Por Dedé Rodrigues
Abaixo segue uma das poesias da minha autoria que norteou a apresentação do projeto.
CORDEL PARA AS LETRAS PRETAS
Pra resgatar tuas glórias
Revendo a literatura,
Publicizando as vitórias.
Me deixa te abraçar,
Me envolver, pesquisar
Pra resgatar tua história.
Vem Solano Trindade
Dizer “tem gente com fome”
Debaixo dos viadutos
Que há dias que não come.
Pessoas abandonadas,
Morrendo pelas calçadas
Sem nem sequer ter um nome.
Chega Francisca Araújo
Lutar por mais igualdade
Nesse Brasil à deriva,
Carente de liberdade.
Vem falar do teu amor
Independente de cor,
Egoísmo e vaidade.
Mostra a nós, negra Odailta,
Teus cabelos cacheados,
Como desenhos bonitos
Frondosos e ondulados.
Mostra teus lindos cabelos,
Mesmo escondendo teus pelos
Noutros lugares guardados.
Vem também Fael Bezerra
Defender os favelados
Que são vítimas das chacinas
Feitas por homens fardados.
Vem resgatar o Quilombo
Representado no tombo
De cada negro tombado.
Vem também Zé de Mariano
Defender teus ideais,
Defender nossos direitos
Como um “militante” faz.
Crava essa fala no peito:
“Pra que tanto preconceito
Se somos todos iguais?”
Vem Inaldete Pinheiro
combater certos doutores,
pessoas sem empatia,
que não sentem “nossas dores”.
Vem dizer aos irmãos
Que muitos falsos cristãos
Pregam ódios ao invés de amores”.
Vem Cristiane Sobral,
Amante da instrução,
Defensora da leitura,
Parceira da educação.
Estimula essa mulher
Que lava prato e colher
A fazer revolução.
Chega mais Dedé Monteiro
Espalha a inspiração
Dos heróis da negritude
Vítimas de toda opressão.
Vem somar com a tua arte
Pra que ela faça parte
Da “nossa libertação.”
Vem dizer pra todo mundo
Que só uma ampla união
Pode arrancar o racismo
Da raiz dessa nação.
Vem ajudar a plantar,
cultivar e conquistar
Uma nova abolição.
Vem dizer para os incautos,
Que defendem o racismo
Que mentes atrofiadas,
Do falso cristianismo
Vão jogando lentamente
O país e sua gente
No mais profundo abismo.
Aparece letras pretas
Sai dos porões do racismo,
Que fere, atrofia e mata,
A exemplo do nazismo.
Emerge com galhardia,
Nada na democracia
Para afogar o fascismo.
Dedé Rodrigues
Tabira, 02\10\2021
E na conclusão segue mais essas três estrofes feitas no dia da apresentação:
Se eu pudesse envolver
Todo o meu corpo discente
No projeto Letras Pretas
Com a alma, corpo e mente,
O racismo se mandava,
E assim a gente acabava
Com o “Aphartheid” da gente.
Então o corpo docente
Tinha cumprido a função
Que a nossa sociedade
Espera da educação.
E a “negrada” festejava,
Pois ela enfim conquistava
A sua libertação.
E por fim as Letras Pretas,
Escondidas, camufladas,
Se tornariam visíveis,
Pois seriam divulgadas.
E as obras desses autores,
Poetas e escritores
Seriam, enfim publicadas.
Dedé Rodrigues,
29 de outubro de 2021
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