Segundo Dimas
Covas, “a epidemia nunca diminuiu. Desde o começo, só vem aumentando”
Publicado 14/12/2020 14:53
A segunda onda da
pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil, afirmou, em entrevista ao jornal Valor
Econômico, o hematologista Dimas Covas, diretor-presidente do Instituto
Butantan. Segundo Dimas, a nova onda poderá ter uma intensidade mais forte do
que a primeira. Entre outros contratempos, não há previsão para imunizar toda a
população brasileira – o que demandaria algo em torno de 360 milhões de doses.
“Já estamos numa
segunda onda. Seu potencial, pelos números iniciais e pelas projeções em cima
desses números, é tão grande ou até maior que a primeira”, projeta Dimas. “No
momento, não há o que ser feito, é precaução. Temos que relembrar isso às
pessoas que estão dando menos importância ao vírus – parece que se acostumaram
ao vírus.”
De acordo com o
diretor-presidente do Instituto Butantan, “é importante lembrar que a epidemia
nunca diminuiu. Desde o começo, só vem aumentando. Ela migra de país para
outro, aumenta num país e diminuiu noutro – mas, no geral, só se expande”.
A boa notícia é que
o Brasil terá vacina 100% nacional, feita pelo Butantan, o que ajuda a reduzir
custos. Trata-se da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac,
cuja tecnologia está sendo transferida para o instituto. Antes que a gestão
Jair Bolsonaro anunciasse uma medida provisória para requisitar todas as
vacinas, o Butantan defendia que, caso a Anvisa não conceda o registro à
Coronavac, governos locais podem se valer de artigo da Lei 13.979, relacionada
ao Estado de Calamidade Pública.
Dimas lembra que o
efeito dessa lei “foi mencionado pelo governador Flávio Dino [PCdoB-MA], numa
ação no Supremo Tribunal, exatamente reforçando a possibilidade de incorporar a
vacina. Nem é de vacinar – mas incorporar. Mas, para imunizar toda a população
brasileira, o prazo é maior: Covas: “Estamos prevendo para o fim do ano que
vem. Dependemos de uma fábrica do Butantan que está em construção e que estará
pronta em outubro”.
Os estudos estão avançados,
segundo o diretor-presidente do Instituto Butantan. “Na realidade, o que
recebemos da China é a matéria-prima da vacina. Os demais insumos são do
Butantan”, esclarece. “O que compõe toda a vacina, com exceção do princípio
ativo, é do Butantan: frasco, rótulo, processo de formulação, processo de
controle de qualidade, o registro, definição de farmacêutico responsável, a
bula. Tanto que a vacina não é chinesa, é do Butantan.” Com isso, afirma Dimas,
“o Butantan vai fornecer a vacina para toda a América Latina, se houver
demanda”.
Apesar dos temores
– e das fake news –, Dimas enfatiza a confiança no êxito da
vacina brasileira. “Um dos pontos da equação é o risco-benefício. Se você tem
vacinas relativamente seguras, mas eficazes, considerando que você tem um
grande número de pessoas desenvolvendo doença grave e indo a óbito, quando você
coloca esses elementos na equação, você conclui pela utilidade da vacina. Ela é
efetiva no sentido de reduzir mortes e complicações.”
Quanto ao uso de
máscaras, mesmo com o avanço da vacina, “certamente não” de poderá abrir mão,
declara Dimas. “É um mundo tão novo, em que a cada dia você tem informações
novas, notícias a respeito do próprio comportamento do vírus. Essa questão
agora da reinfecção que volta a ser mencionada. Não sabemos todos os detalhes
do vírus e do seu comportamento.”
Com informações do
Valor Econômico
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