Perigoso diversionismo de Bolsonaro
Publicado 22/01/2021 08:20 | Editado 22/01/2021 08:58
Do Editorial do Portal Vermelho
Ilustração: Carvall
O governo
autoritário de Jair Bolsonaro e seus auxiliares mais diretos – como o ministro
da Saúde, Eduardo Pazuello – são os grandes responsáveis pela grave situação
provocada pela pandemia de Covid-19 no país, exemplificada de forma trágica
pelo que acontece na capital do Amazonas, Manaus – onde morrem pacientes pela
falta de oxigênio nos hospitais, decorrente do mal planejamento para enfrentar
a crise.
O empurra daqui e
dali pela paternidade da crise ficou evidente em dias recentes. Na
segunda-feira (18), Bolsonaro, ante a escala da ameaça de abertura de um
processo de impeachment contra ele, usou uma arma que é muito do seu agrado – a
apologia ao golpe militar. Ele defendeu a opinião absurda e
antidemocrática de que cabe aos militares decidirem se há ou não democracia.
Opinião que, em
certa medida, parece não incomodar o Procurador Geral da República, Augusto
Aras que, em nota declinou de sua responsabilidade de julgar altas autoridades
da República – entre elas o presidente – alegando que essa tarefa cabe ao
Legislativo – e alertando que um processo de impeachment contra Bolsonaro
poderia levar a um golpe de Estado.
Aras foi
prontamente contestado por um conjunto de seis sub-procuradores da República,
do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que, também em
nota, lembraram os dispositivos da Constituição Federal que definem a
responsabilidade do PGR, da qual não lhe cabe fugir. A Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR) também divulgou nota nesse sentido
crítico.
A nota dos
procuradores é clara quanto às responsabilidades que precisam ser apuradas. “No
Brasil, além da debilidade da coordenação nacional de ações para enfrentamento
à pandemia, tivemos o comportamento incomum de autoridades, revelado na
divulgação de informações em descompasso com as orientações das instituições de
pesquisa científica, na defesa de tratamentos preventivos sem comprovação
científica, na crítica aos esforços de desenvolvimento de vacinas, com
divulgação de informações duvidosas sobre a sua eficácia, de modo a comprometer
a adesão programa de imunização da população”, diz a nota. O movimento de
Bolsonaro e seus aliados guarda sintonia com a perfil autoritário, direitista
dele e tenta disfarçar uma manobra diversionista que tenta encobrir a
desastrosa e irresponsável atuação de seu governo na pandemia.
Nesta crise, que se
agrava, tem razão o advogado Paulo Machado Guimarães de que é preciso eleger um
presidente da Câmara dos Deputados não alinhado a Bolsonaro na medida em que
cabe a ele a abertura de um eventual processo de impeachment – e também é
imprescindível a necessária mobilização popular sem a qual aquele processo não
anda.
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