Não será fácil para
o Genocida enredar as Forças Armadas em um golpe
por Orlando Silva
Publicado 30/03/2021 22:29 | Editado 30/03/2021 22:33
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/AgBR
Em primeiro lugar,
importa saber que não é possível entender as ações de Bolsonaro com base no
arsenal lógico que costuma nortear decisões políticas. Ele não funciona assim.
Bolsonaro se movimenta sempre pela construção de narrativas. A crise que
engolfa o governo se agravou com custo do descontrole da pandemia e mudou de
qualidade após a carta em que economistas, agentes financeiros e empresários sinalizam
que a situação não pode continuar. Faltaram leitos nos hospitais de elite e a
Faria Lima chiou.
O Congresso
emparedou o governo pela demissão de Ernesto Araújo, um estafermo que
atrapalhou a obtenção de vacinas e o comércio exterior, indispondo o Brasil com
todo o mundo civilizado. Encurralado, a contragosto, Bolsonaro teve que jogá-lo
ao mar. A fragilidade evidente de Bolsonaro começou a pegar mal e parecer
frouxidão para sua base extremada nas redes sociais, que vem a ser o único
sustentáculo que ainda dá ao presidente alguma viabilidade política e
eleitoral. Bateu o desespero, o capetão teve que mostrar as garras.
Então resolveu
fazer uma reforma ministerial cujos pilares são: segurar a caneta do
impeachment, ceder mais espaço ao Centrão; blindar os filhos investigados com o
MJ e fazer uma devassa contra quem não diz amém a tudo o que ele manda. Aí
entra o truco às Forças Armadas. Bolsonaro acha que os militares deveriam
sustentar seus devaneios autoritários. Não é figura de linguagem: ele age em busca
do golpe. Com a demissão do Ministro da Defesa tentou mostrar força e colocar o
zap de uma quartelada na mesa. Não contava que o Alto Comando pediria 6!
A posição do
Ministro Fernando Azevedo de denunciar a pressão pela subalternização das
forças em sua carta de demissão foi a senha. A atitude dos comandantes, que,
solidários, entregaram os postos, mostrou que não será fácil para o Genocida
enredar as Forças Armadas em um golpe. Fechadas as portas dos quartéis, o
governo passou a se movimentar por um projeto de “mobilização nacional” que
daria a Bolsonaro poderes extraordinários, inclusive ascendência sobre
funcionários de estados e municípios – ou seja, as polícias militares.
Fracassou.
Resumo: Animal
acuado, Bolsonaro tentou fuga para frente, mas foi derrotado – ao menos por
ora. Quis mostrar força e transpareceu fraqueza. Está desorientado. Cabe-nos
elevar a vigilância e mobilização em defesa da democracia e unir forças para
derrotar definitivamente o Genocida.
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