sai igual: saímos melhores ou piores”. Segundo ele, é importante
“deixar crescer o que é bom, aproveitar a oportunidade e nos colocar todos a
serviço do bem comum”.
Com informações da
Ansa Brasil
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