sábado, 21 de maio de 2022

A MINHA REPÚBLICA!

 

Por Dedé Rodrigues

Versos declamados para os terceiros anos da EREFEM Arnaldo Alves Cavalcanti 2022. Uma parceria interdisciplinar com professores da  Língua Portuguesa para discorrer sobre a República Velha, período de mudanças na política, na economia, nas sociedade, nas artes e na literatura do Brasil.  

 

Oh! República, minha amada!

És mesmo “coisa do povo” ,

Que está abandonado

Sem poder comprar nem ovo?

Se ao invés do teu amor

Tu me causas tanta dor

Como queres  meu aprouvo?

 

Quando tu apareceste

Suplantando a Monarquia

Prometeste liberdade

E até cidadania,

Mas o direito formal

Nunca tornou-se real

Na nossa democracia.

 

Pois  a tua oligarquia

Forjada no egoísmo

Mandava e desmandava

Usando o clientelismo.

Assim mantinha os currais

E as prisões eleitorais,

grilhões do coronelismo.

 

Mas o que tu esperavas

Depois de tanta opressão?

Que o povo fosse pacato,

Não tivesse reação?

Tiveste que massacrar

A revolta popular

Do povo em rebelião.

 

Tu lembras dos movimentos

No teu poder desgastado

Da Revolta da Vacina

E da Guerra do Contestado?

Teu regime carniceiro

Criou até cangaceiro

Nos rincões do nosso estado.

 

Tu não lembras de Canudos?

Ou   preciso te lembrar?

Daqueles bravos cristãos,

Unidos para lutar?

Um exemplo de irmandade,

Cristãos de fé de verdade,

Heróis do mais alto altar.

 

Pois foi a nossa Canudos

A Epopeia do Sertão,

De bravos como Lucena,

De Pajeú, nosso irmão?  

De Antônio Conselheiro

Líder daqueles roceiros

Que viviam em comunhão.       

 

Queres também que eu te lembres

Dos bandos de cangaceiros,

Que nos Sertões enfrentaram

Os "fardados bandoleiros"?

Naquela época caótica

Olhando por essa ótica

Eles eram justiceiros.  

 

 Mas República por que andas

Fazendo pouco sucesso?

Compras mandatos a ouro,

E entope aquele Congresso 

Com tanta picaretagem,

Que a vida é fazer chantagem

Travando o nosso progresso.

 

Prometestes tudo novo

Naquela última eleição

Livrar o nosso país

De toda corrupção.

Fizeste tudo ao contrário,

Boa parte do Erário

Vai pra o “bolso do centrão”.


Prometeste defender

A nossa grande nação,

Mas és um grande entreguista

Das riquezas deste chão.  

Teu falso patriotismo

Agrega o charlatanismo

De completa enrolação. 


Tu espalhas fake News

E terror na televisão

Com robôs de toda ordem,

Desprovidos da razão.

Por meio do celular

Procuras disseminar

Muita desinformação.

 

Por que ainda alimentas

Um “Congresso com ladrão”,

Formando, lobbys, bancadas

Como aquela do centrão?

Não fizeste tanta crítica

Àquela velha política

Que corrompia nação? 

 

Tem a bancada do boi,

Tem a bancada da bala,

Tem dinheiro “nas cuecas,”

Dinheiro dentro de  mala.

São grupos da burguesia
 
que no afã da mais - valia

Faz do Congresso uma vala.  

 

Queres manter os currais,

Cheio de gado e ladrão

Segando os nossos olheiros,

Que fiscalizam a nação?

Por que não vais a raiz

Pra limpar esse país

Do mar da corrupção?

 

Tu queres voltar no tempo

Com essa gente atrasada

Fazendo  "motociatas"

Com campanha antecipada.

Queres pintar o contexto

Com uma certa cor do “cabresto”

Que prende a nova boiada?

 

Por  que negas  a Ciência

Que tem a luz da razão

E te abraças com as trevas,

Amante da escuridão?

Por que cortas o orçamento

E tiras o alimento

Que nutre a educação?

 

Por que estás brigando tanto

Por um tal de voto impresso

Não sabes que as nossas urnas...

Tem feito um grande sucesso?

Pra desviar a atenção

Da crise dessa nação

Tu não larga esse processo?  

 

Tua briga com o Supremo

Tem uma metodologia

pra desviar a atenção

Da alta da carestia.

No país da inflação

Ganha a especulação

E fracassa a economia.

 

Estou rompendo contigo

Pode me dar o divórcio,

Pois só gente alienada

Se apega a um mau negócio.

Quero romper qualquer laço

Que alimente  embaraço

Na conquista do meu ócio.

 

O país está um caos,

Por  isso eu quero mudança

Quero uma nova República

Que promova a esperança.

Pra que um dia a riqueza

Sirva também à pobreza,

Trazendo muita bonança.

 

Vou remover os mandatos

Que alimentam o centrão.

Vou trocar peça por peça

Dos cargos da União.

Eu quero um novo projeto

No lugar desse dejeto

Que contamina a nação.

 

Eu quero um novo Congresso

Pra legislar no país

Quero sanar todo mal,

E arrancar dele a raiz.  

 Só vou conceder mandato

A quem defender de fato

Que o povo seja feliz.

 

Por Dedé Rodrigues

Em 19 de maio de 2022


 

 


 

 

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