O PCdoB chegará ao
seu centenário em 2022, muito vivo e disposto para a grande luta de
transformação social do Brasil e da humanidade
por Marcelino Granja
Publicado 20/02/2021 14:25 | Editado 20/02/2021 18:03
As forças
democráticas e progressistas da Nação estão chamadas a apresentarem com
urgência uma saída para a tragédia nacional que toma conta do país: o Governo
Bolsonaro e o bolsonarismo, projeto político da parte podre do capitalismo, o
capital financeiro, que deliberadamente agravou os efeitos da pandemia do novo
coranavírus e tenta instalar o caos – para implantar um regime de natureza
fascista. Por isso não temos vacina, não temos economia funcionando, não temos
soberania e nem respeito à democracia, à dor do povo e aos seus direitos. Esse é
o projeto de Bolsonaro.
Como sair dessa
situação, sem a derrota do projeto bolsonarista? Como derrotar a
extrema-direita, sem unir o povo contra Bolsonaro? Como unir o povo, que não
seja a partir do reconhecimento de sua diversidade social, étnica, cultural e
política, que torna singular a nossa Nação?
Não é fácil, mas o
desafio está posto novamente. E temos as lições da história a nos ajudar:
sempre que unimos o povo em frentes políticas amplas, representativas de vários
segmentos sociais e culturais, às vezes contraditórios entre si, ganhamos e o
Brasil avançou. Foi assim na longa luta contra a escravatura, nas lutas pela
independência e República e nas lutas do longo período entre 1930 e 1984, pelo
desenvolvimento, pela industrialização e democratização da vida nacional. E foi
assim no recente período do ciclo progressista de Lula-Dilma.
Reconhecemos que as
forças políticas nacionais, refletindo a diversidade da sociedade brasileira,
têm projetos distintos para a Nação. Muitas delas, até do campo da esquerda,
nem concordam com aspectos dessa rápida análise histórico-político aqui
apresentada. Contradições sérias existem no nosso campo, a exemplo de propostas
de política econômica e do sistema político, como quando, com o apoio de forças
da esquerda, se aprovou o fim das coligações!! Isto é, a vedação das alianças,
a alma da própria política, trazendo mais restrições democráticas à união e
representação do povo nos parlamentos. Se somarmos o conjunto das forças
democráticas às do campo liberal, vários dos seus setores apoiaram o golpe do
impeachment da presidente Dilma, sem medir as consequências da instabilidade
que se instalaria e os perigos advindos, que resultaram na vitória da
extrema-direita com Bolsonaro. Muitos deles insistem nas políticas econômicas neoliberais,
que mantêm o país em crise social e política permanente.
Para o PCdoB,
aparentemente é um pouco mais complicado, pois, orientados pela ciência social
marxista e a experiência histórica da formação nacional, defendemos mudanças
profundas na vida econômica e social do país, a partir de um Novo Projeto
Nacional de Desenvolvimento, baseado em reformas estruturais do Estado
(sistemas político, educacional, comunicação, tributário, agrário,
desenvolvimento urbano e social) que o torne forte o suficiente para garantir a
soberania nacional, o desenvolvimento inclusivo e sustentável e a
democratização plena da vida nacional, elevando o status social e político da
classe trabalhadora, abrindo caminho para o estágio superior de
desenvolvimento, o Socialismo.
Mas, qual é estágio
da luta no momento? Estamos numa situação política favorável a discutir os
rumos estratégicos da Nação, ou temos outras urgências, premissas a serem
resolvidas, que abram o espaço para o povo discutir amplamente e com liberdade
os caminhos do desenvolvimento? Não achamos que estamos numa situação de avanço
da democracia e muito menos das forças da mudança social. Ao contrário, vivemos
tempos de regressão, inclusive civilizacional, de perigo de desagregação da
Nação e do advento de regime político e econômico despótico. O desastre do país
é vitória de Bolsonaro e de setores do capital financeiro, e eles ainda tem
forças para levar adiante seus propósitos nefastos.
Assim, o PCdoB
propõem que a questão candente que deva concentrar todas as energias das forças
vivas da Nação, seja a formação de ampla frente política democrática para
barrar Bolsonaro, antes de 2022 ou na eleição de 2022, com base na aliança das
forças de esquerda com as de centro e de centro-direita democráticas. Somente
assim teremos vacinação em massa contra a Covid-19, a extensão do auxílio
emergencial e a manutenção do Estado Democrático de Direito da Constituição de
1988. O PCdoB lutará por essa tática, a nosso ver, a que é capaz de derrotar
Bolsonaro, objetivo maior do momento. A forma política de constituir uma
expressão eleitoral da frente ampla, vai depender de como o conjunto das forças
de esquerda e de centro e centro-direita democrática percebam os perigos que
ameaçam a Nação.
Defendo que façamos
tudo para a derrota de Bolsonaro. Desde apoiar uma candidatura viável logo no
primeiro turno, ou, na impossibilidade disso, termos candidatura própria para
lutar pela unidade da oposição.
Mas a luta por esta
tática deva ser feita desde já, nas lutas cotidianas dos movimentos sociais
pelos direitos do povo, no apoio aos Governadores e Prefeitos pela vacinação em
massa, no apoio ao Parlamento pela extensão do auxílio emergencial, na defesa
das medidas do STF de proteção da democracia.
As alianças não são
concessões, são necessidades da nossa luta, do seu estagio momentâneo, dos
objetivos intermediários ao objetivo maior, o Socialismo. Temos 99 anos nessa
senda. E nessa longa trajetória, já caminhando para o centenário inédito de um
partido no Brasil, a história da República tem a marca desse pensamento
político dos comunistas brasileiros. Esta marca dialética de nosso pensamento
político – unidade ampla do povo nas lutas de cada momento e objetivo
estratégico avançado – está cravada na nossa identidade e na de diversos
segmentos sociais do país. O PCdoB é uma necessidade histórica e a consciência
disso impele os quase 400 mil brasileiros e brasileiras, filiados ao Partido, à
luta pelo nosso lugar político no grande arco-íris da política nacional. Disso
decorre a permanência do PCdoB enquanto tal, com seu Programa e Estatutos
singulares, capazes de absorver parte, como todo partido, da diversidade social
do Brasil.
A luta para afirmar
o PCdoB e seu Programa está diretamente relacionada à luta pela frente ampla
democrática contra Bolsonaro. Nessa luta política e de ideias, não nos
diluiremos na frente ampla, renunciando o combate ao neoliberalismo e ao nosso
projeto estratégico da transição para o Socialismo. E nem nos pautaremos pelas
disputas menores no campo da esquerda, seja pela impaciência de uns em ocupar
açodadamente os espaços perdidos por outros, desconsiderando e, às vezes, até
negando o legado de conquistas em comum alcançadas, e nem também pelo
exclusivismo e hegemonismo de outras. O PCdoB chegará ao seu centenário em 2022,
muito vivo e disposto para a grande luta de transformação social do Brasil e da
humanidade.
Marcelino Granja é
presidente estadual do PCdoB-PE
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