Desaprovação ao governo saltou para
45% e é maior nos estratos de maior renda e de maior escolaridade
Publicado
22/01/2021 10:47 | Editado 22/01/2021 17:27
A segunda onda da pandemia de
Covid-19 abalou ainda mais a popularidade de Jair Bolsonaro. Com a crise de
saúde pública em Manaus (AM) e as humilhações sofridas pelo governo na “guerra
da vacina”, o apoio à gestão do presidente caiu de 37% para apenas 26%. É o que
aponta a nova rodada da pesquisa Exame/Ideia, divulgada nesta sexta-feira (22).
Trata-se da maior queda semanal já
registrada na série de sondagens desde o início da era bolsonarista. Agora, a
aprovação a Bolsonaro está num nível similar ao de junho de 2020, um dos
momentos mais críticos da pandemia.
Segundo Maurício Moura, fundador do
Ideia, a crise em Manaus foi decisiva para a mudança da percepção sobre o
governo – mas não foi o único fator. À “dinâmica dos sérios problemas” na
capital do Amazonas, Moura cita mais dois elementos: “A falta de
perspectivas sobre um cronograma de vacinação e o fim do auxílio emergencial
também constituem os principais fatores que levam à queda de popularidade do
presidente”.
A queda acentuada fez com que a
desaprovação ao governo saltasse para 45%. A rejeição a Bolsonaro é maior nos
estratos de maior renda e de maior escolaridade. Entre os que ganham mais de
cinco salários mínimos, 58% não aprovam a gestão do presidente. No grupo dos
que têm ensino superior, 64% rejeitam o governo.
Já em relação à aprovação do
presidente, ela segue maior entre os que moram no Centro-Oeste e os
evangélicos. Enquanto no Centro-Oeste 36% aprovam o governo, nas outras regiões
do Brasil esse índice varia de 22% a 27%. Entre os evangélicos, 38% apoiam o
governo Bolsonaro, ante 20% dos católicos e 23% dos que declaram seguir outra
religião.
A pesquisa também perguntou se a
crise de saúde pública em Manaus – que vive uma deficiência no fornecimento de
oxigênio para os hospitais e um aumento substancial de casos de Covid-19 –
poderia influenciar a avaliação do governo. Para 60% dos entrevistados, o
quadro atual na capital amazonense deve impactar o modo como analisam o
trabalho do presidente. Para outros 22%, não deve fazer diferença
Quando se observa o aspecto regional,
66% dos que moram no Nordeste dizem que a avaliação do governo deve ser
influenciada pela crise em Manaus, enquanto que 57% dos que moram no Sudeste e
no Norte – epicentro da atual crise – compartilham da mesma opinião.
O impacto dos acontecimentos em
Manaus também repercute mais na população de alta escolaridade e renda: 71% dos
que têm ensino superior dizem que a avaliação do governo deverá ser impactada,
assim como 67% das pessoas com rendimentos superiores a cinco salários mínimos
têm a mesma opinião.
“As classes média e alta – que poucas
vezes usam o sistema público de saúde por ter plano particular – está
insatisfeita. As vacinas, a cargo do governo, não chegam e não há, até agora,
uma definição sobre o calendário da campanha de imunização”, diz Moura. “Ao
mesmo tempo, o fim do auxílio é visto negativamente por boa parte da
população.”
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