Caso a PEC seja
aprovada em seu texto original os avanços previstos com o Novo Fundeb estarão
ameaçados
por Iago Montalvão, Rozana Barroso
Publicado 25/02/2021 19:45
Ilustração: Site PT
Refletindo sobre o
governo Bolsonaro, desde sua posse até o momento, pensamos que a frase A
crise da educação do Brasil não é uma crise, é um projeto, do sociólogo
Darcy Ribeiro, define o que são esses últimos dois anos.
A educação, o desenvolvimento
social e a própria vida também estão incluídas nessa (falta de) projeto. Basta
avaliar como o presidente tem conduzido o combate à pandemia, a vacinação e a
crise econômica.
A PEC
Emergencial (186/2019), que deverá ser votada nesta semana pelo Congresso
Nacional e que aponta para a extinção do investimento mínimo em saúde e
educação, é um retrocesso imenso caso seja aprovada. Ela revoga trechos do
artigo 212 da Constituição Brasileira que preveem que estados e municípios
devam aplicar 25% da arrecadação em educação básica.
Trata-se de um
projeto nefasto, oportunista, que tentará ganhar apoio popular vinculando-se ao
Programa de Auxílio Emergencial como se os únicos recursos para garantir o
pagamento das parcelas do auxílio fossem possíveis ao retirar da saúde e
educação, áreas que deveriam ter mais investimentos e projetos diante dos
desafios que a pandemia impõe.
Se havia indício de
avanços com a vitória unânime do Fundeb Permanente, aprovado no final do ano
passado, agora sua implementação estará comprometida caso a PEC seja aprovada
em seu texto original.
Mas não é a
situação emergencial do país que faz o governo pensar em cortar investimentos
em áreas essenciais. Basta voltar semanas atrás, logo após a eleição para a
presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, quando circulou a
notícia dos 35 projetos que o presidente Jair Bolsonaro pediu urgência para
aprovação.
Nesses, para os
quais Bolsonaro pediu “foco total”, além da PEC Emergencial, estão aqueles já
aprovados recentemente, a Autonomia do Banco Central (19/2019) e Posse de Armas
(6438/2019), e que representam total desconexão com as necessidades do país. E,
para a educação, a única proposta foi uma “pauta de costumes”, o PL 2401/2019,
que visa regulamentar o ensino doméstico.
Colocar o
chamado homeschooling como prioridade, no centro do debate
sobre a educação, é uma postura que, além de negligente, dada a situação que
atravessamos, é mais uma atitude de puro oportunismo. Aproveitar-se da pandemia
para levar à regularização do ensino domiciliar mostra que a agenda ideológica
e obscurantista do governo segue a todo vapor.
Se os defensores do
Projeto alegam que o homeschooling é uma alternativa de ensino
às escolas públicas, como não relacionar,que os números de investimento do MEC
na educação básica no ano passado tenham sido o menor em uma década, (sendo
ainda 10% menor que em 2019), à estratégia de desmantelamento da educação
pública. Fator que favorece o projeto ganhar força, diante do óbvio
sucateamento por falta de recursos, ainda mais em um período que muitas
adaptações são necessárias.
Os resultados do
descaso são alarmantes: evasão imensa, crianças passando fome por falta de
acesso à merenda e um impacto no aprendizado de milhares de pessoas que levará
anos para ser solucionado.
É urgente barrar o
“Projeto de Destruição” do Governo ou teremos nosso futuro comprometido por
suas propostas.
Fonte: CartaCapital
TAGS
BOLSONARO, EDUCAÇÃO,, PEC
EMERGENCIAL
AUTORES
Estudante de Economia da USP, é presidente da União Nacional dos
Estudantes (UNE)
Presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e
estudante de cursinho popular preparatório para o ENEM
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