“Se a esquerda
fragmentar muito corre riscos, um perigo que não pode correr. A candidatura do
Bolsonaro, embora marcada para perder, é forte”, afirmou o governador do
Maranhão em entrevista ao jornal O Globo
por Redação
Publicado 13/02/2021 13:03 | Editado 14/02/2021 12:59
Flávio Dino (Foto: Agência Secap/MA)
Em entrevista ao
jornal O Globo, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu a
necessidade de diálogo e a formação de alianças para derrotar Jair Bolsonaro em
2022. Na conversa, publicada neste sábado (13), Dino afirmou que seria um “erro
monumental” a esquerda ter quatro candidaturas. “Para perder de Bolsonaro, a
gente tem que errar muito”, disse.
Ele acredita que a
atual fragmentação da esquerda e da centro-direita (que ficou nítida nas
eleições do Congresso, com o racha de partidos como DEM e PSDB) ainda vai durar
alguns anos.
“É uma fragmentação
típica de um período em que o velho já morreu e o novo não nasceu. Acho que
essa fragmentação vai continuar por mais uns anos até a gente ter um redesenho
do quadro partidário. Então, tem que aglutinar o que der”, afirmou.
Dino também admitiu
que Bolsonaro é quem tem o projeto mais estruturado para 2022. “A força
gravitacional do Poder Executivo é muito grande e ele hoje tem um projeto mais
nítido. De 2018 para cá, ele perdeu muitos setores sociais, mas conseguiu
manter um núcleo mais cristalizado, fiel, o que coloca a sua candidatura numa
condição muito forte”, declarou.
No entanto,
acredita que se a popularidade de Bolsonaro continuar a sofrer estragos, o
poder atrativo da caneta presidencial diminui. “Ele é um candidato forte,
sólido, mas acho que perde a eleição. Para perder dele, a gente tem que errar
muito. É um candidato que pode ir ao segundo turno, mas perde no segundo turno
porque faz um governo muito frágil”, avaliou.
Para Dino, as
quatro candidaturas de esquerda postas no debate público – ele próprio,
Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) – podem ser um
“ponto de partida”.
“O problema é se
virar ponto de chegada. Se a esquerda fragmentar muito corre riscos, um perigo
que não pode correr. A candidatura do Bolsonaro, embora marcada para perder, é
forte. Provavelmente, vai para o segundo turno. Então, temos que fazer uma
mesa, um seminário, um debate, e tentar aglutinar. Se não der em um nome, em
dois. Mas quatro realmente acho um excesso, um erro monumental”, disse.
Para Dino, o
anúncio precoce da candidatura de Fernando Haddad pelo PT não é a melhor
tática. “A chave da derrota do Bolsonaro em 2022 é atrair setores que foram
lulistas até 2014, depois bolsonaristas, se descolaram e estão hoje numa
posição de centro. Se diz que o candidato é fulano pode criar uma interdição
nesse segmento que vai decidir a eleição. Por isso, colocar o nome na frente
não é uma tática eleitoral que parece ajustada.”
O governador do
Maranhão defendeu, ainda, a necessidade de os partidos de esquerda reciclarem
seus programas para dar conta da nova realidade, com novos segmentos da classe
trabalhadora, como os motoristas e entregadores de aplicativos. “Tem que
modular o programa porque a realidade mudou. O programa de 2022 não pode ser o
mesmo do Lula em 2002”, declarou.
Da Redação do Vermelho
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